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Entre janeiro e março de 2023 viajamos por 69 dias pelos Andes do Chile e da Argentina. No 60º dia de nossa viagem fizemos uma linda travessia pela área central do Chile, mais precisamente na região de Maule, a 260 km ao sul da capital Santiago.
A travessia iniciou no Parque Nacional Radal Siete Tazas, passando pela Laguna Las Ánimas, águas termais de Azufre, Vulcão Descabezado Grande, Laguna del Caracol, Laguna La Invernada, e terminou na Central Hidrelétrica Los Cipreses. Caminhamos cerca de 106 km, divididos em 7 dias.
Essa travessia também faz parte do Circuito Los Cóndores, da Travesia de Los Volcanes, e da seção 6 da Greater Patagonion Trail. A Greater Pataganion Trail, ou GPT para os íntimos, é um percurso não oficial de quase 5000 km, que começa em Santiago do Chile, atravessa toda a Patagônia, e se estende até às ilhas Tierra del Fuego e Navarino. Para quem nunca ouviu falar e gosta de trilhas de longa distância, recomendo fortemente pesquisar a GPT no site do Wikiexplora. É diversão garantida para muitos verões!
Em breve você também pode ver nossa travessia em nosso canal do YouTube.
Menu do post
- Resumo
- Clima
- Como chegamos
- Relato da travessia
- Observações
- Custos
- Outras trilhas
- Outras fontes
- Valeu
- Nos acompanhe
Resumo da nossa caminhada
- País: Chile
- Região: Maule
- Cidades próximas: Molina, Talca
- Início: Parque Nacional Radal Siete Tazas, setor Parque Inglés
- Fim: Ruta Internacional Pehuenche 115-CH, altura da Central Los Cipreses
- Distância total: 106 km
- Duração: 7 dias
- Altitude mínima: 870 metros (Ruta 115 CH, Los Cipreses)
- Altitude máxima: 3440 metros (quase cume do Vulcão Descabezado Grande)
- Realizado em: início de março de 2023
- Tracklog: Wikiloc
- Previsão do tempo: Windguru, Mountain Forecast
- Atividade vulcânica: Global Volcanism Program
- Mídias: Shorts
Segue abaixo o nosso percurso no mapa. Observe que há uma linha reta no meio da travessia, pois infelizmente tivemos uma falha na gravação de nosso tracklog. De qualquer modo, todo o caminho que seguimos está contemplado no app Maps.Me.
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Clima
A melhor época para visitar qualquer montanha é na época seca, pois obviamente é mais agradável caminhar sem estar molhado, e sem pisar em um solo enlameado. Na época seca provavelmente o céu estará menos encoberto e as chances de apreciar bonitas paisagens são maiores. Além disso o fator vento, principalmente em altas altitudes, deve ser avaliado.
Avaliando os sites Wheater Spark e Worldmeteo, em relação à Talca, uma cidade grande próxima da travessia, observa-se que os meses mais secos são: dezembro, janeiro, fevereiro, e março. Além disso, segundo Wheater Spark, em janeiro o céu está praticamente sem nuvens, o que com certeza proporcionará boas paisagens. Vale observar que sobre umidade, a região é seca praticamente todo o ano.

Em relação aos ventos, Talca tem variações sazonais pequenas ao longo do ano. Em janeiro, o mês mais ventoso, a velocidade dos ventos pode chegar a 10 km/h na cidade. Quando fizemos a travessia em março, sentimos uma ventania mais intensa em alguns passos de montanhas, e próximo do cume do Vulcão Descabezado Grande, a 3440 msnm. De resto, foi bem tranquilo.
A variação de temperatura em Talca, ao longo do ano varia de fresca a morna. Em janeiro, o mês mais quente, a temperatura na cidade chega a 29°C, na montanha estará um pouco menos quente, mas será quente, pois a travessia não tem sombras. E durante o verão, o Sol estará presente em boa parte do dia, pois nessa época do ano os dias são mais longos, podendo a chegar a 14 horas e 33 minutos no dia 22 de dezembro.
Em relação à neve, li relatos que nos meses de primavera e outono os passos de montanhas acima dos 2000 metros de altitude se encontram cobertos de neve, e será mais difícil de visualizar a trilha.
Sendo assim, acredito que os melhores meses para realizar esta caminhada é entre dezembro a março. Vale observar que janeiro é altíssima temporada, e a entrada no Parque Nacional Radas Siete Tazas é controlada e limitada. Portanto o planejamento antecipado é importante.
Nós fizemos a travessia no início de março de 2023. O céu estava azulzinho praticamente todos os dias. A temperatura não estava tão quente, e a caminhada foi agradável. Não encontramos neve durante a caminhada. O único porém, é que as lagunas estavam meio secas. Dava para ver que um bom volume de água já tinha evaporado. Então para apreciar uma boa paisagem lacustre, é melhor ir no meses anteriores. Em contrapartida, não é raro ler relatos de caminhantes sofrendo no calor de janeiro, e também de problemas na trilha devido excesso de neve em dezembro. De qualquer modo, em qualquer mês, certamente as paisagens serão gratificantes
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Como chegamos
No 58° dia de nossa viagem, estávamos na capital do Chile, Santiago, quando compramos pela internet os ingressos para a entrada do Parque Nacional Radal Siete Tazas. No dia seguinte saímos de Santiago às 13 horas, embarcando em um ônibus da empresa Andimar, e desembarcamos às 16h10min na rodoviária da cidade de Molina. Na rodoviária de Molina pegamos um ônibus que vai até o setor Parque Inglés do Parque Nacional Radal Siete Tazas. O ônibus saiu de Molina às 18h30 e chegou no Parque Inglês depois de 2 horas.
Os contatos dos ônibus que saem de Molina e seguem até o Parque Nacional Radal Siete Tazas são:
Buses Radal Siete Tazas
Buses Hernández Siete Tazas
Ao chegarmos no Parque Inglés, encontramos 2 acampamentos ao lado da portaria do parque, o camping Parque Inglés e o camping Rocas Basalticas. Ambos acampamentos eram administrados por empresas privadas, e tinham o mesmo preço. Escolhemos acampar no acampamento Parque Inglés. Antigamente este acampamento era administrado pela Conaf e tinha chuveiro quente. Agora não tem água quente. Também não tem eletricidade e luz. Pagamos 7000 CLP. Pelo menos tinha papel higiênico.
No dia seguinte iniciamos nossa jornada a ser detalhada abaixo.
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Relato da travessia
Fizemos a caminhada em 6 noites e 7 dias, como segue:
- Radal Siete Tazas (1100 msnm) → Colmillo del Diablo (2250 msnm) → El Bolsón (1708 msnm)
- El Bolsón (1708 msnm) → Baños de Azufre (1990 msnm)
- Baños de Azufre (1990 msnm) → Refúgio Blanquillo (1900 msnm)
- Refúgio Blanquillo (1900 msnm) → Volcão Descabezado Grande (3440 msnm) → Refúgio Blanquillo (1900 msnm)
- Refúgio Blanquillo (1900 msnm) → Laguna Turbia (2040 msnm)
- Laguna Turbia (2040 msnm) → Laguna La Invernada (1300 msnm)
- Laguna La Invernada (1300 msnm) → Ruta 115 CH (870 msnm)
Dia 1: Radal Siete Tazas (1100 msnm) → Colmillo del Diablo (2250 msnm) → El Bolsón (1708 msnm)
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
18 km 1100 metros 2250 metros |
Passamos por:
- Parque Nacional Radal Siete Tazas
- Colmillo del Diablo
- Acampamento El Bolsón
Logo que acordamos, fomos ao camping Rocas Basalticas, para pagarmos nossa estadia no camping El Bolsón (7000 CLP), onde ficaríamos naquela noite. O camping El Bolsón fica dentro do Parque Nacional Radal Siete Tazas, mas é administrado por uma empresa privada, a mesma que administra o camping Rocas Basalticas. O pagamento foi realizado na única opção: em dinheiro físico. Então não se esqueça de levar din din a mais.
Pagamos nossa estadia do camping El Bolsón, e fomos para a entrada do Parque Nacional Radal Siete Tazas. Às 9h30min um guarda-parque estava em pé, conferindo o QR Code comprobatório do pagamento de nossas entradas do parque. Ele também conferiu o nosso pagamento para o El Bolsón. Ouvi relatos, que só dá para passar com mochila grande se tiver o ticket do El Bolsón. Também ouvi relatos de pessoas que entraram no parque às 7h30min, antes da chegada do guarda-parque, que chega às 9 horas, e assim não pagaram a entrada.
A trilha até o El Bolsón é muito bem cuidada, super demarcada, e em boa parte arborizada. São 11 km de trilha. Na época que fomos, em março, muitos pontos de água estavam completamente secos. Só encontramos água após 9km de caminhada. Há outras trilhas no caminho, como Malacara, que já conhecemos em nossa viagem de 2017.
A trilha foi em boa parte arborizada, até que a caminhada ficou exposta por volta do meio-dia. Caminhamos em um terreno com pedras e alguns arbustros. Teríamos sombra novamente somente nos últimos dias da travessia.
Às 14 horas, ao chegarmos no camping El Bolsón fizemos nosso check-in. Na prática não havia fiscalização por lá. Há um refúgio para hospedar os responsáveis do local, que chegam por lá a cavalo. Não estávamos na altíssima temporada, e havia vários lugares disponíveis para acampar. Em janeiro aquele lugar deve lotar.

O camping está a 1708 msnm e é bem estruturado. Conta com banheiros, chuveiros frios e pias. De um lado está uma queda d’água, e do outro lado está o Colmillo Del Diablo, uma bonita montanha rochosa. E no meio, estão as barracas e cavalos.

Não sei ao certo qual é a receptividade dos guardas-parques em relação à travessia que iríamos fazer. Não sei se é oficialmente permitido, se é oficialmente proibido, e se poderíamos encontrar restrições. Pelos relatos que li, me parece que não há empecilhos para fazer a travessia. Mas na dúvida decidimos não contar para ninguém nossos planos. Quando o responsável pelo acampamento El Bolsón nos perguntou o que pretendíamos fazer, nos limitamos a informar o plano daquele dia somente, que era subir o Colmillo del Diablo.
O cume do Colmillo Del Diablo estava a 3,5 km de El Bolsón, a 2250 msnm, com um desnível de 540 metros . A trilha é um pouco confusa. Começamos a caminhar às 15h30min, indo para trás da área de camping. Olhando de frente parece que é impossível subir a montanha sem escalar, mas a trilha segue por um terreno rochoso atrás do Colmillo Del Diablo. Subimos até avistarmos o Vulcão Descabezado Grande e o Vulcão Azul, para onde iríamos nos próximos dias.

Quase chegamos no cume. Eram 17h50min, e acho que faltaram uns 200 metros para o ponto mais alto do Colmillo Del Diablo. Mas devido ao cansaço, o dia estar acabando, e às dificuldades no finalzinho (começamos a caminhar em um desfiladeiro), desistimos do cume. Acho que se tivéssemos investigado melhor, talvez teríamos encontrado um caminho menos exposto para alcançar o cume.

Voltamos para área de camping por volta das 19h30min, e deu tempo de tomarmos um banho frio sem muito sofrimento, nas duchas do acampamento.
O pôr do Sol foi bem bonito.
Como não tivemos tempo, não conhecemos a Queda d’água que havia próximo.
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Dia 2: El Bolsón (1708 msnm) → Baños de Azufre (1990 msnm)
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
18 km 1708 metros 2540 metros |
Passamos por:
- Valle del Indio
- Laguna de Las Ánimas
- Portezuelo Las Cruces
- Baños de Azufre
Saímos do acampamento El Bolsón às 9h20min, e fomos em direção à Laguna de Las Ánimas. A partir deste dia só veríamos árvores novamente no final da travessia.
Subimos o morro ao lado do acampamento, passamos pelo Valle del Indio, a 1800 msnm, onde havia alguns pontos de água. O terreno era uma mistura de gramado com solo rochoso e alguns arbustos. Cruzamos com dois arrieiros (cavaleiros) e dois hikers.

Depois do Valle del Indio a paisagem ficou cada vez menos verde e mais rochosa. Começamos a pisar em areia, um terreno que iria nos acompanhar até o penúltimo dia de travessia.

Fomos subindo até chegarmos, às 13 horas, na Laguna de Las Ánimas a 2290 nmsn. Conforme subíamos, a ventania se intensificava. Um pouco antes da Laguna havia uma cruz. Nos contaram que um arrieiro morreu por lá, depois que um cavalo caiu em cima dele. Próximo da cruz vimos uma nascente de água.

A Laguna de Las Ánimas é bem bonita e há um bom espaço para acampar na sua beira. Acampar nessa Laguna no primeiro dia pode ser uma boa opção. Não sei se é legalmente permitido, mas com certeza na prática acampam por lá. Depois vimos que no site Wikiexplora há o seguinte aviso: “no está permitido acampar en la laguna si no se cuenta con la debida autorización escrita del administrador del sector. (Según el Guardaparques es una persona que vive 10 Km más abajo)”

Aproveitamos a Laguna de Las Ánimas para fazer um lanche e coletar água. Depois seguimos sentido leste, por uma trilha traçada na areia pelos cavalos e seus cavaleiros. Não veríamos mais sinalizações na travessia, e apesar da trilha ser bem visível, algumas partes nos deixou com dúvidas. É imprescindível ter um tracklog nas mãos, de preferência mais de um, além do próprio MapsMe.
Saindo da laguna encontramos mais um ponto de água.
A areia dava um contraste interessante na paisagem. Às 15h20min subimos um passo de montanha, a 2540 msnm, que fica quase ao lado do cume do Cerro Las Ánimas. Alguns denominam este passo como Portezuelo las Cruces. Não nos empolgamos em ir até o cume, já que a paisagem não seria muito diferente do que a gente já estava vendo.

Do Passo dava para ver a Laguna Mondaca. Há trilha para chegar nela, e estávamos pensando em passar nesta laguna, mas avaliamos melhor, e desistimos. A subida após a Laguna seria muito inclinada, e depois da imensa duna de areia que subimos, ficamos imaginando que seria muito ruim passar por este trecho.
Descemos o outro lado do Cerro Las Ánimas, e começou a entrar muita areia dentro de nossos tênis. Foi uma experiência chata da travessia, e que nos acompanhou quase até o final. Aliás, depois de dias caminhando na areia, o tênis ficou imprestável, com sua parte interna bem prejudicada.

A vista durante a descida era muito bonita. Descemos a montanha de areia até os Baños de Azufre, em uma longa caminhada.
Passamos por um trecho bem íngrime e estreito. Com neve deve ser bem tenso, inclusive li relatos de pessoas que passaram sufoco por lá quando havia neve.

Da Laguna de Las Ánimas até o final do dia passamos por três pontos de água. O último estava a menos de 1 km dos Baños de Azufre.

A gente deixou para pegar a última água para passarmos a noite na área de acampamento, mas pensando melhor, acho que seria mais fácil ter coletado a água neste último ponto de água que encontramos no caminho.
Chegamos no rio Estero El Volcán a 1990 msnm, onde ficam os Baños de Azufre, quase no pôr do Sol, por volta das 19h30min. Achei o lugar bem impressionante. Ao lado do rio Estero El Volcán, que é frio, uma poderosa fumarola expelia um gás, indicando que teríamos água quente em algum lugar.

Havia uma barraca por lá. Era um francês. Acampamos ao lado do rio a alguns metros da barraca do gringo.
A primeira atividade foi buscar água para beber antes de escurecer. Conversamos com o francês para ver onde ele tinha coletado água, e fizemos o mesmo. Ramon coletou água do rio, acima da fumarola. Foi um pouco fora de mão buscar essa água.
Ao lado da área de acampamento estão as três piscinas termais dos Baños de Azufre. Em uma piscina, a água estava extremamente quente. Era impossível ficar lá dentro. Nas demais piscinas a água estava um pouco fria, considerando que o Sol já estava fraquinho. Havia algumas pedras estrategicamente posicionadas nas beiras das piscinas, onde seria possível regular a entrada de água quente. Mas como não tínhamos tempo, coletamos a água quente, e tomamos banho de garrafa mesmo. Uma delícia. Foi uma ducha extremamente quente.

Na hora de arrumar a barraca, Ramon movimentou uma pedra grande, e começou a sair fumaça do chão. Parecia que estávamos em uma panela de pressão. A barraca do francês estava um pouco distante e com o barulho do rio, nem parecia que tínhamos companhia.

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Dia 3: Baños de Azufre (1990 msnm) → Refúgio Blanquillo (1900 msnm)
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
18 km 1900 metros 2700 metros |
Passamos por:
- Paso El Estadio
- Refúgio Blanquillo
Como no dia anterior chegamos tarde nos Baños de Azufre, aproveitamos a manhã para conhecermos melhor o lugar. O lugar é impressionante. Há fumarolas em vários lugares. Vale a pena se programar para chegar mais cedo, e aproveitar os banhos termais.

Acabamos saindo mais tarde do que gostaríamos, às 9h15min. A partir deste ponto até o final da travessia estaríamos caminhando pela Travesía de Los Volcanes.
A trilha sobe paralela às águas do Estero El Volcán. Tivemos que atravessar um afluente do rio, e foi bem confuso. Demoramos pelo menos preciosos 30 minutos, tentando achar o lugar correto para cruzar o afluente. Procuramos, procuramos, e descobrimos que teríamos que primeiro subir o morro, para depois cruzar a água.
Caminhamos paralelo ao Estero El Volcán por uns 5 km, sempre subindo, com a companhia de algumas vacas. Chegamos a cruzá-lo duas vezes. No primeiro cruzamento usamos os crocs para não molhar os tênis. Naquele lugar dava até para improvisar um acampamento, caso fosse necessário.

Na segunda vez que cruzamos o rio, às 14h30min e a quase 2600 msnm, o rio estava bem ralinho, e nem precisou tirar os tênis. Até este segundo cruzamento do rio, desde os Baños de Azufre, havia vários pontos de água.
Às 15h20min, quando chegamos a 2700 msnm passamos por um passo de montanha, que se não me engano se chama Paso El Estadio. Caminhamos quase 1 km neste passo de montanha, com vista para uma montanha, que acredito ser o Manantial Pelado.

Começamos a descer em direção ao rio Blanquillo, até alcançarmos seu leito, quando aproveitamos para coletar água. Então começamos a caminhar em um nível um pouco acima do rio, mas com uma vista bonita dele lá embaixo. O curioso foi ver marcas de pneu de bicicleta na areia.

Um pouco antes de chegarmos na área de acampamento do dia, tivemos mais um cruzamento de água. Cruzamos um afluente do rio Blanquillo com Crocs. A água bateu um pouco acima do tornozelo, e não estava muito fria.
Fomos até um outro afluente do rio Blanquillo, a Quebrada El Descabezado, que fica aos pés do Vulcão Descabezado Grande.

De um lado da Quebrada El Descabezado está o refúgio Blanquillo, onde encontramos um rebanho de cabras. Deveria ter umas cem cabras. Tudo na base do Vulcão Descabezado Grande.

Conforme nos aproximamos, apareceram dois simpáticos cachorros, que nos conduziram até o seu humano. Era o arrieiro Umberto que trabalhava por lá no verão, cuidando das cabras. A princípio o arrieiro nos pareceu um pouco hostil, já falando que deveríamos ter pedido autorização para o dono da propriedade, seu patrão. Depois falou que deveríamos acampar na próxima laguna, a uns 10 km de lá, o que era inviável para nós, pois estávamos muito cansados, e já estava anoitecendo, eram 20 horas. Depois falou que havia água potável só lá embaixo no vale. Juro que comecei a ficar bem preocupada. Mas conversa vai, conversa vem, aí ele nos mostrou um lugar para pegar água do lado da casinha dele, e falou para acamparmos logo ali na frente. O arrieiro também falou para subirmos o vulcão Descabezado Grande no dia seguinte. Ufa… deu tudo certo. O cara era gente boa.
Perto da área de acampamento havia uma piscina natural com uma água, que um dia foi termal. Não dava nem para falar que a água era morna, mas com certeza era menos fria que a água do rio. Mas deu para tomar banho.
Às 20h20, quase anoitecendo, começamos a montar nossa barraca do outro lado da Quebrada. Durante a noite, um ratinho veio nos visitar e ficou “brincando” com nosso lixo. Atrapalhou nosso sono.
Vale comentar que desde a portaria do Parque Inglés do Parque Nacional Radal Siete Tazas até este ponto, caminhamos pelo Circuito Los Cóndores.
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Dia 4: Refúgio Blanquillo (1900 msnm) → Vulcão Descabezado Grande (3440 msnm) → Refúgio Blanquillo (1900 msnm)
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
13 km 1900 metros 3440 metros |
Passamos por:
- Vulcão Descabezado Grande
Acordamos, não muito cedo, e fomos subir o Descabezado Grande. Seu cume está a 3953 msnm. Carregamos toda a água necessária para o dia. O arrieiro nos viu e já gritou lá do outro lado, avisando que estávamos saindo tarde. Fomos até ele, explicamos que iríamos até onde desse. Também deixamos uma mochila com nossas comidas com ele, para que o rato não fizesse a festa durante nossa ausência, pois nossa barraca ficaria onde estava.
Começamos a caminhar tardiamente às 8h50. O ideal é subir o mais cedo possível para evitar a ventania, que vai piorando conforme o andar do dia. Primeiro passamos por um campo onde os cabritos estavam pastando. Depois a subida foi ficando cada vez mais inclinada.

Fomos subindo até que a subida ficou mega inclinada e muito escorregadia. O solo arenoso estava bem chato. E conforme subíamos e as horas íam passando, a ventania ía piorando. Como o vulcão fica em alta altitude, o frio também não estava ajudando. Para piorar, esqueci minhas luvas na barraca.
Às 14 horas, quando faltavam uns 860 metros para o cume, a inclinação estava muito difícil e acabamos desistindo do cume. Estávamos a 3440 msnm, e ainda faltavam subir uns 510 metros de altitude. O sofrimento estava maior que a diversão.

Lá de cima tivemos uma boa vista do vulcão vizinho, o Vulcão Azul – Quizapu, e de uma cratera que acho que era a cratera Los Quillayes. A paisagem em si era tudo muito parecida com o que a gente já estava vendo. Tudo no tom areia. Mas sem dúvidas, tudo muito bonito.

Descemos do vulcão Descabezado Grande, e chegamos no acampamento às 17h15min. Peguei minha mochila com comida, tomamos banho, e lavamos roupa. No final do dia chegou um casal francês, eles montaram a barraca e foram conversar com o arrieiro. No dia seguinte iriam subir o vulcão.
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Dia 5: Refúgio Blanquillo (1900 msnm) → Laguna Turbia (2040 msnm)
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
13 km 1850 metros 2090 metros |
Passamos por:
- Laguna del Caracol
- Laguna Turbia
Antes do amanhecer ouvi o movimento do casal francês. Eles foram tentar o cume do Volcán Descabezado Grande.
Acordamos, e quando estávamos arrumando nossas coisas o arrieiro nos chamou. Ele preparou um caldo de cabrito, e chá para nós. Ficamos um bom tempo conversando com ele. Tempo suficiente para a francesa retornar do vulcão. Assim como nós, ela desistiu do cume. Acho que ela chegou no mesmo ponto que nós. Porém ela saiu às 4 horas da madrugada. Seu parceiro continuou na montanha para tentar o cume. Quando fomos embora, às 11h30min, ele ainda não havia retornado.
Antes de sairmos demos para o Umberto 5000 CLP. Fiquei com medo dele ficar ofendido, mas queríamos dar algo para ele. Como não tínhamos presente, demos dinheiro mesmo. No final ele aceitou a grana de boa. Deu um sorriso, pegou o dinheiro e imediatamente colocou no bolso.

A partir deste ponto não caminharíamos mais no Circuito Los Cóndores. O Circuito Los Cóndores segue para oeste, em direção à Reserva Nacional Altos de Lircay. Nós seguimos para o sul, pela Travesía de Los Volcanes, sentido Laguna La Invernada.
Como saímos tarde, logicamente decidimos caminhar um pouco menos. Seguimos subindo, e passamos por um lugar com grandes rochas. Eram grandes pedras no solo arenoso, provavelmente um escorial de lava. Bonito e diferente.

Descemos um pouco e passamos por um riozinho, que tivemos que cruzar com Crocs. Este seria o ponto mais baixo do dia.
Subimos novamente e após 5 km de caminhada chegamos no ponto mais alto do dia, a 2090 msnm.
Às 15h15min chegamos na bela Laguna del Caracol a 2030 msnm. Ao lado da Laguna del Caracol dava para ver o vulcão do Cerro Azul, que tem na verdade tons vermelhos.

Na ponta norte da laguna havia uma área beira água que daria para acampar. Me pareceu o melhor lugar para acampar por lá.
Caminhamos por uma trilha que margeia a laguna em um nível um pouco acima da água. Seguimos por uns 3 km ao lado da laguna, ou pelo menos deveriam ser 3 km. Como estávamos em março, boa parte da água havia evaporado.

Quando a trilha passou bem perto da laguna, aproveitamos para coletarmos água, comemos um lanche, e apreciamos um lindo visual, com vista para os vulcões Azul e Descabezado Grande. Este último só apareceu conforme seguimos para o Sul.

Depois da Laguna del Caracol caminhamos mais uns 2 km até a Laguna Turbia. No caminho, passamos pelo rio que sai da Laguna Del Caracol, onde havia alguns peixinhos, e uma bela vista do Vulcão Azul ao fundo.

Chegamos no Laguna Turbia às 18 horas. Ao seu lado está a cratera Los Quillayes, onde subimos para dar uma olhada. Infelizmente o dia estava acabando e tinha muita sombra na cratera.

Ao lado leste da Laguna Turbia está o Vulcão Azul. Foi um bonito lugar para acampar. Montamos acampamento por volta das 18h40min. A laguna estava meio seca, meio cheia. Acampamos em um lugar onde deveria ter água no início do verão. Em março, água começava a ficar bem escassa.

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Dia 6: Laguna Turbia (2040 msnm) → Laguna La Invernada (1300 msnm)
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
15 km 1300 metros 2530 metros |
Passamos por:
- Passo Hornitos
- Laguna Hornitos
- Laguna La Invernada
Esse foi o último dia de trilha, e penúltimo dia de caminhada.
Logo cedo a Laguna Turbia estava um bonito espelho d’água.

Sem pressa, começamos a caminhar tarde, por volta das 10h15min.

Logo subimos o ponto mais alto do dia, onde chegamos às 12h30min. Pelo que pesquisei, estávamos no Paso Hornitos. A vista norte, olhando para trás, deste passo é lindíssima. Talvez a vista mais bonita da travessia. Dá para ver a Laguna Turbia, as crateras, o rio se formando desde a Laguna Del Caracol, e o vulcão Azul. Em janeiro deve ser mais bonito ainda, pois as águas da Laguna del Caracol devem estar mais volumosas. Muito lindo.

No passo Hornitos ventava muito, mas foi só dar mais alguns passos que o vento cessou totalmente. Foi bem curioso.
No lado sul do Paso Hornitos vimos a Laguna Hornitos e o vulcão Hornitos. Vimos somente um tiquinho da laguna, pois ela estava quase que totalmente seca.

Durante a descida até a Laguna Hornitos passamos por alguns trechos sem trilha visível. Aproveitamos um riozinho para comermos algo e coletar água. Inclusive daria para acampar por lá.
Fomos até a Laguna Hornitos, onde chegamos às 16h20min. Coletamos água para beber, mas estava tão ruim que deixamos a água na garrafa como reserva, para ser usada somente em caso de emergência, o que acabou não sendo necessário. No lado sul da laguna há alguns lugares para acampar.

Passamos pelo último passo de montanha, que estava bem perto da Laguna Hornitos.

Conforme descíamos árvores íam aparecendo. Voltamos a ter sombra depois de dias expostos ao Sol. A última sombra que tivemos foi no primeiro dia de caminhada.
Logo avistamos uma rua e algumas casinhas. Chegamos na civilização. Alcançamos a rua de rípio, e as instalações da Hidrelétrica Cipreses. Porém como o rio Cipreses estava totalmente seco, a hidrelétrica não estava funcionando, e nenhum trabalhador estava por lá.
Viramos à esquerda na rua, sentido norte, e por volta das 19 horas chegamos na Laguna La Invernada, que também estava bem seca. Estava tudo tão seco que não havia vestígios do rio que sai da laguna. Zero de água. Água somente na laguna mesmo, que é gigante.

Nós acampamos ao lado da rua de rípio, em um bosque. Deu para tomar banho de garrafinha protegidos por uma parede de uma casinha. Estava ventando bastante.
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Dia 7: Laguna La Invernada (1300 msnm) → Los Cipreses → Ruta 115 CH (870 msnm)
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
12,5 km 1300 metros 870 metros |
Passamos por:
- Central Los Cipreses
No útimo dia de travessia iniciamos a caminhada às 9h15min. Foi um dia de descida pela rua de rípio, ao lado de um leito de rio seco e árvores. Conforme descemos, começamos a ver pessoas, e a água começou a aparecer em alguns riachos que cruzamos.

Depois de 10 km de caminhada chegamos no povoado Los Cipreses. Passamos pelo povoado, e descemos até a portaria da hidrelétrica. O porteiro foi extremamente simpático, nos ofereceu água, anotou nosso nome e conversou um pouco.
Fomos até o ponto de ônibus da Ruta 115 CH, tentar uma carona. Eram 13 horas. Há um ônibus que passa por lá somente uma vez ao dia, acho que umas 7 horas da manhã. Então a única alternativa para chegarmos em alguma cidade naquele dia seria conseguirmos uma carona. Esperamos menos de 1 hora, e um carro passou por lá. Ele nos levou até a cidade Talca. Finalizando nossa belíssima travessia pelo Vulcão Descabezado Grande.
Vale comentar que outras opções para ir embora seriam:
– acampar ao lado da portaria (pela simpatia do porteiro, com certeza esta seria uma opção), e pegar o busão no dia seguinte de manhã, ou
– tentar carona até o próximo ponto de ônibus, que se não me engano é no povoado Colorado, onde há saídas mais frequentes de ônibus para Talca.
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Observações
- É necessário comprar a entrada do Parque Nacional Radal Siete Tazas com antecedência pelo site. A entrada é controlada e limitada. Se você for em alta temporada, principalmente no mês de janeiro, poderá ter mais dificuldade de efetuar a compra de um dia para outro.
- Li relatos de pessoas que não conseguiram comprar o ingresso, e passaram pela portaria do parque antes da chegada do guarda-parque, bem cedo.
- O guarda-parque só deixa passar pessoas com mochilão se tiverem o ticket para acampar em El Bolsón. Não sei se é possível comprar o ticket do acampamento El Bolsón com antecedência. Li relatos de um rapaz que não tinha o ticket do acampamento, então ele “jogou” seu mochilão pela cerca, passou na portaria sem o mochilão, e depois pegou sua mochila e seguiu parque adentro.
- Os acampamentos em frente do Parque Nacional Radal Siete Tazas, e o acampamento El Bolsón, só aceitaram dinheiro físico.
- Como a maior parte da caminhada se dá em terreno arenoso, acaba entrando muita areia nos tênis. Usar uma caneleira para impedir a entrada de areia, pode tornar a caminhada mais agradável.
- Na base do Vulcão Descabezado Grande havia um refúgio ocupado por um arrieiro. O arrieiro passa o verão por lá cuidando do rebanho de cabras. Teoricamente só é permitido acampar na base do vulcão Descabezado Grande, quem tiver autorização do proprietário daquelas terras. Eu tentei pedir a autorização, enviando uma mensagem por WhatsApp, mas fui ignorada. Desse modo nem vou compartilhar o número que eu tenho, pois foi inútil. Assim como nós, todas as poucas pessoas que conversamos na trilha, não tinha a tal autorização. E na prática, tudo vai depender da interação com o arrieiro.
- Há outras opções para se chegar na base do Vulcão Descabezado Grande, como o Circuito Los Condores e a Travessia de los Volcanes.
- Para subir ao cume do Vulcão Descabezado Grande é importante começar a caminhada de madrugada. Depois das 10 horas da manhã, começa uma forte ventania no topo.
- Leia as informações sobre a Greater Pataganion Trail section 6 no site do Wikiexplora. Sempre há relatos atualizados desta trilha.
- Em boa parte da caminhada a trilha estava bem visível, porém não há quase nenhuma sinalização, principalmente fora dos limites do Parque Nacional. Teve até alguns trechos que ficamos confusos. Portanto é imprescindível ter um tracklog em mãos. O ideal é ter pelo menos 3 tracklogs de pessoas diferentes. Caso encontre um terreno duvidoso, é melhor seguir onde a maioria foi. Nós baixamos vários tracklogs, e também usamos a trilha mapeada pelo MapsMe.
- Caso queira se aventurar nesse destino, te desejo boa sorte, ou bons ventos como estão dizendo por aí ultimamente. Lembrando que cada um tem que se auto-avaliar para entender se tem condições físicas, psicológicas e técnicas para se enfiar na natureza. O que é fácil e divertido para alguns, pode ser um grande desafio e chato para outros.
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Custos
Seguem alguns custos em pesos chilenos (CLP) e equivalentes em reais (BRL), conforme câmbio local e preço da época (março de 2023):
- Comida para trilha, mercado em Santiago, total para 7 dias de trilha por pessoa: $CLP 44.950 ($BRL 300/7 dias – $BRL 43/dia)
- Ônibus, de Santiago a Molina, empresa Andimar, individual: $CLP 9.526 ($BRL 62)
- Ônibus, de Molina ao Parque Nacional Radal Siete Tazas, individual: $CLP 4.000 ($BRL 28)
- Ticket entrada Parque Nacional Radal Siete Tazas, individual, preço da temporada de 2023/24 (infelizmente não anotei quanto paguei em março de 2023): $USD 10 ($BRL 50)
- Camping Parque Inglés, início da travessia, pernoite individual: $CLP 7.000 ($BRL 49)
- Camping El Bolsón, no Parque Nacional Radal Siete Tazas, pernoite individual: $CLP 7.000 ($BRL 49)
Cotação comercial em 01/03/2023:
$USD 1,00 = $BRL 5,19 = $CLP 865,16
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Outras trilhas
Tivemos a oportunidade de explorarmos um pouco mais da Greater Pataganion Trail, e aproveito para compartilhá-la com você. Abaixo os links de outros trechos de algumas partes e/ou acessos que percorremos da GPT:
- GPT08 – Volcan Chillan
- GPT14 – Volcan Sollipulli
- GPT15 – Curarrehue
- GPT16 – Volcan Quetrupillan
- GPT17H – Liquine
- GPT19 – Volcan Puyehue
- GPT21 – Lago Todos Los Santos
- GPT22 – Cochamo
- GPT23 – PN Lago Puelo
- GPT24H – PN Los Alerces Tierra
- GPT25H – Aldea Escolar
- GPT33H – Torres de Avellano
- GPT35 – Parque Patagonia
- GPT36H – Ruta De Los Pioneros
- GPT37P – Lago O’Higgins
- GPT39 – Monte Fitz Roy
- GPT45 – Torres Del Paine
- GPT50 – Cabo Froward
- GPT69 – Ushuaia
- GPT67 – Dientes de Navarino
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Outras fontes
Está fazendo uma pesquisa para sua viagem? Sempre é bom ler mais de um website. Deixo abaixo alguns links que encontrei sobre a região desta travessia.
- Site oficial do Parque Nacional Radal Siete Tazas
- Site para compra de ingresso dos parques nacionais chilenos
- Global Volcanism Program
- Wikiexplora – Travesia de Los Volcanes
- Wikiexplora – Circuito Los Cóndores
- Wikiexplora – Greater Pataganion Trail section 6
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