América do Sul, Argentina, Chile, Chubut, Lagos

PASO INTERNACIONAL RIO PUELO – travessia do Chile à Argentina na trilha

A passagem fronteiriça Rio Puelo, entre Chile e Argentina, pode ser feita em embarcações fluviais ou a pé por uma trilha.

A cidade chilena mais próxima é a pequena Llanada Grande, e a cidade argentina mais próxima é Lago Puelo.

Nossa última pernada foi em Cochamó, próximo de Llanada Grande no Chile, e decidimos cruzar esta fronteira a pé.

Resumo da caminhada

  • Países: Chile e Argentina
  • Distância das capitais: Santiago (1070 km), Buenos Aires (1770 km)
  • Início: Llanada Grande, Chile
  • Fim: Lago Puelo, Argentina
  • Distância total: 56 km
  • Duração: 3 a 4 dias
  • Pontos de água: vários
  • Subida acumulada: 1513 metros
  • Descida acumulada: 1483 metros
  • Altitude máxima: 413 metros
  • Mapa da trilhaWikiloc
  • Previsão do tempo: Windguru
  • Período do trekking: meados de novembro de 2017
  • Dificuldade: Moderada. Não recomendada para iniciantes e é necessário bom condicionamento físico.

Como chegamos

Saímos de Puerto Varas, e pegamos o único ônibus que vai ao lago Tagua Tagua, onde há uma balsa para cruzá-lo. O ônibus sai de Puerto Montt às 7h45 e chegou em Puerto Varas às 8h30.

O lago Tagua Tagua é o ponto final desta linha de ônibus. São 3h45min de viagem. A chegada do ônibus é sincronizada com a balsa. Ele espera os próximos passageiros desembarcarem da balsa, para voltar à Puerto Montt.

balsa do lago Tagua Tagua

A balsa percorre o lago Tagua Tagua em 50 minutos. E ao desembarcarmos há um ônibus nos aguardando. Este ônibus vai até o Segundo Corral.

Antes de chegar no Segundo Corral, depois de 1h10min, o ônibus faz uma parada em frente a um mercado em Llanada Grande, onde se pode comprar comida.

Pedimos para o motorista nos deixar na ponte Mapocho, a 7 km da Llanada Grande, no camping Mapocho Bajo.

Roteiro

No total foram 4 noites acampando, relatados com detalhes abaixo.

  • 1 noite no Camping Mapocho Bajo
  • 2 noites na casa de Vitor, sendo 1 dia de chuva
  • 1 noite no controle fronteiriço chileno
  • 1 noite na Pasarela de Lago Puelo

Dia 1: Mapocho bajo – casa Vitor

Resumo dia 1
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
16 km
5 a 6 horas
372 metros
347 metros
258 metros
Moderada Leve

Na primeira noite ficamos no camping Mapocho Bajo, perto de onde o ônibus nos deixou.

camping Mapocho Bajo

Esse camping fica a 3,5 km do lago Azul. E parece que é possível cruzá-lo com uma embarcação. Cruzando este lago, há uma trilha de 12 km que chega até o controle fronteiriço chileno. Mas como não sabíamos se haveria algum barco no lago Azul, decidimos fazer outra rota, passando pelo lago Verde, no outro lado da estrada.

Voltamos para a estrada, sentido Segundo Corral e saímos à direita na placa El Balseo.

indo na direção de “El Balseo”

Continuamos em uma estrada de terra, passamos por um mini mercado, até chegarmos no rio Puelo, onde é possível cruzá-lo em uma embarcação. Não sei qual é o destino desta embarcação. Nós seguimos à esquerda, passando por uma propriedade privada.

Entramos em uma trilha, passando por outras casas e algumas belas paisagens do rio.

rio Puelo

Depois a vista para o rio fica bem coberta pelas árvores. Margeamos o lago Verde, mas não há vista para o lago também. Foi uma caminhada chata. 😞

No final desta trilha passamos por um portão e uma ponte. Caímos na estrada novamente.

Não encontramos camping por perto e um chileno, chamado Vitor, passou por nós e ofereceu sua casa para acamparmos em seu quintal junto com as galinhas. Aceitamos o convite.

Dia 2: casa Vitor – controle fronteiriço chileno

Resumo dia 2
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
15,5 km
5 a 6 horas
414 metros
335 metros
413 metros
Moderada Leve

Devido mau tempo dormimos duas noites na casa de Vitor, mas vou ignorar o dia chuvoso neste relato. Só posso dizer que o Vitor foi uma pessoa excepcional, nos acolheu e até vinho comprou para nos servir. Ele foi extremamente gentil.

Saímos da casa de Vitor, rumo à Argentina.

A trilha começa na frente da casa e segue margeando o lago Las Rocas, passando por outras casas. A trilha no começo é larga e sempre protegida do Sol. Tem alguns pontos com vista para o lago.

lago Las Rocas

Passamos por uma praia onde deve funcionar um camping na alta temporada. E depois a trilha fica mais estreita com árvores de troncos alaranjados.

trilha

No meio da trilha havia um caminho de madeira. A princípio achamos que a trilha seguia por lá, mas é um lugar onde chegam barcos pequenos.

pequeno porto no caminho

A trilha continua estreita até chegar em uma casa em construção. Provavelmente um futuro hotel. A partir desta construção a trilha fica larga novamente.

Em todo o percurso, só vimos duas praias: a do camping e a praia que fica na ponta do lago, a 200 metros dos Carabiñeros. Nessa última praia há um campo de futebol e é permitido acampar.

campo de futebol dos Carabiñeros do Chile

Depois de 5h30min de caminhada chegamos nos Carabiñeros da fronteira chilena. É permitida a passagem a pé pela fronteira somente de manhã, pois a caminhada para Lago Puelo, a próxima cidade, são de 12 horas.

heliponto do Carabiñeros

Também não havia transporte aquático no momento. O policial explicou que devido algum problema com a empresa responsável, o transporte fluvial estava suspenso temporariamente.

Dormimos no campo de futebol. Estávamos somente nós dois acampando.

Dia 3: Controle fronteiriço chileno – Lago Puelo em Argentina

O ideal seria dividir este dia em duas etapas:

1. Controle fronteiriço Chileno – controle fronteiriço Argentino

Resumo dia 3.1
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
16 km
5 a 6 horas
550 metros
579 metros
380 metros
Moderada Leve

Estávamos 8h15min da manhã nos Carabiñeros de Chile pegando nosso papel de saída do país. Seguimos nossa jornada rumo à Argentina.

O início da trilha é bem largo. Vimos marcas de pneus no chão, provavelmente de um quadriciclo.

trilha após Carabiñeros de Chile

Entre os controles fronteiriços há uma fazenda e uma casa abandonada perto do Chile. Depois dessa fazenda, a trilha se fecha.

fazenda abandonada

O clima da Patagônia aparece com seus fortes ventos. Como estávamos em um bosque com árvores altas, ficamos um pouco protegidos do vento gelado. Dava um pouco de receio ao olhar para cima e ver as árvores balançando. Muitas já estavam caídas no caminho.

A trilha tem um sobe e desce que aquece o corpo. E de vez em quando há uma abertura com vista para o lago Inferior, que está a nossa direita.

Há alguns riachos para cruzar e em três deles tivemos que tirar as botas para não molhá-las. Mas nada assustador. A água batia nas canelas. Nos outros riachos tínhamos ajuda de pedras e troncos de árvores.

troncos de madeira ajudam no cruzamento de rios

Apesar do guarda nos falar que o terreno não era bom para acampar, vimos alguns lugares interessantes para montar nossa barraca.

lugar para lanche

Quase chegando na fronteira com a Argentina é possível avistar a intersecção do lago Inferior do Chile, com o lago Puelo da Argentina.

lago Inferior e lago Puelo

A fronteira entre Chile e Argentina fica no meio da trilha. Somente as placas indicam a fronteira. Mas logo que passamos a divisa percebemos as diferenças na trilha.

fronteira na trilha
fronteira na trilha

A trilha no lado Argentino pertence a um parque. É bem sinalizada e todos os cruzamentos fundos de rios tem uma ponte. A trilha é bem melhor e mais agradável.

trilha no lado argentino

Seguimos até chegar no controle Argentino, onde fomos recebidos por um jovem simpático.

Gendarmería Argentina

Tudo ia muito bem, até mostrarmos nossas identidades brasileiras. Ele nunca tinha visto a identidade brasileira e nos perguntou se teríamos passaporte. Expliquei que não precisa de passaporte para transitar entre os países do Mercosul, e por isso não estávamos com os nossos.

Mostramos o ticket do avião de entrada em Santiago, insistimos no acordo do Mercosul e ele acabou nos liberando. Carimbou encima do papel de saída do Chile e assim fomos. Espero não ter problemas na hora de sair da Argentina.

No controle argentino há um lugar para acampar. Estávamos com pouca comida e depois de quase não entrar na Argentina, por despreparo do responsável, achamos melhor sair de lá. Seguimos mais uma longa pernada até a cidade de Lago Puelo.

2. Controle fronteiriço Argentino – Lago Puelo

Resumo 3.2
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
9 km
4 a 5 horas
177 metros
222 metros
369 metros
Leve

Seguimos a trilha com indicação das placas “Pasarela“, que é uma ponte que cruza o rio Puelo.

seguimos para La Pasarela

A trilha em si é tranqüila. Mas o acúmulo das 6 horas anteriores nos deixou bem cansados.

O ideal é se programar para acampar no controle Argentino, e quebrar esse dia em dois.

A passarela do Rio Puelo é linda, com muitas flores coloridas, amarelo, vermelho, lilás. Vale a pena a vista. E é de fácil acesso. Fica ao lado da rodovia que liga as cidades Lago Puelo e El Bolsón.

flores de Lago Puelo
flores de Lago Puelo

A passarela fica a 2 km do centro da cidade de Lago Puelo. No outro lado da rua há um camping e na cidade também tem outras opções de hospedagem.

Custos

Custos em moeda local, para 1 pessoa.

  • Airbnb Puerto Varas, diária casal: $ 20000,00
  • Ônibus de Puerto Varas até Tagua Tagua, ida: $ 4500,00
  • Balsa Tagua Tagua: $ 1050,00
  • Ônibus Tagua Tagua até Llanada Grande: $ 1000,00
  • Camping Mapocho Bajo, diária: $ 4000,00
  • Camping Las Rosas, em Lago Puelo, diária: $ 100,00 (pesos argentinos)

Cotação em 24/11/2017:
US$ 1,00 = R$ 3,22 = $ chilenos 633,35 = $ argentinos 17,33

Dicas

  • Leve passaporte, mesmo se seu país pertencer ao Mercosul. O controle argentino não estava preparado para receber nossas identidades brasileiras.
  • No primeiro dia, tente atravessar o lago Azul com uma embarcação. Provavelmente será um dia de trekking mais interessante do que contornar o lago Verde.
  • Planeje dormir uma noite no controle fronteiriço argentino.

Dados sabáticos

616 km trilhados
24 cidades
5 meses
3 países

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3 comentários em “PASO INTERNACIONAL RIO PUELO – travessia do Chile à Argentina na trilha”

  1. O QUE VALE DE VERDADE E SABER N OTICIAS DE VOCES MAIS OS COMENTARIOS QUE COMO SEMPRE ACHAM UMA ALMA BOA NO CAMINHO COMO O SENHOR VITOR DESTA VEZ E AS FOTOGRAFIAS BEM FOCADAS LUGARES PITORESCOS E LINDOS VALE A PENA A CAMINHADA QUE ESTAO FAZENDO POIS DE AVIAO NADA VEMOS BEIJOS AOS DOIS

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