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Entre janeiro e março de 2023 viajamos por 69 dias pelos Andes do Chile e da Argentina. No 48º dia de nossa viagem iniciamos uma travessia entre esses dois países, conhecida como Ruta de Los Jesuitas, considerada uma das caminhadas mais antigas da Patagônia.
A Ruta de Los Jesuitas refere-se a um circuito turístico que abrange várias localidades na América Latina que foram influenciadas pela presença e atividades dos jesuítas durante o período colonial, incluindo a região do Paso Vuriloche. O Paso Vuriloche é um passo de montanha utilizado pelos viajantes para atravessar a cordilheira dos Andes e, além de servir como uma rota para as atividades missionárias dos jesuítas, também desempenhou um papel importante como uma via de comunicação e comércio entre as regiões. Com o tempo, a influência dos jesuítas na região diminuiu, e as rotas e os assentamentos estabelecidos continuaram a ser utilizados e desempenharam um papel importante na história e no desenvolvimento da região.
A Ruta de Los Jesuítas pelo Paso Vuriloche é uma travessia internacional pelos Andes, que além de ligar a região de Los Lagos no Chile à Província de Río Negro na Argentina, também liga dois parques nacionais: o Parque Nacional Vicente Pérez Rosales no lado chileno e o Parque Nacional Nahuel Huapi no lado argentino. É uma travessia de 5 dias pela Selva Valdiviana, em um caminho ainda usado por moradores da região, finalizando com uma bonita vista do Cerro Tronador. O mais legal, para mim, foi tomar um banho bem quentinho em uma água termal, bem no meio do trajeto. E tudo de grátis.
Vale comentar que existe outra travessia próxima ao Paso Vuriloche, e que também é conhecida como Ruta de Los Jesuitas. Esta outra ruta está mais ao norte, próximo do vulcão Puntiagudo. Segue um link desta outra travessia, caso te interesse: La Ruta de los Jesuitas uniendo los lagos Rupanco y Todos los Santos.
Você também pode ver nossa travessia em nosso canal do YouTube:
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Resumo
- Países: Chile e Argentina
- Regiões: Región de Los Lagos (Chile) e Província de Río Negro (Argentina)
- Localidades: Ralún (Chile) e Bariloche (Argentina)
- Início: Ralún, intersecção entre as rutas V-705 e V-69
- Fim: Pampa Linda
- Distância total: 79 km
- Duração: 5 dias
- Altitude mínima: 14 metros (Ralún)
- Altitude máxima: 1420 metros (Paso Vuriloche)
- Realizado em: final de fevereiro de 2023
- Tracklog: Wikiloc
- Previsão do tempo: Windguru, Mountain Forecast
- Mídias: Simulação no Mapa 3D, Instagram
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A trilha
Segue abaixo o nosso percurso no mapa:
SENTIDO
É possível percorrer a Ruta de Los Jesuitas pelos dois sentidos: do Chile para a Argentina, ou da Argentina para o Chile. Como nós estávamos viajando pelo Chile, começamos a travessia pelo lado chileno. Porém pelo que pesquisei e observei, a maioria das pessoas percorrem a travessia no sentido contrário do nosso, ou seja, da Argentina para o Chile. A grande vantagem de começar na Argentina é a altimetria, isso porque o ganho de elevação neste sentido é menor do que começando em Chile, tornando a travessia um pouco mais fácil.
ETAPAS
Considero como as principais etapas da travessia:
- subida pelo caminho veicular em Ralún
- contorno no Lago Cayetué
- caminho pela Selva Valdiviana passando por rio Conchas, Laguna Los Palos, rio Blanco e casas de moradores
- banho nas Termas de Vuriloche
- subida ao Refugio Lomas de Huenchupan com vista para o Cerro Tronador
- fronteira no Carabineros de Chile do Paso Vuriloche
- descida à Pampa Linda

MODAL
O melhor modo de percorrer esta travessia é a pé, mas parece que dá para ir a cavalo também. Digo isso pois segundo o site do governo Argentino, o Paso Internacional Vuriloche pode ser alcançado a cavalo, mas sinceramente não sei quais são os trâmites legais para cruzar um animal na fronteira dos dois países.
Com não ando de bicicleta não sei avaliar se é possível percorrer a Ruta de Los Jesuitas nesta modalidade. Mas encontrei um casal que pedalou por aquelas bandas. Lendo o relato deles, entendi que o Parque Nacional Nahuel Huapi, o parque do lado argentino, não permite bicicletas. O que é compreensível pois a trilha não foi projetada para bikes. Mas eles conseguiram uma permissão especial, e prometeram à administração do parque que iriam carregar as bicicletas nas costas. Além disso eles empurraram a bicicleta em vários trechos do lado chileno. Segue o link do relato para quem quiser saber mais: Límite entre Argentina y Chile: el difícil paso número 40.

Sobre as pernoites, todas as nossas noites foram em acampamentos selvagens. Apesar de cruzarmos por algumas casas rurais, não há hospedagem durante o caminho. Mas, todavia, entretanto, vimos algumas estruturas que acredito que são utilizadas por agências de turismo. Talvez exista algum esquema entre operadoras e moradores.
TERRENO e SINALIZAÇÃO
O terreno não apresentou nenhum dificuldade técnica. Tivemos um pouco de lama, alguns cruzamentos de rio molhando as pernas, e pontes quase caindo. Fora isso foi tranquilo.
Vale observar que os rios que cruzamos estavam com volume de água baixo e não apresentavam fortes correntezas. Não sei informar se no início do verão os rios são mais caudalosos.

No geral o terreno estava bem demarcado, pois o caminho ainda é usado pelos moradores locais. Teve somente um lugarzinho que nos gerou dúvida e demoramos um pouco mais para encontrarmos a trilha. Isso ocorreu quando cruzamos um rio sobre uma ponte de madeira quase caindo. Este cruzamento fica entre as Termas de Vuriloche e o Refugio Lomas de Huenchupan.
Lembro de ter visto somente uma ou duas placas indicando o caminho. Chegamos a perguntar para os moradores a confirmação que estávamos no lugar certo. Com tracklog em mãos e perguntando para os locais, dá para fazer a Ruta de Los Jesuitas sem problemas.
ÁGUA e ALIMENTAÇÃO
Há vários pontos de água durante o caminho e em todos os locais onde acampamos. Teve somente um momento que sentimos falta de água, que foi depois da última casa de morador que passamos durante o início da subida ao Refugio Lomas de Huenchupan.
E claro, não há nenhum ponto de apoio no caminho onde seja possível comprar comida. Mas eu desconfio que os moradores locais fornecem alguma refeição para os tours guiados pelas agências.
ALTIMETRIA
A altitude variou de 14 msnm a 1420 msnm. Segue o gráfico de nossa altimetria, no sentido Chile para Argentina:

Nós, que começamos no Chile, tivemos uma ascensão acumulada de 3732 metros e uma descida acumulada de 2897 metros.
Há duas subidas a serem consideradas: ruta V 705 e Cerro Tronador.
Ruta V 705
A primeira inclinação a ser enfrentada para quem vai de ônibus é logo após os primeiros 4 km. É um desnível de aproximadamente 430 metros por quase 6 km no caminho veicular V705, o que resulta em uma subida média de 73 metros por km. A subida acaba em uma área de estacionamento, onde inicia a trilha para o Lago Cayetué. Se você tiver sorte como nós, poderá conseguir carona e evitar este desnível.
Paso Vuriloche
Nossa subida ao Paso Vuriloche iniciou no quarto dia e terminou somente no dia seguinte. A subida começa a uma altitude de 360 msnm e termina no ponto mais alto do percurso a 1420 msnm. Como tivemos cerca de 20 km para superar este desnível, foi até que tranquilo. Na média subimos cerca de 51 metros por km.

OPCIONAIS
Refugio Viejo Tronador
Vale a pena tirar um dia a mais para subir o Cerro Tronador no lado chileno, a partir dos Carabineros de Chile no Paso Vuriloche. Há um refúgio ao lado do glaciar del Manso, conhecido como Refúgio Viejo Tronador. Nós conhecemos este refúgio em 2019. Caso te interesse segue abaixo o link de nosso relato:
REFÚGIO VIEJO – o primeiro refúgio no Cerro Tronador
Pampa Linda
Também vale muitíssimo a pena conhecer os arredores de Pampa Linda. Desde Pampa Linda saem várias trilhas de 1 dia de caminhada como também travessias. Seguem algumas opções de diversão por lá:
- Refúgio Otto Meiling: 1 dia
- Cerro Volcánico: 1 dia
- Ventisquero Negro e Garganta del Diablo: meio período a 1 dia (depende da carona)
- Travessia Paso de Las Nubes: 2 dias
- Travessia 5 Lagunas: 6 dias
Clima
A melhor época para visitar qualquer montanha é na época seca, pois obviamente é mais agradável caminhar sem estar molhado, e sem pisar em um solo enlameado. Na época seca provavelmente o céu estará menos encoberto e as chances de apreciar bonitas paisagens são maiores.
Avaliando os sites Weather Spark e Worldmeteo, em relação à Puerto Montt (14 msnm), a grande cidade mais próxima da travessia, observa-se que os meses mais secos e menos encobertos são: novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março.
Durante o ano inteiro, a temperatura em Puerto Montt varia entre agradável e muito fria, ficando na média entre 7 °C a 15 °C. A sensação de umidade não varia significativamente ao longo do ano, permanecendo praticamente constante, 0%, o ano inteiro. Assim como a velocidade média do vento que não ultrapassa o valor de 8,2 quilômetros por hora durante o ano inteiro.

Outro fator importante para a vida outdoor é a duração do dia. A duração do dia em Puerto Montt varia substancialmente ao longo do ano. Em 2024, o dia mais curto é 20 de junho, com 9 horas e 10 minutos de luz solar. O dia mais longo é 21 de dezembro, com 15 horas e 11 minutos de luz solar. Então no verão, os dias são bem mais proveitosos e longos.
NOSSA TRILHA EM FEVEREIRO
Nós percorremos a Ruta de Los Jesuitas pelo Paso Vuriloche no início de fevereiro. Foram 5 dias de sol, com temperaturas agradáveis e sem chuvas. Em boa parte do tempo, caminhamos de camiseta, e não passamos frio. O volume dos rios estava baixo .
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Acesso
COMO CHEGAMOS
Saímos de Puerto Montt em um sábado, pegamos um ônibus com destino à Rio Puelo, que passa por Cochamó e Ralún. O ponto de descida para iniciar a Ruta de Los Jesuítas é em Ralún, na intersecção entre as ruta V-69 e V-705, e de lá a caminhada começa pelo caminho veicular V-705. O trajeto de ônibus dura cerca de 2 horas.
No verão de 2024 havia os seguintes horários de saída em Puerto Montt informados nas páginas do Facebook das duas empresas que encontrei fazendo o trajeto:
Buses Trans H.A.R Ltda: 9h30min, 11h00, 14h00
Buses Estuario de Reloncavi: 9h00, 10h00, 12h00, 16h00
COMO SAÍMOS
Em Pampa Linda, onde terminamos nossa travessia, pegamos um ônibus turístico que faz o trajeto Pampa Linda a Bariloche. Havia somente 1 saída por dia, às 17 horas. Pagamos direto ao motorista, em pesos chilenos mesmo, foram CLP 10 mil. Segundo o motorista, ele aceita qualquer moeda. Chegamos em Bariloche às 20 horas.
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Custos
Seguem alguns custos em pesos chilenos (CLP), pesos argentinos (ARS) e equivalentes em reais (BRL), conforme câmbio local e preço da época (final fevereiro de 2023):
- Hospedagem com banheiro privativo, em Puerto Montt, diária casal: $CLP 32000 ($BRL 250)
- Almoço, restaurante do mercado Jumbo, prato individual: $CLP 5300 ($BRL 36)
- Mercado para 7 dias de trilha, individual: $CLP 37315 ($BRL 253) → média diária de $BRL 36/pessoa
- Ônibus, de Puerto Montt a Ralún, individual: $CLP 4000 ($BRL 31)
- Ônibus, de Pampa Linda a Bariloche, individual: $ARS 10000 ($BRL 78)
- Hospedagem, em Bariloche, quarto de hotel, diária casal: $CLP 12000 ($BRL 177)
Cotação comercial em 24/02/2023:
$USD 1,00 = $BRL 5,21 = $CLP 811 = $ARS 195
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Relato
Fizemos a caminhada em 4 noites e 5 dias, como segue:
- Ralún → Lago Cayetué
- Lago Cayetué → casa abandonada
- casa abandonada → Termas de Vuriloche
- Termas de Vuriloche → Refugio Lomas de Huenchupan
- Refugio Lomas de Huenchupan → Pampa Linda
Dia 1: Ralún → Lago Cayetué
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
11 km 14 metros 485 metros |
Passamos por:
- Ralún (14 msnm)
- Parque Nacional Vicente Pérez Rosales
- Lago Cayetué (233 msnm)
Saímos de Puerto Montt em um sábado, pegamos um ônibus que saiu ao meio-dia do terminal com destino ao Rio Puelo. Descemos em Ralún por volta das 14 horas, na intersecção entre as ruta V-69 e V-705, e de lá começamos a caminhar pelo caminho veicular V-705. Este seria o ponto mais baixo de toda a travessia. Estávamos praticamente no nível do mar.
Caminhamos pouco e já conseguimos uma carona, o que foi ótimo pois nos poupou alguns km ladeira acima. A carona nos levou até o final da ruta V-705, no início da trilha do Lago Cayetué, e que é onde começa a Ruta de Los Jesuítas. Este seria a maior altitude do dia com 485 msnm. Pelo que entendi do mapa disponibilizado no site da Conaf, a partir daqui estávamos entrando no Parque Nacional Vicente Pérez Rosales.
O início da trilha é uma descida pelo bosque até o Lago Cayetué, onde chegamos às 17 horas. Na minha opinião o lago é de uma beleza mediana, com um belo gramado arredor, mas sem geleiras ou montanhas rochosas compondo o cenário. É uma paisagem bem verdinha, mas bonita também.

Havia várias barracas no bosque ao lado do lago. Inclusive vimos uma expedição guiada de uma agência, que estava terminando a Ruta de Los Jesuitas.
Como a carona nos poupou um bom pedaço da caminhada, decidimos ignorar aquele local de acampamento, e seguimos em frente.
Continuamos sentido leste por uma trilha paralela ao lago. Subimos e descemos um pouco, passamos um campo pantanoso, chamado de Mallín na Patagônia, e começamos a nos afastar do lago. Na trilha havia lama, mas estava bem firme. Encontramos um lugar para acampar às 19 horas.
Acampamos em um gramado bem amplo, ao lado de um riacho e perto de um abrigo, que parecia ser usado por arrieiros. Montamos nossa barraca embaixo de uma árvore, para evitar muita umidade durante à noite. Estávamos a 230 msnm.

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Dia 2: Lago Cayutué → casa abandonada
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
15 km 220 metros 350 metros |
Passamos por:
- Parque Nacional Vicente Pérez Rosales
- rio Conchas (230 msnm)
- Laguna Los Palos (320 msnm)
Acordamos com a barraca seca por fora, mas um pouco úmida por dentro. Começamos a caminhar às 9h30min. Com menos de 10 minutos de trilha nos deparamos com o rio Conchas. Teríamos que cruzá-lo molhando os pés. Se soubéssemos teríamos atravessado o rio no dia anterior, com o corpo quente. Logo de manhã já ter que molhar os pés é dureza.

Quando estávamos avaliando o curso de água, cachorros bem agitados latiam do outro lado do rio. Um cachorro chegou a atravessar a água, o que foi bom pois ele acabou nos mostrando um bom local para cruzarmos. Na outra margem havia uma agradável área de acampamento, e um grupo de umas quatro pessoas que passaram a noite anterior por lá.
Seguimos pela Selva Valdiviana beirando o rio Conchas, até a intersecção do rio Conchas com o rio proveniente da Laguna Los Palos. Cruzamos os rios mais umas 2 vezes, se não me engano. Como era final de fevereiro, o volume de água estava baixo, e a temperatura da água não estava muito fria.

Seguimos até uma laguna de um bosque alagado, conhecida como Laguna Los Palos. Lugar bonito e agradável para acampar, com uma boa área de gramado verde.

Como era cedo para acamparmos, cruzamos o rio que saía da laguna ,e continuamos na trilha ao lado esquerdo dela. Seguimos no bosque, passamos por algumas casas abandonadas, e por uma casa que tinha até antena, nesta última claramente morava alguém.

A caminhada do dia foi praticamente no plano, sem variações de altimetria. Acabamos ficando em um terreno de uma das casas abandonadas às 17h10min. Estávamos a 300 msnm.
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Dia 3: casa abandonada → Termas de Vuriloche
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
16 km 230 metros 370 metros |
Passamos por:
- Parque Nacional Vicente Pérez Rosales
- Las Bandurrias (260 msnm)
- Rio Blanco (270 msnm)
- Termas de Vuriloche (370 msnm)
Acordamos em um dia ensolarado. Às 9h30min continuamos caminhando pela Selva Valdiviana.

Foi um dia sem cruzamento de rio. Passamos por um descampado onde havia mais algumas casas. No MapsMe este lugar está identificado como Las Bandurrias.

Depois de Las Bandurrias começamos a caminhar paralelo ao rio Blanco. Neste trecho ao lado do rio Blanco, não vi nenhum lugar para acampar. Isso porque a trilha, em sua maior parte, está um pouco mais alta que o rio, e não fica em sua margem.

Seguimos até onde o rio Blanco se junta com o rio Esperanza. Neste lugar, conhecido como La Junta, é quase um bairro.

Encontramos um morador, acho que era Don Joche que nos indicou a direção das Termas de Vuriloche. Passamos pela sua propriedade, cruzamos o rio Blanco por uma ponte pênsil, e do outro lado do rio, bem perto da ponte, havia alguns canos puxando águas termais extremamente quentes. Um cano enchia uma banheira natural, e outro formava uma ducha no rio. Parecia uma delícia.

O local de acampamento ficava um pouco acima das termas, somente mais alguns metros de trilha. O lugar é bem amplo, e havia um lugar bem protegido para montar a barraca. Chegamos no local de acampamento às 16h40min.
O dia foi de uma subida bem leve, terminando em seu ponto mais alto a 370 msnm.
Depois de arrumar a barraca, fomos tomar um bom banho de águas termais. Porém a água estava tão quente, que era impossível ficar na banheira. Então aproveitamos somente a ducha, com muito cuidado para não nos queimarmos.

Nesta noite não estávamos sozinhos, acampamos ao lado de duas chilenas.
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Dia 4: Termas de Vuriloche → Refugio Lomas de Huenchupan
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
15 km 370 metros 1050 metros |
Passamos por:
- Parque Nacional Vicente Pérez Rosales
- Rio Aguas Turbias (575 msnm)
- Refugio Lomas de Huenchupan (1050 msnm)
Saímos do acampamento um pouco mais tarde, às 10 horas. Entramos novamente no bosque, em uma trilha paralela ao rio Blanco. Passamos por um descampado, onde havia uma casa e uma bonita vista do Cerro Tronador.

Entramos novamente no bosque, até chegarmos em uma pedra, que acho que se chama Piedra del Buitre. A trilha passa por cima desta laje rochosa, e lá era possível ver o rio Blanco abaixo e o Cerro Tronador na frente. Cruzamos com alguns rapazes, que iriam fazer packrafting.

Continuamos no bosque sempre subindo. Passamos pela última casa de morador, se não me engano ele cobra para acampar em sua propriedade. Em seu quintal havia uma mesa, uma latrina, um belo gramado e cachorros. Decidimos não parar por lá pois era muito cedo.

Depois da casa deste último morador, ficamos um bom trecho sem passar por um ponto de água.
Vimos em um tracklog que teríamos outra termas, as Termas de Juvenal. Mas não a encontramos.
Passamos por um local, onde um dia teve um refúgio. No MapsMe indicava como refugio Seba, mas ele estava desmoronado, só havia ruínas. Depois destas ruínas, começou uma subida mais empinada. Fomos subindo no bosque até que, para nosso alívio, encontramos um rio. Nossa água havia acabado.
Este rio desemboca no rio Blanco, e seu cruzamento é feito em duas etapas. Na primeira, uma ponte totalmente caída nos obrigou a cruzar o rio saltando em pedras. Na outra, havia uma ponte parcialmente caída, mas a melhor opção ainda era cruzar o rio sobre a ponte mesmo. Mesmo parcialmente caída a travessia foi tranquila.

Depois desta ponte, foi um pouco confuso encontrar a trilha, pois estava um pouco fechada por arbustos. Claramente cavalos não transitavam neste trecho.
Seguimos subindo até refúgio Lomas de Huenchupan a 1050 msnm, onde chegamos às 17h30min. Foi o dia de maior desnível da travessia, com um ganho de 680 metros de altitude.
Nas proximidades do refúgio há mais um riozinho, e uma incrível vista do Cerro Tronador.

Dormimos dentro do refúgio mesmo, pois a área de acampamento do lado de fora era bem pequena, e ainda por cima inclinada.

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Dia 5: Refugio Lomas de Huenchupan → Pampa Linda
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
16 km 840 metros 1420 metros |
Passamos por:
- Parque Nacional Vicente Pérez Rosales
- Carabineros de Chile (1310 msnm)
- Paso Vuriloche (1416 msnm)
- Parque Nacional Nahuel Huapi
- Arroyo Cauquenes (1240 msnm)
- Rio Manso Superior (850 msnm)
- Pampa Linda (840 msnm)
Acordamos em um dia nublado. O Cerro Tronador estava totalmente encoberto. Começamos a caminhar às 8h20min.
Fomos subindo pelo bosque, até o Carabineros de Chile, onde esperamos 1 hora para que os trâmites de saída no Chile fossem finalizados. Como o posto do Carabineros fica em um local bem isolado, a comunicação com a PDI é um pouco demorada.

No Carabineros de Chile é possível acampar. Há uma área bem ampla para acampamento.
Opcional-extra: desde o Carabineros de Chile é possível acampar mais um dia e subir até a borda do glaciar del Manso, no lado chileno do Cerro Tronador, onde está o Refugio Viejo Tronador. Nós conhecemos este refúgio em uma pernada de 2019. Para mais detalhes acesse: relato Refugio Viejo Tronador.
Depois do Carabineros, passamos ao lado de um Mallín. Subimos mais um pouco até o Paso Vuriloche, na fronteira entre Chile e Argentina, o ponto mais alto de toda a travessia a 1416 msnm. Infelizmente é um passo de montanha sem paisagem, bem no meio de um bosque.
Descemos até Pampa Linda. Tudo isso dentro do bosque, sem paisagens, cruzando riachos (sem precisar molhar os pés), e pulando trechos de lama. Foi um tanto quanto monótono, mas pelo menos foi descida.
Começamos a rever o Cerro Tronador quando estávamos chegando em Pampa Linda.

Pampa Linda é um pequeno povoado de Bariloche a 840 msnm. É bem estruturado com restaurantes, hotel, campings e um posto do guarda-parque. Lá também está Germanderia, onde teríamos que dar a entrada legal na Argentina.
Quando nos aproximamos da Germanderia, um rapaz já estava na porta nos aguardando. Acho que os Carabineros de Chile o havia avisado de nossa chegada. Registramos rapidamente nossa entrada à Argentina.
Para ir embora pegamos um ônibus de Pampa Linda que vai até Bariloche. Tem somente uma saída por dia, às 17 horas. Pagamos direto ao motorista, em pesos chilenos mesmo, foram CLP 10 mil. Segundo o motorista, ele aceita qualquer moeda. Chegamos em Bariloche às 20 horas.
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Outras travessias
Tivemos a oportunidade de realizarmos outras travessias a pé internacionais pelos Andes do Chile e Argentina, e aproveito para compartilhá-las com você:
- Paso Internacional Rio Puelo
- Paso Internacional Río Manso
- Cruce Internacional Glaciares
- Paso Internacional Piuquenes
- Paso Internacional Vuriloche
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Outras fontes
Está fazendo uma pesquisa para sua viagem? Sempre é bom ler mais de uma fonte. Deixo abaixo alguns links que encontrei sobre esta caminhada.
- Wikiexplora: guia da travessia
- Trekking na montanha: relato de Rafael Santiago
- Weekend: relato de bicicleta
- Zonda Patagonia: agência de turismo
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