Depois da travessia pelas etapas 24 e 25 da Huella Andina, passando pela laguna Jakob e lago Mascardi, voltamos para Bariloche e nos preparamos para a próxima pernada.
Em Bariloche, pegamos um ônibus coletivo até o povoado Colonia Suiza, de onde começamos uma belíssima e impressionante travessia pelas montanhas até Pampa Linda, uma pequena vila situada na base do Cerro Tronador.
Foram 6 dias e 45 km, passando por 5 lagunas e paisagens de tirar o fôlego.
Como chegamos
No centro de Bariloche pegamos o ônibus circular n°10 até a Colonia Suiza. Foi um percurso de 1 hora. O motorista nos deixou no início da trilha que vai até a laguna Negra.
Resumo do trekking
- País: Argentina
- Cidade: Bariloche
- Início: Colonia Suiza
- Fim: Pampa Linda
- Distância total: 46 km
- Duração: 6 dias
- Subida acumulada: 3327 metros
- Descida acumulada: 3340 metros
- Altitude máxima: 1962 metros
- Mapa da trilha: Wikiloc
- Período do trekking: início de fevereiro de 2019
- Dificuldade: Moderada Pesada
Roteiro
Fizemos o trekking em 5 noites e 6 dias, como segue:
- Colonia Suiza à Laguna Negra
- Laguna Negra à laguna CAB
- Laguna CAB à base leste do Cerro los Cristales
- base leste do Cerro los Cristales à laguna Cretón
- laguna Cretón à laguna Ilon
- laguna Ilon a Pampa Linda
Segue mapa do trekking:
Dia 1: Colonia Suiza – Laguna Negra
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
11 km 4h30min 1044 metros 226 metros 1634 metros Moderada |
Segue a elevação do dia 1.
Também passamos por:
- riacho Goye
A trilha começa ao lado da estrada RP79, um pouco antes de chegar na Colonia Suiza. Quase todo o percurso é dentro de um bosque, e sempre margeando o riacho Goye.
A subida até laguna Negra e refúgio Italia, é em sua maior parte bem suave. Um pouco antes do final da trilha, há um local para acampamento, ao lado do riacho.
A partir deste ponto, a inclinação se acentua bem. Este último trecho é conhecido como Caracoles, pois faz um ziguezague para amenizar inclinação. O riacho continua ao nosso lado, com belas e pequenas quedas d’água.
Conforme subimos, a paisagem do vale e dos paredões vão surgindo. Até chegarmos na laguna Negra e refúgio Italia.
Se quiser assistir como foi a trilha, veja em nosso canal do YouTube:
Dia 2: Laguna Negra – laguna CAB
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
8 km 4h10min 623 metros 771 metros 1787 metros Moderada |
Segue a elevação do dia 2.
Também passamos por:
- riacho Lluvuco
No primeiro trecho do dia contornamos a laguna Negra pelo seu lado direito. Logo no começo um pouco de escalaminhada, mas sem grandes dificuldades.
Subimos o morro que fica atrás da laguna e chegamos no Filo Bailey Willis, com uma incrível panorâmica. Vista para a laguna Negra atrás, Cerro Bailey Willis à direita, Cerro Negro à esquerda, ao fundo o Cerro Tronador com o lago Nahuel Huapi na sua frente, e à nossa frente nosso destino do dia: laguna CAB.
Até este lugar encontramos com algumas pessoas, que provavelmente iriam para o refúgio Lopez, seguindo à direita. Seguimos em frente, ladeira abaixo, primeiro entre pedras e depois dentro de uma floresta, até encontrarmos um riacho, onde paramos para lanchar. Descemos mais um pouco e cruzamos o riacho Lluvuco. Encontramos um lugar de acampamento ao lado dos dois riachos que cruzamos.
Depois deste último riacho, começamos a subir. Boa parte da subida dentro do bosque, e depois expostos ao Sol, mas com uma bela paisagem em nossa traseira.
Subimos até chegarmos na laguna CAB. Há duas áreas de acampamento na laguna, uma logo que chega nela, e a outra no outro lado da laguna. A trilha continua dentro da água.
Aproveitamos o calor do dia para atravessarmos a laguna. Contornamos-a pelo seu lado esquerdo. Com crocs, caminhamos sempre perto de sua beirada, onde a água é mais quente, mas também onde há mais pedras. Talvez, para quem atravessar a lagoa descalço, o lado direito seja melhor, que nos pareceu mais fundo, mais curto e provavelmente sem pedras.
O contorno da lagoa é de aproximadamente 800 metros. Encontramos um acampamento um pouco mais à frente da lagoa, na continuação da trilha, ao lado do rio.
Além das moscas infernais que nos acompanharam quase todo o dia, no acampamento também tivemos a companhia desagradável de pernilongos. Somente nós estávamos por lá naquela noite.
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Dia 3: laguna CAB – base leste do Cerro los Cristales
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
6 km 3 horas 571 metros 444 metros 1859 metros Moderada Pesada |
Segue a elevação do dia 3.
Também passamos por:
- Cerro CAB
- Valle del Mate Dulce
- Mallin de las Vueltas
Saímos da laguna CAB, passamos por um pequeno vale e subimos o Cerro CAB, que fica atrás da laguna. A subida ao Cerro foi tranquila, com muitas pedras, sem grandes obstáculos e belas paisagens.
Quando estávamos na crista da montanha, havia duas sinalizações: totens seguindo o cume e sinais vermelhos descendo e contornando a montanha. Seguimos os sinais vermelhos. A descida e contorno do Cerro CAB foi bem difícil. Terreno muito pedregoso, com grandes pedras, solo bem irregular. Passamos ao lado do cume CAB e continuamos descendo, até conseguirmos visualizar o Cerro Tronador.
Fomos até o Valle del Mate Dulce, passamos pelo Mallin de las Vueltas e quando iria começar a subida ao Cerro Los Cristales, encontramos um local de acampamento perto de um riacho e de uma pequena piscina natural. Ficamos por lá mesmo.
Neste local cruzamos com os primeiros humanos desde a laguna Negra, um casal nos cumprimentou e seguiu caminhando. O roteiro usual é neste dia dormir na próxima lagoa. Mas como a trilha no cerro CAB foi dura, decidimos dividir o terceiro dia em dois.
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Dia 4: base leste do Cerro los Cristales – laguna Cretón
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
4 km 2h15mim 464 metros 521 metros 1962 metros Moderada Pesada |
Segue a elevação do dia 4.
Também passamos por:
- Cerro Los Cristales
Saímos de nosso acampamento, à beira do Cerro Los Cristales, e já nos primeiros passos começamos a subir a montanha. A subida foi relativamente fácil, com pedras, mas tranquilas de vencê-las. A marcação da trilha estava bem visível. Contornamos o cume e chegamos próximos ao seu lado esquerdo.
Lá de cima avistamos nossa próxima paisagem, a laguna Cretón e o majestoso Cerro Tronador. Também era possível ver a continuação da trilha após a laguna Cretón, na crista da montanha. Abaixo da laguna Cretón, um riacho escorre, formando duas poças de água visíveis lá de cima. Iríamos acampar próximo da piscina mais baixa.
Na crista da montanha, dois simpáticos argentinos nos alcançaram. Eles também acamparam no vale. Apresentei a eles o MapsMe e ficaram muito agradecidos com a recém descoberta deste aplicativo de navegação offline.
A descida do Cerro Los Cristales foi complicada. Achei mais difícil que o Cerro CAB. Bem inclinada, no começo com uma areia grossa escorregadia e depois apareceram grandes pedras para superarmos. A sinalização também não estava das melhores. Em um momento fomos para o lado errado e chegamos em um precipício. Descida realmente ruim. Passada as grandes pedras, recomeça a areia escorregadia. Mas melhor a areia do que as pedras enormes.
Ainda na descida inicia uma grama encharcada revezada com lama. Este terreno molhado nos acompanhou até chegarmos no local de acampamento, próximo ao riacho que escorre da lagoa, e ao lado uma excelente piscina para nos refrescarmos. Acima a pequena laguna Cretón, cercada por paredões.
Entre nosso acampamento e a laguna, a continuação da trilha de amanhã.
Nesta laguna, depois das 18 horas, chegaram mais 4 pessoas. Não acamparam onde estávamos, provavelmente ficaram em algum outro lugar acima. Não viram a piscina natural que estava ao nosso lado.
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Dia 5: laguna Cretón – laguna Ilon
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
9 km 3h30min 453 metros 700 metros 1953 metros Moderada |
Segue a elevação do dia 5.
Também passamos por:
- Cerro Capitán
- laguna Jujuy
- Mallin de Ricardo
Subimos quase até a laguna Cretón. Um pouco antes da laguna seguimos à direita, subindo o Cerro Capitán. A subida é sobre pedras, mas não é muito inclinada. Foi uma subida agradável com vistas panorâmicas de tirar o fôlego. A primeira vista é da própria laguna Cretón, que se despede de nós.
Depois avistamos a bela laguna Azul à esquerda. O Sol ainda não estava iluminando-a completamente, mas já era possível ver a cor de sua água mudando de azul quase escuro para verde, conforme se aproximava da beirada da lagoa.
Passamos pela pequena e cinzenta laguna Jujuy. Havia alguns lugares para acampar nesta laguna, mas todos muito expostos ao vento.
Subindo mais um pouco, ele aparece, um dos picos mais altos desta região: o majestoso Cerro Tronador. Ele irá nos acompanhar por todo este dia.
Neste ponto chegamos no Paso do Cerro Capitán. Antes de começar a descer, desviamos um pouco da trilha e fomos até o cume do Cerro Capitán, à direita. Pelo menos o MapsMe informava que era o cume, apesar de no lado contrário nos parecer mais alto. Enfim fomos até o cume. Acho que o desvio nos custou uns 50 minutos. Mas valeu a pena, além dos cerros Tronador, Punta Negra, Bonete e Los Cristales, que já víamos da trilha, também vimos o Brazo Tristeza do lago Nahuel Huapi, o lago Frey cercado de paredões de rocha e as duas lagunas Anasagasti. Este foi o momento mais top da travessia.
Depois do cume, voltamos para a trilha e encontramos dois rapazes indo na mesma direção que nós. Descemos o Cerro e foi tão tranquilo como subí-lo. No meio da descida, avistamos o Mallin de Ricardo, que atravessamos assim que descemos o cerro Capitán. Depois de caminhar no Mallin, descemos mais uma vez, dentro de um bosque, até a laguna Ilon.
Ao chegarmos na laguna, passamos por ruínas do que um dia foi um refúgio de montanha do CAB. Havia uma barraca por lá.
Atravessamos um riacho e chegamos na praia da laguna Ilon. Ao fundo da lagoa, o Cerro Tronador deixava todo ambiente mais charmoso.
Seguimos pela praia até um local de acampamento, onde havia um Domo, recém-instalado pelo CAB. Em breve haverá outro domo, que servirá como refúgio. Também havia banheiros secos e torneiras com água de uma nascente. Devido à proximidade de Pampa Linda, várias pessoas estavam acampando. Até criança havia.
Se quiser assistir como foi a trilha, veja em nosso canal do YouTube:
Dia 6: laguna Ilon – Pampa Linda
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
8 km 2h40min 172 metros 678 metros 1443 metros Leve Moderada |
Segue a elevação do dia 6.
Também passamos por:
- rio Alerce
Depois de um belo amanhecer no espelho d’água da laguna Ilon, refletindo o Cerro Tronador, descemos até Pampa Linda.
Praticamente toda a trilha é dentro de um bosque. Primeiro uma parte plana e depois começa uma descida acentuada. Durante a descida abre-se uma vista do Cerro Tronador e suas quedas d’água que compõem a Garganta del Diablo. Lá embaixo é possível ver um vale com amplo gramado, onde à esquerda está Pampa Linda.
Quando a descida acaba, encontramos o rio Alerce e o cruzamos em uma recém-instalada ponte pênsil. Mais um pouco e chegamos em Pampa Linda, um vilarejo com restaurante e hospedagem, onde vários turistas de um dia chegam para apreciar a vista do Cerro Tronador, de lá mesmo da vila.
Esfomeados, fomos atrás de uma refeição. Comemos uma inesquecível milanesa. A pior de nossas vidas. Difícil de esquecer o mastigar daqueles nervos no meio daquela carne dura. Apenas um pequeno detalhe depois de 6 lindos dias por uma das mais belas travessias que fizemos.
Se quiser assistir como foi a trilha, veja em nosso canal do YouTube:
Dicas
- Comece a trilha o mais cedo possível, para evitar o forte Sol.
- Antes de dezembro e depois de maio, é importante passar no guarda parque para saber como estão as condições da trilha, principalmente sobre a neve.
- A melhor época é de janeiro à abril, quando o verão derreteu o excesso da neve, tornando a caminhada mais agradável. Vale observar, que janeiro é altíssima temporada e Bariloche estará lotada e cara. Em abril, haverá a oportunidade de apreciar as cores do outono chegando, mas será um mês mais frio para se banhar nos lagos e rios.
- É obrigatório o registro para fazer as trilhas no Parque Nacional Nahuel Huapi, apesar de não percebemos nenhum controle e fiscalização. O registro é fácil e rápido, e pode ser feito online, no site do próprio parque.
- É aconselhável levar um GPS, pois alguns trechos a trilha não está bem demarcada. Esta trilha também está no aplicativo Maps.Me, que já quebra um galho.
Custos
Até este momento de nossa Exploração Argentina 18/19, gastamos uma média individual de R$ 84 por dia. Seguem alguns custos em pesos argentinos (ARS) e equivalentes em reais (BRL), conforme o câmbio que fizemos.
- Hotel Premier, em Bariloche, diária casal: $ARS 1450 ($BRL 155 )
- Camping Los Vuriloches, em Pampa Linda, diária individual: $ARS 350 ($BRL 36)
Cotação comercial em 8/1/2019:
$USD 1,00 = $BRL 3,72 = $ARS 37,29
Dados sabáticos
2350 km trilhados 60 cidades 4 países 1 ano e 8 meses |
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Nós, Paula Yamamura e Ramon Quevedo, estamos curtindo uma vida sabática desde 2017, focando no que mais gostamos de fazer: viajar trilhando.
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Buenas. Muy buenas sus travesias. Inspiradoras. Y sobre todo bellas y utilisimas imagenes como informacion. Ademas uds se mueven a un ritmo mas o menos como el mio je je. Nada de carreras…maximo disfrute.
Estos mismos dias estuve cruzando la peninsula Mascardi desde el campin Relmu Lafken hasta Los Cesares, pasando por la laguna Llum. SIN VER NI UNA PERSONA EN 5 DIAS.
pero lo que queria comentar…No usan la aplicacion ViewRanger?. Me resulto excelente; sus mapas tienen curvas de nivel detalladas (a diferencia del MapsMe que es muy bueno pero mas bien en caminos y ciudades). En este el sendero estaba trazado con absoluta precision. Eso si…no le sobra informacion al mapa. Igual para la subida el Frey. Para mi fue una absoluta y grata sorpresa. Tanto como sus increibles viajes y videos.
SIGAN!!!! un saludo grande
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Oi Jose! Não conhecia este aplicativo. Muito obrigada pela dica! Vou baixa-lo agora mesmo. Também fizemos a travessia pela laguna Llum até Los Cesares! Depois de Los Cesares, passamos pelo Cerro Diego León, e acabamos na Villa Mascardi. Em breve deixaremos o relato desta travessia. ADORAMOS A PATAGONIA!!! E assim como você, gostamos de desfrutar bem devagar este lindo lugar do planeta! Abraços e obrigada pela mensagem.
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