Em nossa jornada de 2017 no Chile, ficamos 1 mês na Argentina conhecendo vários refúgios patagônicos na região de El Bolsón.
Fomos do Chile à Argentina por uma travessia em trilha, que atravessa o Paso Internacional Rio Puelo.
E para voltar ao Chile, nada como outra travessia, que começa no Paso Internacional Río Manso, perto do povoado El Manso, com 200 habitantes.
O Paso Río Manso se encontra a 60 km de El Bolsón, na Argentina. O povoado chileno mais perto é El León, com 150 habitantes, a somente 1 km da fronteira.
Como chegamos
Infelizmente não há ônibus de El Bolsón a Río Manso. Encontramos duas soluções como transporte:
- Contratar um passeio de rafting no rio Manso, por uma agência de turismo em El Bolsón, pois o rafting começa ao lado do controle fronteiriço. A idéia seria curtir o rafting e ficar por lá.
- Contratar um táxi.
Em meados de dezembro, não haviam turistas em El Bolsón interessados no rafting. Então não conseguimos fechar um passeio com a agência.
Fomos pela segunda opção. Um táxi nos levou de El Bolsón, até o controle fronteiriço da Argentina em Río Manso. Foram 45 minutos na estrada e mais 1h15min (45 km) de rua de terra.
Roteiro
No total foram 4 noites acampando, relatados com detalhes abaixo.
dia 1: Rio Manso – quase Torrentoso
Tudo começa no controle fronteiriço argentino, onde o táxi nos deixou.

Este controle fica na beira do rio Manso, e vimos alguns turistas passando pela Gendarmeria, para passear durante o dia e voltar. Inclusive a empresa de rafting aproveita o rio, para levar os turistas.
Como há muitas pessoas transitando, o caminho entre as duas fronteiras é bem demarcado. O Chile está construindo uma estrada, para que este paso Internacional possa ser utilizado por veículos também.

Entre os controles fronteiriços é necessário cruzar o Rio Manso. Antigamente havia uma ponte, mas caiu. Atualmente se atravessa por um carrinho-tiroleza ou por um bote, que fica à disposição para levar as pessoas gratuitamente, para a outra margem do rio. Chegamos 14h40min, bem na hora de almoço do barco (13h00 às 15h00). Mas optamos por esperá-lo para atravessar o rio.

O barco nos atravessou, e continuamos a caminhada até o controle fronteiriço chileno.

Depois do rápido processo burocrático, atravessamos a ponte e seguimos.

Durante este primeiro dia, uma forte dor de cabeça me dominou. Depois de 3 horas caminhando e percebendo que eu não conseguiria chegar até Torrentoso, acampamos em um gramado no meio da trilha, ao lado de um riacho.

A caminhada foi um leve sobe e desce.

Resumo dia 1 | |
Total percorrido Tempo Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
9 km 3 a 4 horas 176 metros 208 metros 489 metros Leve |
dia 2: camping improvisado – Torrentoso
Foram somente 2 horas de caminhada e chegamos em Torrentoso.

Em Torrentoso, moradores tomam conta de um camping muito agradável. Não tivemos como não acampar por lá.

O camping fica ao lado de um rio, e tem até uma praia para tomar banho.

No verão as moscas da Patagônia são insuportáveis. Neste dia travei uma guerra e matei 56 infelizes moscas. O número de vítimas só não foi maior, porque no camping havia uma cabana para nos proteger.
Cabana bem projetada para o verão, com telas impedindo a entrada de moscas e com um jardim no teto, deixando-a sempre fresca.

Foi um caminhada muito fácil: curta e com pouca subida.

Resumo dia 2 | |
Total percorrido Tempo Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
4 km 2 a 3 horas 83 metros 215 metros 492 metros Leve |
dia 3: Torrentoso – rio Steffen
Ao lado do camping Torrentoso, atravessamos a ponte e seguimos a viagem, rumo ao rio Steffen.

Boa parte da trilha é protegida pelo bosque. Tivemos que atravessar alguns riachos, todos baixos, e somente no último, tiramos as botas para não molhá-las.
As moscas incomodavam bastante. Conseguimos parar na beira de um riacho, onde estava bem fresco. A baixa temperatura espantava as moscas. Só assim para conseguirmos comer em paz.

No caminho passamos por alguns casebres abandonados.

Acampamos a 2 km de chegar na ponte que atravessa o rio Steffen. Não havia um camping, mas um belo gramado e um riacho ao lado, foi mais que convidativo para pararmos. Haviam algumas vacas pastando, no que parecia ser uma fazenda. Mas ninguém estava por lá.

Descontando as paradas, foram 5 horas de trilha.

Resumo dia 3 | |
Total percorrido Tempo Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
13 km 5 a 6 horas 665 metros 761 metros 507 metros Moderada Leve |
dia 4: rio Steffen – estrada
Andamos mais 2 km e chegamos na ponte do rio Steffen. A escolha do lugar de camping da noite anterior foi boa, pois não vi mais nenhum local bom para acampar.
O objetivo de hoje seria chegar na estrada, que leva até a balsa, e atravessar o lago Tagua Tagua. E do lago chegar em alguma cidade para passar a noite.

A trilha continuava em um sobe e desce, e uma bela descida no meio do caminho.

Alguns trechos estavam mais fechados e estreitos.

E como toda a Patagônia, sempre encontramos árvores caídas.

Na etapa final do dia, atravessamos o último rio com água na altura da canela. E depois foi só seguir pelo vale, até a estrada.

Depois de 5 horas caminhando, descontando as paradas, chegamos na estrada onde passa o ônibus que vai até o lago Tagua Tagua.

A sorte nos acompanhou. Paramos na estrada para lanchar e em 10 minutos conseguimos carona. A carona atravessou o lago Tagua Tagua e nos levou até o vilarejo de Rio Puelo, perto de Cochamó. Em Rio Puelo conseguimos nos hospedar, para no dia seguinte pegar um ônibus até Puerto Varas.
Foram 5 horas de caminhada, descontando as paradas.
Resumo dia 4 | |
Total percorrido Tempo Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
13 km 5 a 6 horas 343 metros 547 metros 328 metros Moderada Leve |
Custos
- Táxi de El Bolsón a Rio Puelo, total ida: $1300,00 pesos chilenos
- Camping Torrentoso, diária individual: $6000,00 pesos chilenos
- Cerveja no camping Torrentoso: $1500,00 pesos chilenos
- Hospedagem em Rio Puelo, diária casal: $15000,00 pesos chilenos
- Ônibus de Rio Puelo a Puerto Varas, individual: $3500,00 pesos chilenos
Cotação em 20/12/2017:
US$ 1,00 = R$ 3,29 = $ argentinos 17,69 = $ chilenos 619,94
Resumo do trekking
- Países: Argentina e Chile
- Cidades próximas: El Bolsón na Argentina (60 km), Cochamó no Chile (45 km)
- Início: controle fronteiriço argentino Río Manso
- Fim: estrada entre Llanada Grande e Lago Tagua Tagua
- Distância total: 40 km
- Duração: 4 dias
- Pontos de água: em todo o percurso
- Subida acumulada: 1267 metros
- Descida acumulada: 1731 metros
- Altitude máxima: 507 metros
- Mapa da trilha: Wikiloc
- Previsão do tempo: Windguru
- Período do trekking: meados de dezembro de 2017
- Dificuldade: Moderada Leve. Necessário bom condicionamento físico.
Dica
- Mesmo pertencendo ao Mercosul, leve seu passaporte. Nem todos os guardas estão devidamente treinados.
Dados sabáticos
820 km trilhados 78 noites acampando 25 cidades 17 áreas naturais 6 travessias 6 meses 3 países |
Quer mais?
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Cochamó
Acampe em La Junta no lindo vale de Cochamó no Chile.
Paso Rio Puelo
Travessia em trilha, do Chile à Argentina, chegando em Lago Puelo.
Refúgio Motoco
Na cidade argentina de Lago Puelo, ao lado de El Bolsón, começa a trilha que leva ao refúgio Motoco.
Refúgios em El Bolsón
Também acampamos nos refúgios El Retamal e Los Laguitos e Piltriquitrón.
Bariloche
Não é só de esqui que vive Bariloche. Vá conhecer o Parque Nahuel Huapi.