Chile, Magallanes y la Antártica Chilena

TORRES DEL PAINE – 130 km do circuito Macizo Paine

O Parque Nacional Torres del Paine é o terceiro parque mais visitado no Chile. Está localizado na cidade Torres del Payne, província de Ultima Esperanza, região de Magallanes y Antártica Chilena.

Entre os principais atrativos estão as imponentes torres de granito que dão nome ao parque: as Torres del Paine, cartão postal de Chile.

É possível conhecer o parque com um tour turístico, de carro, a cavalo, de bicicleta ou a pé. Adivinha qual foi a nossa opção?

Claro que optamos por uma trilha. Há dois circuitos de montanha oficiais:

  • Circuito W: é o circuito mais frequentado pelos trekkers, percorrendo várias paisagens, desde o glaciar Grey até as Torres del Paine, passando pelo Cerro Paine Grande, glaciar e vale del Francés, mirador Británico, lagos Grey, Pehoé, Skottsberg e Nordernskjold. Normalmente os 70 km do circuito W são percorridos em 5 dias.
  • Circuito Macizo Paine: também conhecido como circuito O, rodeia toda a cadeia de montanhas do parque. Engloba os 70 km circuito W e acrescenta mais 60 km de trilha, passando pelo rio e lago Paine, lago e glaciar Dickson, rio e glaciar Los Perros e paso John Garner.

O desafio dos circuitos do parque começa bem antes da viagem. Para percorrer os circuitos é obrigatório reservar, e pagar os acampamentos e/ou refúgios de todo o circuito, com antecedência. São três empresas responsáveis pelas reservas: Conaf (Corporação Nacional Florestal), Vértice Patagônia e Fantástico Sur.

Depois de várias tentativas e combinações de roteiro, no dia 24 de dezembro de 2017, conseguimos reservar nosso circuito Macizo Paine, para começar no dia 16 de março de 2018. Quase com 3 meses de antecedência.

Esse foi nosso último trekking no Chile na temporada 2017/2018. Uma extraordinária despedida de nossa viagem pelo Sul da América.

Resumo da trilha

  • País: Chile
  • Cidades próximas: Puerto Natales, Torres del Payne
  • Início: Refúgio Paine Grande, Parque Nacional Torres del Paine
  • Fim: Refúgio Paine Grande, Parque Nacional Torres del Paine
  • Distância total: 130 km
  • Duração: 10 dias
  • Subida acumulada: 6767 metros
  • Descida acumulada: 6619 metros
  • Altitude máxima: 1193 metros
  • TracklogWikiloc
  • Previsão do tempo: Windguru
  • Período: final de março de 2018

Como chegamos

Nosso destino anterior foi Punta Arenas, que fica a 310 km do Parque Nacional Torres del Paine.

Saindo de Punta Arenas, pegamos um ônibus até Puerto Natales, onde acampamos no camping Guino. Há vários tipos de hospedagens em Puerto Natales, sendo a maioria hostels.

Abaixo o Monumento de La Mano, em Puerto Natales.

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Puerto Natales

Em Puerto Natales saem ônibus todos os dias para o parque, em dois horários: de manhã e à tarde.

Para aproveitar o máximo, saímos às 7h30min de Puerto Natales, chegando às 9 horas na portaria Laguna Amarga, do Parque Nacional Torres del Paine.

Para quem for em outro meio, carro ou bicicleta, há mais 3 portarias: Serrano, Lago Sarmiento e Laguna Azul. O ônibus regular entra somente pela portaria Laguna Amarga.

Fizemos todos os trâmites para ingressar ao parque, desde pagar a caríssima entrada de $CLP 21000,00 ou $USD 34,00 (ótima cotação, valeu a pena pagar em dólar), até assistir um filme educativo. Também recebemos um mapa do parque, em um material bem resistente e à prova d’água.

Demoramos cerca de 1 hora na Laguna Amarga, onde os ônibus aguardam todos os turistas serem liberados pelo guarda-parque. Os ônibus se dividem e cada um vai para um destino. No nosso caso, tivemos que mudar de ônibus e nos acomodar em outro, que iria para Pudeto, e de lá, pegaríamos um catamarã até o início do circuito, em frente ao refúgio Paine Grande.

Há outra opção para começar o circuito, que seria pelo refúgio Central Torres. Neste caso sairia mais barato, pois não teria que cruzar o lago Pehoé por catamarã. A desvantagem é que começando por Central Torres, você estará um pouco mais pesado, com muita comida, durante a ascensão do Paso John Garner.

Roteiro

Fizemos o circuito Macizo Paine em 10 dias, como segue:

  1. Paine Grande a Francés
  2. Miradores Francés e Britânico
  3. Francés a Central Torres
  4. Mirador base de las Torres
  5. Central Torres a Serón
  6. Serón a Dickson
  7. Dickson a Los Perros
  8. Los Perros a Paso
  9. Paso a Grey
  10. Grey a Paine Grande

elevação TDP total

Veja também nosso percurso no mapa 3D em nosso vídeo no YouTube.

dia 1: refúgio Paine Grande – camping Francés

Às 10h45min, o ônibus nos deixou em frente ao catamarã que cruza o lago Pehoé. Uma fila se formava conforme as pessoas saíam dos ônibus. Embarcamos e depois de 30 minutos estávamos navegando.

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lago Pehoé

Foram cerca de 35 minutos para chegarmos no outro lado do lago, onde iniciamos nosso circuito Macizo Paine em Torres del Paine, ao lado do refúgio Paine Grande.

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saindo do refúgio Paine

Logo nos primeiros passos um guarda-parque nos parou e conferiu nossa reserva para o acampamento do dia. Tudo certo, seguimos em frente.

A trilha é extremamente bem demarcada. Impossível se perder no circuito W. Acredito que o circuito W é o trekking mais percorrido do Chile. Sempre com muitas pessoas na trilha.

O primeiro trajeto foi muito tranquilo com poucos desníveis, o que acabou sendo ótimo para quem estava carregando comida para 10 dias.

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Lago Skottsberg

Em 2h30min, conforme previsto no mapa oficial do parque, chegamos no acampamento Italiano. É um acampamento grátis da Conaf e fica perto do mirador Británico. Mas como não conseguimos reserva para este camping, continuamos mais 40 minutos até o acampamento Francés.

O acampamento Francés é da empresa Fantástico Sur e é pago. Tem alguns recursos a mais, como chuveiro quente, banheiro; e pasmem, wi-fi! Plataformas, parecidas com paletes de madeira, foram construídas para acomodar as barracas.

Havia muitas barracas do próprio camping para alugar, mas estavam vazias, só ocupando lugar. Conhecemos um casal carioca que teve que alugar uma barraca, pois não conseguiram vaga para acampar com sua própria barraca. Pessoal só faturando às custas dos turistas.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 1.

elevação TDP dia 1

Resumo dia 1
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
9 km
3 horas
397 metros
274 metros
189 metros

dia 2: camping Francés – mirador Britânico – camping Francés

Como na noite anterior não tínhamos conseguido vaga no camping Italiano, tivemos que voltar 30 minutos até o Italiano, para seguir na trilha que vai até o mirador Britânico.

Esta trilha é uma subida levemente inclinada em um bosque, até chegar, depois 1h30min, no mirador do vale Francés. Neste ponto, foi onde chegamos o mais próximo possível do glaciar Francés. O interessante é ficar observando o glaciar com os ouvidos atentos. De tempos em tempos, uma pequena avalanche rompe glaciar abaixo. Um espetáculo à parte.

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glaciar Francés

Continuamos a subida entre bosques e campos abertos, em direção ao mirador Británico.

No final a subida fica mais inclinada e a trilha um pouco mais chata, com várias grandes pedras para pisarmos.

Após 3 horas, chegamos no mirador Británico, e apreciamos uma linda paisagem do vale com o lago ao fundo e as montanhas atrás.

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mirador Británico
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paredões rochosos no Parque Nacional Torres del Paine

Voltamos pelo mesmo caminho até o camping Francés.

No dia anterior, quando chegamos no camping, havia uma placa informando a presença de ratos e orientando todos a pendurar a comida em árvores. Assim fizemos. Assim fizeram os cariocas que conhecemos em Torres. E para infeliz surpresa, a comida deles foi roubada!!! E não por ratos! Deveria ter uma outra placa, indicando também a presença de ladrões humanos.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 2.

elevação TDP dia 2

Resumo dia 2
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
14 km
5,5 horas
1111 metros
1097 metros
822 metros

dia 3: camping Francés – camping Central Torres

No início da trilha contornamos o lago Nordernskjöld, sob uma forte rajada de vento. Os ventos nos acompanharam até o meio da tarde. Segundo Windguru, chegaram até 70 km/h, derrubando várias pessoas no caminho. Eu mesma caí 3 vezes.

Depois do aprendizado, quando percebia que a rajada se aproximava, me agachava para o vento não me derrubar. Em uma destas vezes, me distanciei do Ramon, olhei para trás e dois rapazes deram uma risadinha. Vi piedade em seus olhares, queriam me socorrer. Quando veio a rajada de vento, olhei para trás novamente e lá estavam os dois no chão. Bem humorados, nós três gargalhávamos.

Os ventos eram tão fortes que levantavam a água do lago para cima, nos molhando com um contínuo chuvisco.

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lago Nordenskjold

Depois de 1h20min chegamos no refúgio e camping Los Cuernos, onde aproveitamos para lanchar dentro do abrigo, protegidos e quentinhos.

O maior trecho do dia foi entre Los Cuernos e o camping Central Torres, levamos 4 horas para percorrê-lo.

Depois das 16h00 o vento foi substituído por uma chuva chata. Acho que eu preferia o vento…

A trilha teve um leve sobe e desce, mas sempre com uma vista para o lago à direita e para as montanhas à esquerda.

O camping Central Torres fica ao lado do estacionamento e é bem lotado. Um ponto negativo para tantas pessoas são os roedores: coelhos fofos e ratos nojentos. Infelizmente tivemos o desprazer de conhecer este último. Se você não quer uma visita noturna de um Mickey Mouse, é imprescindível pendurar a comida em algum lugar alto.

Para quem quiser um ultra conforto, o Hotel Las Torres fica ao lado.

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Hotel Las Torres

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 3.

elevação TDP dia 3

Resumo dia 3
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
16 km
5,5 horas
587 metros
591 metros
255 metros

dia 4: camping Central Torres – mirador base de las Torres – camping Central Torres

Voltamos um pouco pela trilha do dia anterior, passando pelo hotel Las Torres e por uma ponte. A trilha até o mirante base de las Torres segue subindo o morro. Belas paisagens, tanto olhando para frente como para o vale atrás.

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vale do rio Ascencio

Entramos em uma trilha na floresta e pingos de água caíam. Na noite anterior geou e com a ajuda do dia ensolarado, a geada sobre as árvores começou a derreter em nós.

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geada na trilha

Atravessamos uma ponte e no outro lado do rio, depois de 1h15min chegamos no refúgio Chileno.

Mais 1 hora e chegamos no antigo acampamento Torres, onde ainda há um guarda-parque, que nos deu a excelente notícia que o paso John Garner estava liberado. Antes de ir em Torres del Paine, conversamos com um posto da Conaf em Puerto Natales, e tivemos a notícia que o Paso John Garner estava fechado, devido excesso de neve. Estávamos cabisbaixos pensando que não conseguiríamos completar o circuito O. Com a excelente notícia, voltamos para nosso caminho saltitantes.

O final da trilha é uma subida, entre pedras, até chegar no mirador base Torres del Paine; o famoso cartão postal do Chile. Após 3 horas de caminhada neste dia, estávamos no auge do parque.

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pessoal admirando as Torres del Paine

Ao chegarmos algumas nuvens atrapalhavam a visão para as Torres. Sem pressa, todos aguardaram uma brecha no clima, para registrar o momento com céu limpo, ou quase limpo.

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Torres del Paine

Registro concluído, é hora de voltarmos ao camping Central Torres.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 4.

elevação TDP dia 4

Resumo dia 4
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
18,8 km
6,5 horas
1275 metros
1244 metros
890 metros

dia 5: camping Central Torres – camping Serón

Acordamos cedo, saímos da barraca e ao olharmos para cima, tivemos uma grata imagem das Torres, nos primeiros raios de Sol.

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vista das Torres no camping Torres ao amanhecer

Saindo do camping Central Torres não há placas indicando a trilha para o Serón. Foi o trecho mais confuso de todo o circuito. Consultamos nosso GPS e encontramos a subida que nos levaria ao camping Serón.

Praticamente toda a trilha pode ser percorrida por veículo 4×4. Pelo menos dois carros passaram por nós, provavelmente para abastecer o refúgio. Não há transporte para turistas.

Neste dia um céu azul com Sol nos acompanhou, junto com um helicóptero que ia e voltava carregando alguma carga. Depois descobrimos que o helicóptero abastecia o refúgio Dickson, com mantimentos e material de construção.

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helicóptero sobrevoando o parque

Passamos por alguns riachos e começamos a descer o morro, com uma bela vista do rio Paine.

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caminhando ao lado do rio Paine

Atravessamos o vale, onde alguns cavalos pastavam, e após 13 km e 4h20min, chegamos no camping Serón.

Além do camping, o Serón também disponibiliza domos, para acomodar os turistas que querem pagar um pouco mais por conforto.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 5.

elevação TDP dia 5

Resumo dia 5
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
13,9 km
4,5 horas
397 metros
378 metros
385 metros

dia 6: camping Serón – camping Dickson

Neste dia tivemos somente uma subida forte, logo no início da caminhada. Paramos para tirar algumas fotos, descansar e continuamos.

Até o guarda-parque Coirón foram 2h30min. Os guardas conferiram nossas próximas reservas; fizemos um lanche e seguimos em frente. Estávamos no meio do caminho.

Enfrentamos um trecho alagado com muita lama. Mas nada que sujasse muito, pois nos piores lugares havia tábuas de madeira.

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caminhando por um terreno alagado

Chegando próximo ao final do trekking deste dia, é possível avistar o refúgio Dickson, ao lado do lago e glaciar de mesmo nome.

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lago Dickson

Chegamos ao camping depois de 18 km e 5h15min de trilha.

Assim que chegamos o guarda-parque de plantão pediu para verificar, mais uma vez, nossas reservas. Realizar o circuito sem reservas é impossível.

No camping compartilhamos o lugar, com os cavalos e mosquitos, que ali habitavam.

Chuveiro minúsculo, mas pelo menos quente, para relaxar antes de dormir. Vimos que em breve, o Dickson terá uma infra-estrutura melhor, pois está em construção um refúgio e banheiros, para os turistas dos próximos anos.

Um ponto peculiar em Torres del Paine: o lixo. Até o Serón tivemos o luxo de colocar nosso lixo em lixeiras nos refúgios. Entre o Dickson e o Grey, o lixo é responsabilidade de cada um, como todas as trilhas que fizemos até hoje pela América do Sul.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 6.

elevação TDP dia 6

Resumo dia 6
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
17,8 km
5 horas
531 metros
490 metros
357 metros

dia 7: camping Dickson – camping los Perros

O próximo destino foi o camping Los Perros. O caminho é praticamento dentro de uma floresta. Como estávamos no outono, pudemos observar as cores da vegetação mudando de verde para laranja.

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as cores do outono chegando na Patagônia

Andamos perto do rio los Perros, atravessando-o várias vezes com ajuda de pontes.

Foi uma subida tranquila até sairmos do bosque, e nos depararmos com o glaciar Los Perros.

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glaciar Los Perros

O camping, junto com um posto de guarda-parque da Conaf, estava a alguns metros adiante.

Assim que chegamos, nos registramos no guarda-parque, que nos avisou que a saída para atravessar o paso John Garner, será às 7h30min no dia seguinte. E ele irá acompanhar o grupo, como faz todos os dias. Haja disposição!

O camping Los Perros foi nosso primeiro com chuveiro frio em Torres del Paine. Ducha com água do glaciar? Decidimos ficar sujinhos neste dia.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 7.

elevação TDP dia 7

Resumo dia 7
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
11,8 km
4 horas
636 metros
287 metros
574 metros

dia 8: camping los Perros – camping Paso

Saímos todos do camping Los Perros às 7h45min, logo após o nascer do Sol, conforme o pedido do guarda-parque. Éramos em 22 pessoas, que desde o Serón, nos víamos todos os dias.

Para nosso azar estava nevando desde a madrugada e desmontamos a barraca embaixo de neve e muito frio. A vontade de ficar dentro do saco de dormir era infinita, mas tínhamos que continuar. Nossa próxima reserva era no camping gratuito da Conaf, o camping Paso.

A trilha começa atrás do camping Los Perros, dentro da floresta e com muita lama. Fomos subindo até sair do bosque, e visualizarmos o paso de montanha que deveríamos alcançar, o paso John Garner. Seria o ponto mais alto do circuito com 1200 metros de altitude.

O tempo nublou e a neve apertou. Conforme subíamos o vento ficava mais forte. O guarda-parque, que estava caminhando conosco, nos informou que, em um passado recente, um turista morreu naquele trecho por hipotermia. Fazia muito frio neste dia. Os dedos das minhas mãos pareciam que estavam sendo cortados por uma folha de papel.

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subindo o paso John Garner

Foi a única vez em 9 meses sabáticos que usei minha calça impermeável. Agradeci por tê-la carregado à toa todo este tempo. Não posso dizer o mesmo das luvas. Decidi que a única luva impermeável que levaria, seria uma luva de limpeza doméstica multi-uso. O meu erro foi no tamanho da luva, tamanho P, que cabia bem justo na minha mão, impossibilitando de acrescentar uma luva mais quente por baixo. Eu deveria ter comprado uma luva de limpeza maior. O frio foi implacável com meu erro.

Mas não dava para reclamar. Um dos turistas que estavam atravessando o paso John Garner, não tinha um braço. Acho que ele foi o último a chegar no próximo acampamento. Esse trecho deve ter sido bem difícil para ele. Nessas horas, agradeço por ter as duas mãos para sentir dor.

Sem ter muito o que fazer, acelerei meu passo para sair logo daquele sufoco.

Passamos pelo paso e no outro lado da montanha era possível ver o glaciar Grey. Neste lado da montanha quase não ventava e minhas mãos voltaram ao normal. Ufa!

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descendo o paso John Garner

Descemos, entramos no bosque e pedaços de madeira foram colocados para servirem como escada, o que facilitou muito a descida.

Seguimos descendo, passando ao lado do glaciar Grey, até chegar no guarda-parque e camping Paso.

Muitas pessoas que estavam na trilha conosco seguiram adiante até o camping Grey. Algumas não estavam carregando barracas e outras não conseguiram vaga.

O camping Paso estava lotado, pois alguns homens estavam acampados e trabalhando em uma obra de melhoria no banheiro. É um camping gratuito, simples, sem chuveiro, com muito pouca infraestrutura, e bem gelado, ao lado do glaciar. Mais um dia sem banho e sujinhos.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 8.

elevação TDP dia 8

Resumo dia 8
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
8,4 km
5 horas
979 metros
994 metros
1193 metros

dia 9: camping Paso – camping Grey

Antes de ir embora do camping Paso, voltamos alguns metros na trilha para tirar uma foto do glaciar Grey. O clima estava contribuindo.

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apreciando o campo de gelo da Patagônia

Continuamos na trilha rumo ao camping Grey, foi uma descida tranquila dentro da floresta. De vez em quando, as árvores nos davam algumas brechas para vermos novamente o grandioso glaciar.

Passamos por 3 pontes pênseis até chegarmos ao acampamento Grey.

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uma das pontes pênseis do parque

Perto do camping há um mirante para ver alguns blocos de gelo, que estão onde um dia já esteve o glaciar. Uma placa ilustra este retrocesso, que continua ano após ano.

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icebergs do glaciar Grey

Também há um guarda-parque perto do refúgio, com uma bem humorada previsão do tempo.

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previsão do tempo

No camping Grey o chuveiro com água quente voltou, junto com outras mordomias, como um lugar para deixarmos nossos lixos.

Um elegante refúgio acomodava os turistas que não faziam o circuito O. Talvez, muitos nem caminharam para chegar até lá. Há um catamarã que sai do lado da estrada, atravessa o lago Grey, chega bem perto do glaciar e faz uma parada perto do refúgio, deixando as pessoas que queiram ficar por lá.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 9.

elevação TDP dia 9

Resumo dia 9
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
9 km
3,5 horas
432 metros
844 metros
495 metros

dia 10: camping Grey – camping Paine Grande

Último dia do circuito e despedida de nosso último acampamento em Torres del Paine.

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camping Grey

Seguimos caminhando ao lado do lago Grey, rumo ao refúgio Paine Grande, onde sai o catamarã que atravessa o lago Pehoe.

Após uma subida há um mirante para avistar o lago e o começo do glaciar Grey.

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última olhada para o glaciar Grey

Depois descemos até o lago de los Patos e seguimos pelo vale até o refúgio Paine Grande. Chegamos bem na hora que a fila do catamarã começava a se formar.

Uma outra opção, para o último dia, seria seguir por 17 km em trilha até a Sede Administrativa do Parque. Mas cansados, seguimos nosso planejamento original e fomos de catamarã até Pudeto, onde pegamos o ônibus até Puerto Natales.

Adeus Torres del Paine!

Gracias Chile!!!

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 10.

elevação TDP dia 10

Resumo dia 10
Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
10,5 km
3,5 horas
422 metros
420 metros
274 metros

Dicas

  • Faça suas reservas para os acampamentos ou refúgios com pelo menos 3 meses de antecedência.
  • Quando chegar em Puerto Natales e quiser tirar alguma dúvida sobre o parque, pergunte para a Conaf que está dentro do terminal de ônibus. É o lugar melhor informado sobre Torres del Paine.
  • Planeje passar pelo paso John Garner no final do circuito, assim você estará mais leve, carregando menos comida, no trecho de maior desnível do trekking.
  • Melhor horário para ir ao mirador base de las Torres é de manhã, quando o Sol estiver batendo nas Torres. A foto ficará mais bonita.
  • Cuidado com os ratos. Em todos os acampamentos coloque sua comida em uma árvore.
  • Cuidado com os ladrões. Infelizmente eles chegaram em Torres del Paine. Não deixe nada de valor na barraca.
  • Venta bastante no Parque, use uma roupa corta-vento.
  • Vale lembrar que cada um tem que se auto-avaliar para entender se tem condições físicas, psicológicas e técnicas para se aventurar na natureza selvagem. O que é fácil para alguns, pode ser um grande desafio para outros.

Custos

Seguem alguns custos em pesos chilenos (CLP) e dólares americanos (USD).

Puerto Natales

  • Ônibus de Punta Arenas à Puerto Natales, individual: $CLP 8000,00
  • Hospedagem, Camping Guino, Puerto Natales, diária individual: $CLP 6000,00
  • Refeição simples, Puerto Natales, individual: $CLP 9000,00
  • Ônibus de Puerto Natales ao aeroporto, individual: $CLP 8000,00

Parque Nacional Torres del Paine

  • Ônibus de Puerto Natales à Torres del Paine, ida e volta, individual: $CLP 12000,00
  • Entrada do Parque Nacional Torres del Paine, individual: $USD 34,00
  • Catamarã Lago Pehoe no Parque Nacional Torres del Paine, individual, ida-e-volta: $CLP 36000,00
  • Hospedagem Vértice Patagônia; diária individual; campings Dickson, Los Perros e Grey: $USD 8,00
  • Hospedagem Fantástico Sur; diária individual; campings Central Torres, Serón e Francés: $USD 16,00

Cotação oficial em 18/04/2018:
$USD 1,00 = $BRL 3,39 = $CLP 594,05

Dados sabáticos

1351 km trilhados
32 cidades
9 meses
4 países

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Te vejo no próximo relato!

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11 comentários em “TORRES DEL PAINE – 130 km do circuito Macizo Paine”

  1. Oi boa noite. Muito importante e maravilhoso o relato compartilhado de vocês. Poderiam informar que barraca utilizaram bem como a quantidade de peças de roupa para o máximo? Eu e minha namorada iremos em janeiro 2020 e estamos na dúvida de quantas peças levaremos. Muito obrigado desde já

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    1. Oi Fábio! Que bom que o relato foi útil. Nesta viagem fomos com a barraca Naturehike modelo Mongar 2. Compramos no Aliexpress.
      Em relação às roupas, depende. Eu, Paula, passo muito frio, então carrego roupa demais. O Ramon já é mais enxuto… Mas pensando em mim e considerando o frio que passei no Paso John Garner (talvez vcs não vivenciem tanto frio em janeiro), eu consideraria levar: calçado impermeável, jaqueta impermeável, calça impermeável, jaqueta de pluma (a minha é bem quente), blusa fleece grossa, blusa segunda pele, calça segunda pele, calça para trilha, 2 camisetas para trilha, 1 camiseta para dormir, bandana para proteger o rosto do frio e vento, luvas e meias. No Paso foi necessário luvas impermeáveis. Também levei um pequeno sabão para lavar roupa nos acampamentos. Mania de limpeza…
      Espero ter ajudado!
      Abs, Paula

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      1. Muito obrigado pelas valiosas dicas. E quanto à comida, precisaram mesmo pendurar por conta dos roedores? Li relatos em alguns blogs da existência deles e recomendações alertando pendurar nas árvores. Muito obrigado

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      2. Simmmmmm!!!! Os ratos são infernais!!! Se não pendurar a comida, os ratos irão fazer a festa. Se precisar, irão furar barraca, mochila, o que tiver na frente da comida. Pendure sempre!

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  2. Oi, incrível o relato e as fotos de vocês. Parabéns e obrigada por compartilhar esses momentos.
    Gostaria de uma ajuda: vou fazer o circuito O em novembro e não estou conseguindo reservar o camping Paso. Como vocês fizeram para conseguir?

    Curtido por 1 pessoa

    1. Oi Lívia! Fizemos a reserva com 3 meses de antecedência para o final da temporada. Esse camping tem poucas vagas. Acho que só conseguimos por ser final de temporada. É complicado mesmo. Boa sorte!

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  3. Oi Débora! Nós usamos um isolante inflável da Decathlon. Bem confortável. Se vc não for comprar um inflável, sugiro comprar a maior espessura que tiver. Melhor garantir…
    Aproveite Torres del Paine. É um lugar de lindas paisagens. Será inesquecível!

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  4. Olá! Obrigada pelo seu relato e dicas! Estou indo agora em março/18 fazer o Circuito W e tenho uma dúvida: qual isolante térmico vocês usaram? Quero comprar um aluminizado, mas não sei qual a espessura ideal. Preciso comprar um de 1,0 cm ou um mais fino já atende bem?

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  5. Oi muito bom o post, parabéns. Sou sedendário, mas gostaria de fazer o circuito W e alguns trilhas em El Chaltén final de dezembro. Pretendo fazer academia, daria quase três meses até a viagem. Vcs acham pouco tempo de preparação? Obrigado.

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    1. Oi Icaro! Que bom que vc gostou do post.
      Além da academia seria bom checar os exames de rotina no cardiologista.
      Se eu estivesse no seu lugar, focaria na academia e iria. Torres del Paine e El Chaltén são os lugares mais lindos que já vi. Vale a pena o esforço.
      Vi algumas pessoas sedentárias no circuito W. Estavam cansadas mas caminhando 😉😄😎.

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