América do Sul, Aysén, Chile

GLACIAR TIGRE – charmoso glaciar no final da Carretera Austral

 

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No verão de 2020 nós, Paula e Ramon, tivemos mais uma temporada na Patagônia, nosso lugar preferido do planeta. Foram 3 meses percorrendo desde El Calafate, na Argentina, até a Villa Cerro Castillo, no Chile.

No 39º dia de nossa viagem estávamos na Villa O’Higgins e fomos conhecer o Glaciar Tigre.

A Villa O’Higgins é um pequeno vilarejo localizado no final da sublime Carretera Austral, com o mínimo de infraestrutura para atender moradores, turistas e viajantes. Está rodeada de belíssimas montanhas e lagos patagônios.

A trilha ao Glaciar Tigre começa no final da Carretera Austral próximo ao lago Cisnes, a 25 km da Villa O’Higgins. A trilha estava praticamente sem nenhuma sinalização e muito mal demarcada. Apesar das dificuldades, as paisagens valem a pena. Para mim, o Glaciar Tigre foi o melhor lugar que conheci durante nossa viagem à Patagônia no verão de 2020.

Você também pode ver esta trilha no YouTube.


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  1. Resumo
  2. Melhor época
  3. Como chegamos
  4. Roteiro e dia-a-dia
  5. Observações
  6. Custos
  7. Dados sabáticos
  8. Valeu?
  9. Quer mais?

Resumo da caminhada

  • País: Chile
  • Província: Aysén
  • Cidade: Villa O’Higgins
  • Início e Fim: Villa O’Higgins
  • Distância total: 17 km
  • Duração: 2 dias
  • Período: meados de fevereiro de 2020
  • Tracklog: Wikiloc
  • Mapa 3D: YouTube

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Melhor época

Na minha opinião, a melhor época para caminhar pelas trilhas da Patagônia é entre janeiro a abril, quando não há neve e as temperaturas estão mais agradáveis. Em dezembro ainda há uma probabilidade de alguma trilha estar fechada, devido ao excesso de neve que sobrou da última nevasca. Em maio a temperatura cai bastante e a neve ressurge no cenário.

Vale observar que:

  • Toda a região próxima do campo de gelo Sul da Patagônia, que é o caso da Villa O’Higgins, tem um clima imprevisível, caracterizado principalmente pelas fortíssimas rajadas de ventos no verão.
  • Janeiro é quando tudo fica lotadíssimo. Se não gostar da multidão, tente evitar a região próximo a esse período.

Para você ter uma ideia, abaixo segue um histórico do clima durante o ano na Villa O’Higgins (fonte MSN).

Mês Temperatura (ºC) Precipitação máx. (mm) Neve (dias)
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
7 a 14
7 a 14
7 a 13
5 a 11
4 a 8
2 a 6
1 a 6
2 a 6
3 a 7
4 a 9
6 a 12
7 a 13
143
125
146
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Como chegamos

Começamos nossa viagem pelo aeroporto de El Calafate, na Argentina. Depois de 7 dias por lá, partimos de ônibus para El Chaltén, saindo da rodoviária de El Calafate.

Ficamos 19 dias caminhando em El Chaltén, e então seguimos para a Villa O’Higgins pelo Cruce Internacional Glaciares, passando por estradas de rípio, lagos e trilha.

Na Villa O’Higgins ficamos acampados no aconchegante Hostal El Mosco.

Para chegarmos no início da trilha, saímos do Hostal e fomos até a saída da cidade para pedir carona. Acordamos cedo para tentar pegar carona com os primeiros carros que saem do vilarejo. Às 7h30min começamos a pedir carona e às 8 horas estávamos dentro de um carro, percorrendo estrada X-91, que liga a Bahía Bahamonde à famosa Carretera Austral. Foram 25 km até o início da trilha.

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Roteiro

Fizemos a caminhada em 1 noite e 2 dias, como segue:

  1. Estrada X-91 → acampamento próximo do glaciar Tigre
  2. acampamento próximo do glaciar Tigre – ruta X91

Dia 1: Estrada X91 – acampamento próximo do glaciar Tigre

Distância
Tempo sem paradas
Subida acumulada
Descida acumulada
Altitude máxima
7 km
3h30min
890 metros
150 metros
1010 metros

Quando pegamos nossa carona ficamos atentos no GPS para não perdermos a entrada da trilha ao lado da estrada, após o lago Cisnes, e antes do rio Tigre. Há uma tímida placa indicando o início da trilha.

Logo no começo cruzamos um pequeno riacho. Pequeno mas fundo o suficiente para nos molhar acima das canelas. Era um indício de como seria o percurso.

Após o riacho o solo estava com muita lama, conforme subíamos o solo ficava variando entre menos úmido e encharcado. Além disso, visualmente a trilha foi sumindo. Nós salvamos no GPS duas trilhas similares. As duas únicas que encontramos na época no Wikiloc, e tentamos nos guiar com o GPS.

Apesar da trilha estar praticamente isenta de marcação, a paisagem é muito bonita, com vista para o vale do rio Tigre abaixo e montanhas no horizonte.

Patagonia_Chile_Villa OHiggins_Carretera Austral
vista para o vale

Em certo momento vimos alguns totens, aquelas pedras empilhadas que indicam a trilha. Então começamos a segui-los e nos afastando da trilha do GPS. Foi bem confuso, pois nas duas opções não havia trilha. Em alguns, corrigindo, em MUITOS momentos caminhamos em cima de mato e moitas. Foi bem desagradável e cansativo. Mas seguindo as pedras e o GPS, fomos sempre subindo com a presença da paisagem do vale.

Há vários pontos de água durante o caminho. Como quase toda a Patagônia, a trilha é rica em água, principalmente quando se está próximo de glaciares.

Subindo e subindo, sem totens indicando o caminho e um pouco distante do GPS, começamos a ver as montanhas no outro lado, e até mesmo um glaciar, achamos que não era o Tigre, mas não tenho certeza. Muito bonito.

Glaciar Tigre
glaciar à vista!

Sabíamos que o glaciar Tigre estava à esquerda e para nossa sorte vimos um Totem. Fomos seguindo os Totens, indo para esquerda, subindo, chegando mais próximo do GPS, e começamos a ver o Glaciar Tigre. Estávamos chegando.

Passamos por uma área plana, próximo de riachos e com um bom gramado. Paramos por lá e montamos nosso acampamento próximo de uma moita, com as montanhas nevadas no horizonte.

Glaciar Tigre
nossa barraca no lado direito

Barraca montada, subimos mais um pouco, cerca de dez minutos caminhando. E tivemos uma estonteante vista do glaciar Tigre e um lago com várias ilhotas.

Patagonia_Chile_Villa OHiggins_Carretera Austral
Glaciar Tigre

Ao redor, montanhas nevadas. Paisagem muito muito bonita. Valeu a pena todo o perrengue.

Patagonia_Chile_Villa OHiggins_Carretera Austral
Glaciar Tigre

Tiramos fotos, e voltamos para nossa barraca.

Glaciar Tigre
voltando para nossa barraca

O dia estava bem agradável, quente, sem ventos e com Sol. Aproveitamos para tomar um banho e descansarmos fresquinhos.

Glaciar Tigre
poça de água ao lado de nossa barraca

A noite não foi diferente, sem ventos e aconchegante.

Glaciar Tigre
noite tranquila próximo ao Glaciar Tigre

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Dia 2: acampamento próximo do glaciar Tigre – ruta X91

Distância
Tempo sem paradas
Subida acumulada
Descida acumulada
Altitude máxima
6 km
3h00min
100 metros
810 metros
1010 metros

Depois de uma noite COMPLETAMENTE silenciosa, como fazia tempo que não tínhamos, acordamos bem preguiçosos. Às 7 horas tomamos vergonha na cara e levantamos. Por volta das 9 horas começamos o nosso retorno para Villa O’Higgins.

Decidimos tentar um caminho diferente, fomos em direção ao rio Tigre e tentamos descer a montanha pelo nosso lado esquerdo. No dia anterior viemos pelo lado oposto, e achamos bem ruim. Olhando de cima, o lado esquerdo parecia melhor. Ahhh… como nos enganamos.

O retorno foi bem pior. Em alguns trechos brigamos com árvores e arbustos, na tentativa de encontrarmos um caminho longe de precipícios. Foi terrível. E para piorar começou a chuviscar. Não nos molhamos muito, mas nossos ânimos não estavam muito elevados. Ah! Para completar no Ramon torceu seu pé esquerdo duas vezes.

Quando estávamos chegamos na estrada vimos seis carros passando. Socorro! Estávamos perdendo potenciais caronas! Quando chegamos no riacho, encontrei uma ponte de madeira escondida no mato, atravessei a ponte, atravessei o mato e chegamos enfim na estrada.

Era por volta das 13h30min e a chuva começou a apertar. Colocamos nossa roupa de chuva e aguardamos. Fomos ignorados pelos raros carros que passaram, até que às 15 horas parou um caminhão. Ufa! Sem espaço na cabine, fomos na caçamba suja de terra juntos com mais sete pessoas, entre mochileiros e ciclista. Apesar da sujeira, ficamos aliviados de estarmos nos locomovendo rapidamente para a Villa O’Higgins, onde fomos acolhidos novamente pelo Hostal & Camping El Mosco.

Apesar de todo o perrengue, acampar próximo do glaciar Tigre foi muito agradável e bonito. Sem dúvidas foi o melhor camping de 2020. Se um dia voltarmos, com certeza iremos explorar melhor os arredores do glaciar. Isso se voltarmos…

Após 11 dias curtindo a pequena e charmosa Villa O’Higgins, chegou a hora de irmos embora deste vilarejo. Escolhemos a Ruta de Los Pioneros para irmos até nossa próxima cidade, Cochrane.

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Observações

  • Na prática não encontramos trilha para acessar o Glaciar Tigre, seu acesso é mais chato do que difícil. Aconselho ter mais de um tracklog para se guiar.
  • Próximo ao glaciar Tigre que conhecemos, vale tentar ir conhecer o outro lago mais ao norte. Infelizmente a previsão de tempo indicava chuva e decidimos ir embora sem explorar tudo.
  • Se estiver a fim de pagar uma pequena fortuna, é possível conseguir um transporte na Villa O’Higgins para ir ao início da trilha. Nós fomos de carona. Foi demorado, mas totalmente gratuito. 
  • Chegamos na Villa O’Higgins por El Chaltén, e demoramos 5 dias no imprevisível Cruce Internacional Glaciares. O modo mais fácil de chegar na Villa O’Higgins é de ônibus partindo de Cochrane.
  • A internet em toda Villa O’Higgins é muito fraca e rara. Há internet gratuita ao lado da biblioteca municipal.
  • Cartão de crédito é aceito na vila, mas levar dinheiro físico é mais garantido.
  • Não se esqueça da jaqueta impermeável e corta-vento. Villa O’Higgins fica próximo ao Campo de Gelo Sul da Patagônia, e o clima desta região é conhecido como imprevisível.
  • Caso queira se aventurar nesse destino, te desejo boa sorte, ou bons ventos como estão dizendo por aí ultimamente. Lembrando que cada um tem que se auto-avaliar para entender se tem condições físicas, psicológicas e técnicas para se enfiar na natureza. O que é fácil e divertido para alguns, pode ser um grande desafio e chato para outros.

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Custos

Seguem alguns custos em pesos chilenos (CLP), dólares americanos (USD) e equivalentes em reais (BRL), conforme o câmbio e preço da época (fevereiro de 2020).

Gastos no Cruce Internacional Glaciares

  • Cruce Internacional Glaciares, incluindo todos os transportes de El Chaltén a Villa O’Higgins, individual: $USD 120 ($BRL 480)
  • Camping, em Candelario Mancilla, diária individual: $USD 5 ($BRL 20)
  • Refeição, em Candelario Mancilla, individual: $USD 15 ($BRL 60)
  • Café da Manhã, em Candelario Mancilla, individual: $USD 11 ($BRL 44)
  • Quarto, em Candelario Mancilla, diária individual: $USD 15 ($BRL 60)
  • Pão, em Candelario Mancilla, unidade: $USD 1 ($BRL 4)

Gastos na Villa O’Higgins

  • Pão, unidade: $CLP 200 ($BRL 1)
  • Empanada, unidade: $CLP 1500 ($BRL 8)
  • Café, na cafeteria Nortweste, unidade: $CLP 3000 ($BRL 16)
  • Mercado para Hostal, comida para cozinhar no Hostal, média diária individual: $CLP 9320 ($BRL 51)
  • Mercado para trilha, comida para trilha, média diária individual: $CLP 7000 ($BRL 38)
  • Camping El Mosco, diária individual: $CLP 7130 ($BRL 40)

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Dados sabáticos até aqui

5920 km trilhados
142 cidades
8 países
2 ano e 8 meses

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