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Entre janeiro e março de 2024 viajamos por 80 dias no extremo sul da América, sendo que 71 dias foram exclusivamente na Isla Tierra del Fuego. No 51º dia de nossa viagem iniciamos um lindo circuito em Ushuaia, que irei denominar como Circuito Domo Blanco.
Capital da província argentina Tierra del Fuego, Antártida e Islas del Atlántico Sur e apelidada de “Fim do Mundo”, Ushuaia é muito mais do que apenas um ponto no mapa; é um destino turístico fascinante que cativa os viajantes com sua beleza natural e vida selvagem. Localizada na Isla Tierra del Fuego, à beira das águas gélidas do Canal de Beagle, foi por muito tempo reconhecida como a cidade mais austral do mundo, título perdido em 2019 para a cidade chilena Puerto Williams, esta última localizada na Isla Navarino, ilha vizinha à Isla Tierra del Fuego.
Para os amantes da natureza e trilhas, Ushuaia é um prato cheio a ser saboreado devagar, conforme o clima permitir. Rodeada por montanhas nevadas, geleiras, lagoas, vistas panorâmicas e uma costa acidentada, oferece inúmeras trilhas para os aventureiros dispostos a enfrentar o clima instável e ventoso.
Uma das trilhas que conhecemos, e particularmente a que eu mais gostei, foi uma que chamei de Circuito Domo Blanco. É um percurso relativamente curto que os locais mais rústicos percorrem em um dia somente. Nós adicionamos um desvio neste circuito, e assim conhecemos 4 lindas lagunas: Laguna Francia, Laguna Domo Blanco, Laguna Torres del Rhino e Laguna Glaciar Los Vascos.
Em breve você também pode ver nossa travessia em nosso canal do YouTube.
Menu do post
- Resumo
- A trilha
- Equipamentos
- Clima
- Acesso
- Custos
- Relato
- Outras atrações
- Outras fontes
- Valeu?
- Nos acompanhe
Resumo
- País: Argentina
- Província: Tierra del Fuego, Antártida e Islas del Atlántico Sur
- Cidade: Ushuaia
- Início: restaurante do Centro Invernal Tierra Mayor, na ruta 3
- Fim: início da trilha Cascada Beban, na ruta 3
- Distância total: 31 km
- Duração: 3 dias
- Altitude mínima: 181 metros (próximo do Valle Carbajal)
- Altitude máxima: 1006 metros (Mirador Laguna Domo Blanco)
- Realizado em: final de fevereiro de 2024
- Tracklog: Wikiloc
- Previsão do tempo: Windguru
- Mídias: Shorts
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A trilha
Segue abaixo o nosso percurso no mapa:
SENTIDO
Fizemos no sentido Tierra Mayor ao Valle do Rio Beban, que é o sentido que todos fazem. Isso porque neste sentido há uma descida surreal em pedras super escorregadias, onde um tombo é praticamente impossível de se evitar. Fazer no sentido contrário significa subir aquela ladeira, o que deve ser terrivelmente desprazeroso. Não recomendo.
Mas, porém, todavia, entretanto, sei que é possível fazer nos dois sentidos pois nas minhas pesquisas encontrei um tracklog no Wikiloc, que subiu aquela terrível ladeira.
ETAPAS
Considero como as principais etapas da travessia:
- início no Valle Tierra Mayor
- subida ao Paso Frances e à Laguna Francia
- subida à belíssima Laguna Domo Blanco
- deslocamento para as Lagunas Torres del Rhino e Glaciar Los Vascos
- descida surreal por uma canaleta até o Valle do Rio Beban
- chegada à Ruta 3
MODAL
Na minha humilde opinião a trilha só pode ser realizada a pé. Há vários trechos de pedras grandes a serem superados, e além disso também há uma descida surreal em uma canaleta, que só dá para descer escorregando.
Fui em um fim de semana, e junto conosco fizeram o circuito dois grupos de trilheiros e um grupo de trail runners. Todos fizeram o circuito, sem a adição do desvio para ver a Laguna Francia em um dia somente, e no mesmo sentido que nós. É uma caminhada longa e cansativa para um dia, mas é possível de ser realizada considerando que no verão fueguino os dias são longos.
Nós percorremos este circuito acampando duas noites. Passamos por algumas áreas de acampamento durante a subida à Laguna Domo Blanco, na própria Laguna Domo Blanco, na Laguna Torres del Rhino e no vale do rio Beban.
TERRENO e SINALIZAÇÃO
No geral achei o terreno e a sinalização complicados.
No começo da caminhada, até próximo do Paso Frances vi estacas amarelas indicando o caminho, e a trilha estava bem intuitiva. Depois começa a subida mais empinada para a Laguna Domo Blanco. A partir daí o terreno fica pedregoso, com pedras de vários tamanhos. Pedras empilhadas eram as únicas sinalizações do caminho. Não dá para contar com elas, e é necessário ter um tracklog no celular.
Outro ponto de atenção é a descida até o Vale do rio Beban, que foi em uma caneleta pedregosa bem escorregadia. Aliás mal dá para caminhar, tem que descer escorregando mesmo.
Quando chegamos no vale do rio Beban a trilha fica bem confusa de difícil visualização, com um terreno bem alagado, e cruzamento de rio. Ao chegarmos na trilha da Cascada Beban, tudo ficou extremamente fácil.
ÁGUA
Há vários pontos de água no caminho e nos locais onde acampamos.
ALTIMETRIA
A altitude variou de 181 msnm a 1006 msnm. Segue o gráfico de nossa altimetria, no sentido Valle Tierra Mayor ao vale do rio Beban:
Nós tivemos uma ascensão acumulada de 1870 metros e uma descida acumulada de mesmo valor.
Há duas subidas a serem consideradas: Paso Frances e Laguna Domo Blanco. Além dessas subidas, vale comentar sobre a ingríme descida ao Vale do Rio Beban.
Paso Frances
A subida ao Paso Frances, a 954 msnm, foi um opcional que fizemos no que chamei Circuito Domo Blanco. É um passo de montanha que fica ao lado da Laguna Francia e está localizado um pouco antes da subida da Laguna Domo Blanco. A subida se dá em um terreno bem pedregoso, mas sem muitas dificuldades técnicas. Algumas estacas amarelas indicam o caminho. Foi um desnível de aproximadamente 430 metros por quase 2 km, o que resultou em uma subida média de 227 metros por km.
Laguna Domo Blanco
A subida à Laguna Domo Blanco leva ao ponto mais alto do circuito, que fica um pouco antes da laguna, a 1006 msnm. Não sei se dá para chamar de passo de montanha, mas acho que dá para chamar aquele lugar de mirante. A subida é em um terreno bem pedregoso, com pedras de tamanhos consideráveis. A sinalização é bem escassa e se resumia a pedras empilhadas. Foi um desnível de aproximadamente 460 metros por quase 2 km, o que resultou em uma subida média de 199 metros por km.
Vale do Rio Beban
Não costumo citar as descidas por aqui, mas a descida desde a Laguna Torres del Rhino até o vale do Rio Beban vale ser citada, pois a achei bem íngrime em um terreno pedregoso e escorregadio. Eu levei uns três tombos neste trecho. Foi um desnível de 377 metros por somente 1 km.
OPCIONAIS
Laguna Alvear e Laguna Celeste
Se começar a trilha um pouco mais ao leste da ruta 3, parece que dá para incluir mais duas lagoas no circuito: a belíssima Laguna Celeste e a Laguna Alvear. Será uma substituição da subida que nós fizemos, não sendo necessário acrescentar mais dias no circuito. Vale observar que não sei quais são as dificuldades deste opcional. Segue um tracklog que encontrei com este roteiro: Paso Francés / Laguna Francia/ Laguna Alvear circuito completo.
Valle rio Palacios
Depois de conhecer a Laguna Glaciar Los Vascos parece que é possível descer pelo Valle Palacios. Neste caso será uma troca, ao invés de descer até a Ruta 3 para o vale do rio Beban, a descida será até o Lago Fagnano. O problema deste opcional é conseguir um transporte no Lago Fagnano. já que por lá o trafégo de veículos é infinitamente menor do que a movimentada Ruta 3. Fora o transporte, não sei informar quais seria as demais dificuldades deste opcional. Segue um tracklog que encontrei com este roteiro: Valle Palacio Lagunas Torres de Rhino y Domo Blanco.
Glaciar Ojo del Albino e Laguna Esmeralda
Ao chegar no vale do rio Beban, parece que dá para ir até o belíssimo Glaciar Ojo del Albino e descer até a Ruta 3 pela também belíssima Laguna Esmeralda. Acredito que não seja necessário acrescentar mais um dia no circuito. Neste opcional há um trecho de caminhada sobre o glaciar, fora isso não sei informar quais seriam as demais dificuldades. Segue um tracklog que encontrei com este opcional: Domo Blanco, Lag. Torres de Rhino, Glaciar los Vascos, ojo del Albino y laguna Esmeralda….
Circuito Valdivieso
Outra opção de roteiro é emendar o Circuito Valdivieso, acresentando mais 4 ou 5 dias de trilha, após a chegada ao vale do rio Beban. Caminhamos o Circuito Valdivieso em duas ocasiões, em 2018 e 2024. Vou deixar o link de nossa caminhada por aqui: Circuito Valdivieso by Mochilão Sabático.
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Equipamentos
Não tenho a intenção de fazer um check list do que levar na mochila. Acho isso muito pessoal. Mas vou compartilhar algumas informações que acho pertinentes.
Sobre vestuário, nos dias mais frios eu vestia: 1 camiseta de manga comprida, 1 blusa segunda-pele, 1 fleece, 1 jaqueta bem quente de pluma de ganso com capuz, 1 bandana, 1 tiara de fleece, 1 calça legging flanelada e 1 calça impermeável por cima. Mas na maioria dos dias, o clima estava mais agradável, e muitas vezes caminhei só de camiseta e de calça legging normal.
Além do frio, sempre chove por lá, então a jaqueta e a calça impermeáveis são imprescindíveis. Eu usei muito minha calça impermeável em Ushuaia, pois além de proteger da chuva, me aquecia nos dias ventosos, e protegia meu legging do solo enlameado.
O terreno em Ushuaia é muito úmido. Eu, que gosto de manter meus pés secos, fui de tênis impermeável. Meu tênis já estava um pouco usado então a impermeabilidade não foi tão eficiente, mas sem dúvidas foi melhor do que usar um tênis sem impermeabilidade. Vi muitos locais usando polaina, o que é bem útil para caminhar na lama. Tem muita lama por lá. Como eu não tinha polaina, muitas vezes usava minha calça impermeável para não ficar imunda com a lama.
Um ponto interessante a comentar foi a escolha de nossa barraca. Costumamos usar a barraca Lanshan, que é uma barraca não autoportante, ou seja, não tem varetas. Sua sustentação é feita com dois bastões de trekking. Porém para Ushuaia levamos uma Naturehike Mongar 2. Ficamos receosos que os fortes ventos de Ushuaia derrubassem nossa Lanshan, o que na prática vimos que isso aconteceria mesmo. Teve uma noite que quase decolamos para Punta Arenas dentro da barraca. Se tivéssemos na Lanshan, certeza que teríamos decolado.
Também achei bem útil os bastões de trekking para me equilibrar nas trilhas enlameadas. Nas trilhas mais populares, como nas Lagunas Esmeralda, Turquesa e Submarino, é muito fácil encontrar bastões de madeira jogados no chão. Nas demais trilhas não conte com isso.
Se precisar comprar equipamentos, em Ushuaia há algumas lojas especializadas em esportes outdoor, porém achamos tudo muito caro. Durante nossa viagem tivemos um bastão de trekking e nosso fogareiro danificados. Não tivemos coragem de comprar equipamentos novos para substituí-los. Acabamos ficando mancos de bastão, e improvisamos um fogareiro a álcool com latinha de refrigerante. Nas farmácias de Ushuaia é fácil encontrar álcool 90%.
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Clima
A melhor época para visitar qualquer montanha é na época seca, pois obviamente é mais agradável caminhar sem estar molhado, e sem pisar em um solo enlameado. Na época seca provavelmente o céu estará menos encoberto e as chances de apreciar bonitas paisagens são maiores. Além disso o fator vento, principalmente em altas latitudes e/ou altitudes, deve ser avaliado.
Discurso bonito, mas sinto te informar se é clima confortável que procura, você não o encontrará em Ushuaia. Chuva, céu nublado, frio, solo enlameado e ventos fortes são constantes na Isla Tierra del Fuego. No mesmo dia pode chover e aparecer o Sol em um céu azulzinho. Os ventos aparecem dia sim dia não. Calor e umidade serão raridade. Pelo menos foi isso que presenciamos no verão de 2024.
Em Ushuaia o que deverá ser considerado para ser um bom momento para trilhas é a quantidade de neve. Avaliando o site Weather Spark em relação à Ushuaia, observa-se que os meses com menos neve são: novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março.
Abaixo segue gráfico da variação de temperatura e precipitação ao longo do ano segundo Worldmeteo:
Outro fator importante para a vida outdoor é que a duração do dia em Ushuaia varia extremamente ao longo do ano. Em 2024, o dia mais curto é 20 de junho, com 7 horas e 12 minutos de luz solar. O dia mais longo é 21 de dezembro, com 17 horas e 20 minutos de luz solar. Então no verão, os dias são bem mais proveitosos e longos.
NOSSA TRILHA EM FEVEREIRO
Nos dias que percorremos o Circuito Domo Blanco, em fevereiro de 2024, tivemos momentos de Sol com céu parcialmente encoberto, e também chuva fraca e constante que acabou cobrindo as Torres del Rhino. Por sorte não ventou nesses dias.
Durante todo o verão que passamos naquela região o clima foi assim: Sol encoberto e chuva. Dois fatores que olhávamos no Windguru, antes de irmos para a trilha, eram a quantidade de chuva e a velocidade dos ventos. Chuva inferior a 1 mm foi ignorada por nós, e quando não tínhamos certeza se os locais de acampamentos eram abrigados, dávamos uma olhada mais carinhosa na velocidade dos ventos.
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Acesso
COMO CHEGAMOS
Próximo ao Centro de Visitantes no centro de Ushuaia, há um ponto de vans que levam diariamente os turistas aos principais pontos turísticos. Este transporte é denominado como transporte regular. Os veículos saem às 9, 10 e 11 horas da manhã, e retornam em alguns horários da tarde. É possível pagar somente a ida, ou a ida e a volta. Para chegarmos no início da trilha do Circuito Domo Blanco, pegamos uma dessas vans, e pagamos somente a ida até o restaurante Tierra Mayor. Como referência, este restaurante fica próximo da trilha da Cascada Submarino. A viagem durou cerca de 40 minutos.
COMO SAÍMOS
O final do circuito fica na ruta 3, onde começa a trilha à Cascada Beban. Nossa estratégia era tentar carona, ou esperar algum transporte passar, como táxi ou van turística. Um táxi logo apareceu e acabamos aceitando uma corrida fora do táximetro. Foi a corrida mais cara de toda a nossa viagem, custando $ARS 15000 o trajeto para nós dois. Depois descobrimos que um preço justo para esta corrida seriam $ARS 10000.
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Custos
Seguem alguns custos em pesos argentinos (ARS) e equivalentes em reais (BRL), conforme câmbio local e preço da época (final fevereiro de 2024):
- Hospedagem em apartamentos, em Ushuaia, diária casal: $ARS 35000 ($BRL 160)
- Almoço, com bebida em restaurante, individual: $ARS 11500 ($BRL 47)
- Mercado para 3 dias de trilha, individual: $ARS 25093 ($BRL 116) → média diária de $BRL 39/pessoa
- Transporte regular, em Van de Ushuaia à Tierra Mayor, só ida, individual: $CLP 5000 ($BRL 23)
- Táxi, de ruta 3 a Ushuaia, corrida para nós dois: $ARS 15000 ($BRL 70)
Cotação comercial em 23/02/2024:
$USD 1 = $BRL 4,99 = $ARS 837
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Relato
Fizemos a caminhada em 2 noites e 3 dias, como segue:
Dia 1: Tierra Mayor → Paso Frances → Rio Lasifashaj
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
11 km 244 metros 954 metros |
Passamos por:
- Valle Tierra Mayor (244 msnm)
- Laguna Francia (923 msnm)
- Paso Frances (954 msnm)
Saímos de Ushuaia às 10 horas com uma van do transporte regular (ver aba acesso) com destino ao restaurante Tierra Mayor, onde chegamos às 10h40min. O restaurante fica na ruta 3, e está localizado no Valle Tierra Mayor. Passamos pelo restaurante, cruzamos o vale, entramos no bosque, e começamos uma subida.
Havia vários trechos enlameados no bosque. Além do bosque também passamos por trechos de turbal. Apesar da umidade no solo, dava para caminhar sem molhar os pés. Olhando para trás vimos as montanhas no outro lado da Ruta 3.
Quando estávamos a 420 msnm vimos um bom local para acampar dentro do bosque ao lado do rio Lasifashaj. Montamos nossa barraca por lá mesmo.
Barraca montada, fomos até o Paso Frances no estilo bate-volta. Continuamos subindo levemente pelo vale, ao lado do rio, alternando entre bosque e turbal.
Na altura de 530 msnm, viramos para o leste (direita), e subimos cerca de 1,5 km sobre pedras, até o Paso Frances, que fica a 954 msnm. A subida é guiada por algumas estacas e algumas pedras empilhadas.
Ao lado oeste do passo fica a Laguna Francia. Lagoa bonita, com uma cor azul bem bonita e o Cerro Domo Blanco atrás. Pena que estava contra luz. Vimos dois casais na borda da lagoa. Nós ficamos satisfeitos com a vista lá de cima, e decidimos não descer até a água.
Tiramos fotos e fomos até o Paso Frances espiar do outro lado. Eram 16h30min. Sem nevados, a paisagem do outro lado não era muito atrativa. Vimos o vale do rio Alvear e um pedacinho do Lago Fagnano lá no fundo. O Paso Frances pertence à Sierra Alvear.
Depois do passo retornamos até a área de acampamento. No meio do caminho, logo que descemos o Paso Frances, vimos uma pequena área onde era possível acampar. Era um local bem mais interessante para nosso circuito. Pena que não sabíamos de sua existência antes, pois nos teria poupado tempo de caminhada. Lamentamos e continuamos nossa descida até nossa barraca.
Chegamos em nosso acampamento às 18h20min. Tivemos uma boa noite de sono, sem ventania e protegidos pelo bosque. Os dois casais que estavam na Laguna Francia, passaram por nós no final do dia. Eles voltaram para a cidade.
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Dia 2: rio Lasifashaj → Laguna Domo Blanco → rio Beban
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
13 km 357 metros 1006 metros |
Passamos por:
- Laguna Domo Blanco (650 msnm)
- Mirante Valle rio Palacios (840 msnm)
- Laguna Torres del Rhino (780 msnm)
- Laguna Glaciar Los Vascos (770 msnm)
- Vale do rio Beban (357 msnm)
Enquanto estávamos nos arrumando para seguir com nosso circuito, um trio de amigos passaram por nós. Iríamos nos encontrar algumas vezes durante o dia.
Desmontamos acampamento, e às 9h10min seguimos vale acima, repetindo em trecho do caminho que fizemos no dia anterior. Ignoramos a saída da trilha para o Paso Frances, e continuamos subindo margeando o rio.
Conforme subíamos, o terreno foi mudando. Começamos a caminhar em um terreno pedregoso. As sinalizações com estacas sumiram, e somente pedras empilhadas indicavam o caminho. Quando chegamos a 930 msnm, o caminho segue sentido noroeste.
Subimos até uma altitude de 1006 msnm, onde começamos a ver a bela Laguna Domo Blanco.
A cor da água era de um azul bem intenso. O dia estava ótimo. Apesar das nuvens, não havia ventos, favorecendo um impressionante espelho d’água. Descemos até a beira da lagoa. Eram 13h30min. O terreno era bem inclinado cheio de pedrinhas, daquele que escorrega para descer.
Aproveitamos a beira da lagoa para descansar e comer algo. E então um grupo de 6 trail runners passaram por nós. Todos estavam indo na mesma direção que nós. Até porque acho que subir a Laguna Domo Blanco deve ser bem complicado e cansativo, devido ao terreno escorregadio e inclinado.
Fomos para a ponta norte da lagoa a 650 msnm, onde havia um bom gramado para acampar. Se soubéssemos desta área de acampamento, teríamos nos programado para dormirmos por lá.
Saímos da Laguna Domo Blanco, e subimos um morro no seu lado esquerdo. Se a sinalização da trilha estava precária, a partir daqui só piorou. Salve o Wikiloc com seus tracklogs para nos orientar.
Subimos até 830 msnm, e lá de cima tivemos, além da bela vista da Laguna Domo Blanco, a vista para as Lagunas Torres del Rhino e Glaciar los Vascos. Estas duas últimas estavam uma do lado da outra.
Também vimos o Valle do rio Palacios com o Lago Fagnano ao fundo.
Seguimos para a Laguna Torres del Rhino. Era uma lagoa muito bonita com uma cor azul parecida com a Domo Blanco. Na beira da lagoa a cor mudava conforme a profundidade da água. Pena que começou a chover. As Torres del Rhino estavam encobertas.
Continuamos para ver mais de perto a Laguna Glaciar Los Vascos. Essa tinha uma cor azul claro. Linda, com o glaciar atrás. Uma formação rochosa adentrava na laguna, como se fosse uma passarela. Tirei fotos do trio de amigos que estavam lá embaixo. Não nos animamos em descer até a lagoa pois, além da chuva chata que incomodava, também estávamos preocupados com o tempo. Eram 16h10min. Não queríamos caminhar no escuro.
O solo ao redor dessas lagunas era rochoso com muitas pedras de tamanho médio. Voltamos para contornar a Laguna Torres de Rhino, e subimos até um passo de montanha que estava no lado sudoeste da lagoa, a 920 msnm. Foi um pouco confuso, pois a sinalização era muito precária, e com a chuva estava bem difícil de encontrar as pedras empilhadas. Para piorar havia dois passos de montanha, um do lado do outro. Mais uma vez, salve o Wikiloc e seus colaboradores.
A vista no passo era um pouco assustadora. Era uma canaleta com solo super inclinado, mais um pouco virava um penhasco. As pedras estavam super escorregadias. Um rastro no lado esquerdo da canaleta indicava o melhor lugar para caminhar, ou melhor, escorregar.
E assim fomos descendo, escorregando e caindo de bunda, por aproximadamente 1 km. Foi 1 km bem cansativo. Descemos bruscamente até uns 530 msnm. Tiramos as pedrinhas que entraram no sapato, e com a inclinação mais suave, começamos a caminhar de modo civilizado novamente.
Atrás estava o glaciar Beban. Infelizmente todo encoberto pelas nuvens.
Fomos descendo pelo vale, e o terreno passou de rochoso para encharcado. Passamos pela entrada que leva ao Paso Beban e continuamos descendo. Começamos a ficar preocupados com o horário, pois o Sol estava se pondo. E para ajudar a trilha estava pouco visível, se perdendo em alguns pontos.
Assim que encontramos um bosque começamos a procurar um local para acampar. Encontramos um cantinho a 357 msnm. Estávamos a uns 1,5 km da Cascada Beban.
Quando montávamos acampamento às 20 horas, o trio de amigos passou por nós. Em breve eles teriam que usar suas lanternas. Mas pelo menos, depois da Cascada Beban é quase impossível se perder. A trilha viraria um passeio no shopping.
Quando era umas 22 horas, passou mais um casal por nós! Esses sim estavam sofrendo. Como enxergar a trilha naquela escuridão? Já era difícil navegar com a luz do Sol. Imagina à noite. Mas eles eram de Ushuaia… eram bravos locais.
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Dia 3: rio Beban → ruta 3
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
7 km 181 metros 357 metros |
Passamos por:
- Vale do rio Beban (350 msnm)
- Ruta 3 (226 msnm)
Acordamos com um dia bem nublado, e infelizmente mais uma vez não vimos o glaciar Beban lá atrás.
Arrumamos nossas mochilas, e às 8h30min iniciamos nossa descida. Um pouco mais de 1,5 km de caminhada passamos ao lado da Cascada Beban. A cascada Beban nada mais é que um pequeno desnível do rio Beban. Nada demais.
Depois da Cascada a trilha fica super fácil. E assim fomos, com um bom trecho de bosque, por uns 5,5 km até a ruta 3 onde há um estacionamento. Terminamos a trilha às 11 horas, e rapidamente um táxi parou nos levando para Ushuaia.
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Outras atrações
Entre 2018 e 2024, tivemos a oportunidade de conhecermos outras atrações em Ushuaia. Deixo abaixo o link de cada uma delas:
- PINGÜINERA ISLA MARTILLO – o imperdível do verão de Ushuaia
- LAGUNAS SUBMARINO E TURQUESA – nossas últimas lagunas de 2018 em Ushuaia
- CIRCUITO VALDIVIESO – lindas paisagens na trilha mal aproveitada
- GLACIAR VINCIGUERRA E CAÑADÓN DE LA OVEJA – dois destinos entre quatro lagoas
- LAGUNA ESMERALDA – somente 4,5 km de trilha para conhecê-la
- PARQUE TIERRA DEL FUEGO – o parque em uma das cidades mais austrais do planeta
- DOMO BLANCO – belíssimo circuito de 31 km em Ushuaia
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Outras fontes
Está fazendo uma pesquisa para sua viagem? Sempre é bom ler mais de uma fonte. Descobri esta trilha, assim como outras várias de Ushuaia, pesquisando no Wikiloc. Deixo abaixo alguns links que encontrei sobre esta caminhada:
- Wikiloc saquitojqm.: Circuito Domo Blanco
- Wikiloc Yoopen Chen’n: opcional subida pela Laguna Alvear.
- Wikiloc Yoopen Chen’n: opcional descida pela Valle Palacio.
- Wikiloc juanarce405: opcional descida pelo Glaciar Ojo del Albino e Laguna Esmeralda.
- Conocer Ushuaia: Relato Trail Running pelo Circuito Domo Blanco
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