Argentina, Tierra del Fuego, Antártida, islas del Atlântico Sur

CIRCUITO VALDIVIESO – lindas paisagens na trilha mal aproveitada

Um trekking de 60 km percorre as lindas montanhas da Sierra de Valdivieso. É um percurso ainda pouco explorado na patagônia.

Muitos trechos da trilha estão mal sinalizados e fechados pela mata e árvores caídas. As paisagens são muito bonitas, mas o perrengue foi bem irritante.

A serra de Valdivieso fica em Ushuaia na Argentina.

Ushuaia é uma cidade argentina, pertecente à Ilha Tierra del Fuego. É considerada a cidade mais austral do planeta, distante a 1000 km da Antártida.

Como chegamos

Nosso destino anterior foi o deserto de Atacama, no norte do Chile, de onde voamos até a cidade de Punta Arenas. (para ver o roteiro de Atacama, clique aqui)

De Punta Arenas pegamos um ônibus que, após 12 horas de viagem e cruzando o estreito de Magalhães, nos levou até Ushuaia, na Argentina.

Em Ushuaia nos hospedamos em um excelente Airbnb, da anfitriã Carmen, perto do centro, de onde íamos a pé até o ponto de vans, que saem regularmente para algumas atrações.

As vans ficam concentradas na avenida beira-mar, à uma quadra do Centro de Informações Turísticas. Pertencem à linha regular e saem de hora em hora, das 9 às 16 horas.

Como o circuito Valdivieso é pouco explorado, não há uma van específica para o início da trilha. Foi necessário pedir ao motorista para deixarmos na trilha do refúgio Bonete. São aproximadamente 20 minutos de van.

Roteiro

No total foram 5 noites acampando, relatados com detalhes abaixo.

dia 1: ruta 3 – refúgio Bonete

O primeiro trecho é super tranquilo pois é bem frequentado, inclusive por motos.

Vimos até algumas mesas para pic nic.
Foram 45 minutos dentro do bosque. Logo após a saída do bosque há uma pequena cabana escondida no lado esquerdo.

Seguimos a trilha por mais 45 minutos, até chegarmos no refúgio Bonete. É um refúgio bem cuidado e bem convidativo para pernoitar, mas como mal tínhamos caminhado, seguimos em frente.

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Até o refúgio Bonete a trilha é bem demarcada, depois a caminhada é em cima de turbal, e não conseguimos visualizar a trilha. Foi bem chato. E era só o começo.

Caminhamos por 3h30min e improvisamos um acampamento na subida de um morro, ao lado de um rio.

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No dia seguinte choveu muito e como tínhamos comida sobrando, ficamos duas noites neste lugar. Mas para o relato vamos ignorar este dia de espera.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 1.

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Resumo dia 1
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
8 km
3 a 4 horas
313 metros
86 metros
457 metros
Moderada Leve

dia 2: paso Bedan – Salto del Azul

Subimos um pouco, com o vale à nossa direita. Com 1h20min de caminhada descemos para o vale para subir novamente, rumo a um paso de montanha, o paso Bedan.

A subida tinha muitas pedras e em alguns trechos foi necessário uma rápida escalaminhada. Alguns  totens orientavam a trilha mal definida e desprotegida do Sol.

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Muito vento no paso Bedan e a trilha continuava mal demarcada. Éramos somente nós no percurso.

Após o paso descemos lentamente entre pedras. Ao nosso lado esquerdo um riacho com pedras bem brancas nos acompanhava.

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Cruzamos o riacho, passamos por algumas castanheiras e após 4h50min chegamos no Salto del Azul. O aplicativo Maps.Me te leva até este ponto.

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Infelizmente árvores queimadas indicavam que um incêndio tomou conta do lugar em algum momento do passado. Mas mesmo assim foi um excelente lugar para acampar, e para ajudar o dia foi belíssimo.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 2.

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Resumo dia 2
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
9 km
4 a 5 horas
393 metros
601 metros
807 metros
Moderada

dia 3: Salto del Azul – bahia Torito – lago Fagnano – bahia de los Renos

A partir do Salto del Azul há duas possibilidades para prosseguir: seguir o roteiro que está no Maps.Me ou alongar o trekking indo em direção à bahia Torito.

Escolhemos a segunda opção, que não está no Maps.Me, mas tínhamos a trilha em nosso GPS.

Continuamos seguindo o percurso do rio, ficando ao seu lado esquerdo. Em um momento tivemos que atravessar para o lado direito do rio e subir um pequeno morro. Continuávamos acompanhando o rio. Havia muitas pedras e a visualização da trilha estava muito difícil. Trecho exposto ao Sol.

De cima de uma colina e no meio das árvores queimadas, guanacos nos observavam.

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Começa um trecho de reflorestamento, com uma placa explicativa, indicando que estávamos na trilha. O incêndio aconteceu em 2012 e árvores foram plantadas em 2014. Por enquanto só cresceu uma vegetação baixa e frutas vermelhas roseadas.

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Passamos pela laguna la Yegua, com sua água barrosa e espelho d’água. Árvores vivas começam a surgir.

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A trilha fica mais marcada, aparentemente quadriciclos circulam neste trecho. Sinal de civilização. Surge uma ponte e a 200 metros, um pequeno porto no imenso lago Fagnano; era a Bahia Torito. Haviam algumas casas, mas sem sinal de humanos.

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Voltamos para a ‘trilha’. Trilha extremamente mal sinalizada e com muitas árvores caídas. E para piorar começou a chover.

Encontramos uma pequena área para acampar no bosque, ao lado da bahia de los Renos, um braço do lago Fagnano.

Sem contar as paradas foram 4h10min de caminhada.

Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 3.

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Resumo dia 3
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
11 km
4 a 5 horas
193 metros
372 metros
312 metros
Moderada

dia 4: bahia de los Renos – lagunas Mariposa

Continuamos na ‘trilha’, muito mal sinalizada e em muitos momentos tivemos que varar mato. Fiquei com minha perna toda arranhada. Também tivemos momentos de escalaminhada.

Iniciamos uma subida no bosque, que no final nos proporcionou uma bela vista do vale. Desconfiamos que deve ter outro caminho beirando o rio, sem precisar subir muito, mas não conseguimos visualizá-lo. Subimos e depois descemos.

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A trilha passa pelo vale das 5 lagoas.

Após 5h40min, acampamos na terceira lagoa Mariposa, a uns 2 km da trilha que está no Maps Me.

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Seguem abaixo a elevação e o resumo do dia 4.

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Resumo dia 4
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
7 km
5 a 6 horas
558 metros
100 metros
484 metros
Moderada

dia 5: lagunas Mariposa – vale Carbajal

Andamos um pouco e voltamos na trilha do MapsMe. Passamos por mais algumas lagoas e fomos descendo até o vale Carbajal.

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Até aí, tudo estava bem. Trilha razoavelmente marcada, sem grandes obstáculos, exposta ao Sol. Vimos alguns castores nas lagoas.

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Quando chega no vale, uma castorera e muitas árvores caídas atrapalhavam o caminho. Era impossível se manter na trilha. Por conta dos castores, tivemos que desbravar mato e cruzar rio com água quase nos joelhos. O castor é praticamente uma praga na ilha Tierra del Fuego. Foi introduzido pelo homem e sem predadores se multiplicou neste pedaço da Patagônia.

Assim que encontramos um lugar, acampamos, faltando 15 km para estrada.

Abaixo a elevação do percurso do dia 5.

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Resumo dia 5
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
9,5 km
4 a 5 horas
246 metros
525 metros
612 metros
Moderada

dia 6: vale Carbajal – ruta 3

15 km nos distanciavam da civilização. Mas ainda faltava enfrentarmos o turbal do vale Carbajal.

O turbal é um terreno esponjoso e neste vale estava completamente alagado. Era pisar e se molhar.

Neste pedaço da trilha, fitas crepes grudadas nos galhos das árvores nos guiaram. Alguma sinalização! Antes tarde do que nunca…

Atravessamos o vale Carbajal pelo seu lado esquerdo, seguindo as fitas crepes coladas nas árvores. Ficamos a maior parte do tempo margeando o turbal pelo bosque. Até que chegamos na mesma estrada de terra que nos levou ao refúgio Bonete.

Após 6 horas, terminamos o circuito no mesmo ponto de início, mas embaixo de chuva.

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Para ir embora contamos com a habitual gentileza chilena e aguardamos uma carona. Salvem os chilenos!

Resumo dia 6
Total percorrido
Tempo
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
14 km
5 a 6 horas
155 metros
131 metros
222 metros
Moderada

Custos

Custos em pesos chilenos (CLP) e argentinos (ARS).

  • Ônibus de Punta Arenas a Ushuaia, individual: $CLP 34000,00
  • Van de Ushuaia até início da trilha: $ARS 175,00
  • Hospedagem Airbnb, diária casal, quarto privado, banheiro compartilhado, com maravilhoso café da manhã: $ARS 840,00

Cotação em 25/02/2018:
$USD 1,00 = $BRS 3,24 = $ARS 19,95 = $CLP 590,00

Resumo do trekking

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  • País: Argentina
  • Cidade próxima: Ushuaia
  • Início: ruta 3
  • Fim: ruta 3
  • Distância total: 59 km
  • Duração: 6 dias
  • Subida acumulada: 1858 metros
  • Descida acumulada: 1815 metros
  • Altitude máxima: 807 metros
  • Mapa da trilha: Wikiloc
  • Previsão do tempo: Windguru
  • Período do trekking: início de fevereiro de 2018
  • Dificuldade: Moderada Pesada. Péssima orientação da trilha. Imprescindível GPS.

Dicas

  • Caso decida conhecer a Sierra Valdivieso, tenha a consciência que a trilha é mal demarcada e de difícil visualização.
  • Caso não tenha GPS, faça somente a trilha que está no MapsMe. Lembre de baixar o mapa offline em seu celular.

Dados sabáticos

1007 km trilhados
96 noites acampando
29 cidades
11 cumes
8 meses
4 países

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Abaixo, veja outras trilhas que fizemos na Patagônia:

Cochamó
Acampe em La Junta no lindo vale de Cochamó no Chile.

Paso Rio Puelo
Travessia em trilha, do Chile à Argentina, chegando em Lago Puelo.

Refúgio Motoco
Na cidade argentina de Lago Puelo, ao lado de El Bolsón, começa a trilha que leva ao refúgio Motoco.

Refúgios em El Bolsón
Também acampamos nos refúgios El Retamal e Los Laguitos e Piltriquitrón.

Bariloche
Não é só de esqui que vive Bariloche. Vá conhecer o Parque Nahuel Huapi.

Ushuaia
Veja todas as trilhas que fizemos em Ushuaia.

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