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Entre setembro e dezembro de 2021 viajamos por 90 dias na Colômbia. No 81º dia de nossa viagem fomos conhecer o Parque Nacional Natural El Cocuy, um dos lugares mais lindos que vi na Colômbia.
O Parque Nacional Natural El Cocuy, localizado na Cordilheira Oriental dos Andes colombianos, é um santuário de beleza natural incomparável que abriga paisagens montanhosas impressionantes, geleiras imponentes, lagos cristalinos e uma rica biodiversidade. Criado em 1977, o parque possui uma área de 306.000 hectares distribuídos pelos Departamentos Arauca, Casanare e Boyacá.
O parque conta com mais de 20 picos nevados que superam os 5000 metros de altitude, sendo o Ritacuba Blanco o mais alto com 5410 metros. No lado ocidental do parque, a área protegida começa a 4000 metros de altitude, e vai até ao cume máximo da Sierra Nevada. No lado oriental termina a 600 metros de altitude, no sopé plano dos departamentos de Arauca e Casanare.
Menu do post
- Resumo
- A trilha
- Regras
- Clima
- Acesso
- Custos
- Relato
- Outras atrações
- Outras fontes
- Nos acompanhe
- Valeu?
Resumo
- País: Colômbia
- Departamentos: Arauca, Casanare e Boyacá
- Localidades: El Cocuy e Güicán
- Trilhas: Ritacuba, Laguna Grande de La Sierra e Lagunillas Pulpito
- Distância total: 49 km
- Duração: 3 dias
- Altitude mínima: 3580 metros (Hacienda La Esperanza)
- Altitude máxima: 4960 metros (Divino Niño – borda do glaciar Ritacuba)
- Realizado em: início de dezembro de 2021
- Tracklogs: Sendero Lagunillas Pulpito, Sendero Laguna Grande de La Sierra, Sendero Ritacuba.
- Previsão do tempo: Windguru, Mountain Forecast
- Vídeos: Pulpito del Diablo, Laguna Grande de La Sierra, Ritacuba Blanco
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A trilha
Segue abaixo o nosso percurso no mapa:
Senderos
Em 2021 havia três trilhas habilitadas dentro do Parque Nacional Natural El Cocuy:
- Sendero Lagunillas Pulpito: são 4,5 km desde uma altitude de 4000 metros próximo da cabana Sisuma, passando pelo Hotelito, até alcançar a borda do glaciar do Pico Pulpito del Diablo.
- Sendero Laguna Grande de la Sierra: começa em um local conhecido como Cuchumba, e segue por 9,4 km até a borda do glaciar do Pico Cóncavo.
- Sendero Ritacuba: inicia desde os 4.000 msnm e termina na borda do glaciar do pico Ritacuba Blanco, com uma extensão de 5 km.
Modal
As trilhas podem ser realizadas somente a pé. Antigamente o acesso a cavalo também era permitido, mas em algum momento cavalos foram proibidos. Não está claro se é permitido o acesso com bicicletas.
Pernoite
Em 2021 não era permitido pernoitar dentro do Parque Nacional Natural El Cocuy, então todas as trilhas tiveram que ser realizadas no esquema day hiking bate-e-volta. Na noite que antecedeu a primeira trilha dormimos no Hostel El Caminante em El Cocuy, nas duas noites entre as primeira e terceira trilhas, ficamos hospedados na Hacienda La Esperanza, que estava localizada no início da trilha Laguna Grande de La Sierra.
A última noite após a terceira trilha, dormimos em uma hospedagem em Güicán.
Além da Hacienda La Esperanza havia outras hospedagens disponíveis acima dos 3400 msnm, mas acabamos escolhendo a Hacienda La Esperanza pois foi a recomendada pelo pessoal do Hostel El Caminante.
Terreno e sinalização
As trilhas eram muito bem demarcadas e havia algumas placas orientativas no caminho. Foi uma caminhada sem obstáculos físicos, sem necessidade de escalaminhada. Nas partes altas das montanhas havia sinal de celular.
Como tivemos o acompanhamento obrigatório de um guia, não foi necessário nos preocuparmos com a orientação da trilha. A presença do guia foi completamente dispensável para nós. Talvez o guia seja necessário mais como um vigilante do parque, para que ninguém acesse outras áreas não autorizadas e para que ninguém toque na neve, pois é proibido pisar, deslizar-se ou manipular a neve dentro do Parque Nacional Natural el Cocuy.
Nuvens
Outro ponto importante para comentar é que a partir do meio-dia as nuvens costumam dominar o céu. Pelo menos foi o que acompanhei na prática e foi o que um dos guias me informou. Então quanto mais cedo começar a caminhar, mais chances de ver paisagens.
Hidratação
Há alguns pontos de água na trilha, mas é bem desnecessário coletar água na natureza. Como as trilhas são percorridas em um dia em um ambiente frio, levei toda a água necessária em uma garrafa, que para mim foi de 1 litro.
Fauna e flora
Entre as espécias destacadas, encontram-se o Cóndor dos Andes, o Urso de Óculos, e o Frailejón, uma planta típica dos páramos.
Altimetria
A altitude variou de 3580 msnm a 4960 msnm.
Cada dia de caminhada foi destinado para uma trilha do parque, e nos três dias subimos em altitudes superiores a 4000 metros, o que pode causar mal de altitude para algumas pessoas. Segundo o site Manual MSD: “Muitas pessoas podem subir de 1.500 a 2.000 m em um dia, sem problemas; contudo, cerca de 20% das que sobem a 2.500 m e 40% das que sobem a 3.000 m desenvolvem alguma forma de doença das alturas. Taxa de ascensão, altitude máxima alcançada e altitude para dormir influenciam quanto à probabilidade de desenvolvimento desses quadros.”
Para reduzir as chances de mal de altitude, o melhor é ficar a noite que antecede a primeira trilha, em alguma fazenda ou cabana acima dos 3500 msnm. Nós fomos direto de El Cocuy (2720 msnm) para o Sendero Lagunillas Pulpito e tive uma baita dor de cabeça no primeiro dia.
Sendero Lagunillas Pulpito
Na primeira trilha que percorremos alcançamos uma altitude máxima de 4815 metros. O trecho com subida mais acentuada foi de 4,3 km de extensão e de um desnível de 860 metros, o que resultou em uma subida média de 200 metros a cada km.
Sendero Laguna Grande de La Sierra
Apesar da inclinação ter sido a mais suave, achei a trilha Laguna Grande de La Sierra a mais exigente por ter o trecho de subida mais longo com cerca de 5 km. A altitude alcançada foi a menor das três trilhas: 4644 msnm. O trecho com a subida mais acentuada teve um desnível de 830 metros, o que resultou em uma subida média de 156 metros a cada km.
Sendero Ritacuba
A trilha Ritacuba foi a trilha mais inclinada e onde alcançamos nossa maior altitude no Parque Nacional Natural El Cocuy, a 4960 msnm. O trecho com a subida mais acentuada teve 4,1 km de extensão e um desnível de 870 metros, o que resultou em uma subida média de 211 metros a cada km.
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Regras do Parque
As regras citadas abaixo estavam em vigor desde 2021 até a última vez que acessei o site do parque, em 2024.
Guia e Seguro Obrigatórios
É necessário pagar uma tarifa de entrada ao parque, ter uma apólice de seguro e estar acompanhado de um guia credenciado. Destas três obrigações, a mais importante é contratar o guia, pois ele desembaraça todo o resto para você. Qualquer hospedagem poderá te ajudar a encontrar o guia.
Seu guia terá que fazer o seu registro pelo menos um dia antes de ir ao parque, e irá agendar uma conversa para você com o guarda-parque, que aconteceu virtualmente em 2021 às 8h15min, 10h15min, 14h00 e 16h00. Se perder esses horários você não poderá ir ao parque no dia seguinte.
Uma vantagem em El Cocuy é se hospedar no Hostel El Caminante (WhatsApp +57 311 5117363). Este Hostel pertence a dois guias, que me pareceram bem conceituados. Nós fechamos um pacote completo com eles. Todos conheciam Martha e Alfredo, mas mesmo com tanta fama eles tiveram trabalho para conseguirem guias para nós. Apesar de haver quase 200 guias habilitados, a maioria está ocupada com suas atividades primárias, pois ser guia é somente um extra para eles.
Antes de conversarmos com Martha chegamos a ir ao escritório do Parque Nacional em El Cocuy. Queríamos informações de como poderíamos visitar o parque. E as informações fornecidas foram: “procure um guia”. Péssima atenção ao turista. Ruim demais. Nem mapinha nos mostraram. Não tiveram a mínima vontade de falar o básico, nem quantas trilhas estavam autorizadas. Nadica de nada. Só apontaram para a parede, onde havia uma lista gigante de guias com seus telefones. Nem a bunda da cadeira tiraram.
Vuelta el Cocuy
Desde 2009 um lindo circuito de vários dias conhecido como Vuelta El Cocuy, foi proibido. Segundo informações oficiais o motivo é: “El territorio del resguardo indígena está cerrado al turismo por lo que está prohibido transitar por el flanco oriental. El sendero conocido como “VUELTA A LA SIERRA” está cerrado.”.
Para quem tem curiosidade segue abaixo um vídeo de Andres Felipe Navas Arias, que fez este circuito em 2021:
Acesso ao Glaciar
É proibido tocar na neve ou glaciar dentro do parque. O guia me deu duas explicações: a primeira é para conservar o glaciar, pois eles acreditam que com isso o derretimento do glaciar pode ser minimizado/retardado. E o outro motivo é porque o glaciar é considerado sagrado pelos indígenas UW’A.
Pernoite no parque
Como já citei mais acima, infelizmente é proibido pernoitar no parque. Passamos por um refúgio de montanha e algumas áreas que um dia foi disponibilizada para camping selvagem. Tudo vetado.
É realmente uma pena que o Parque Nacional Natural El Cocuy tenha tantas restrições e impeça que os trilheiros possam desfrutar de um lugar tão lindo.
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Clima
A melhor época para visitar qualquer montanha é na época seca, pois obviamente é mais agradável caminhar sem estar molhado, e sem pisar em um solo enlameado. Na época seca provavelmente o céu estará menos encoberto e as chances de apreciar bonitas paisagens são maiores.
Infelizmente não encontrei no site Weather Spark o relatório de clima dos dois municípios próximos do Parque Nacional Natural El Cocuy: El Cocuy e Güicán. O munícipio mais próximo com altitude superior a 2500 metros com um relatório disponível no Weather Spark é Chita. Em Chita observa-se que os meses mais secos são: dezembro, janeiro, fevereiro e março. Que são os meses mais indicados para visitar o Parque Nacional Natural El Cocuy.
Nossa trilha em dezembro
O clima nos pareceu um tanto quanto instável em dezembro. Antes de irmos para El Cocuy, avaliamos a previsão do tempo. Chegamos a adiar cerca de uma semana nossa ida ao parque devido às chuvas, o que deu certo, pois nos dias que fomos não choveu. O clima estava seco e frio, bem agradável para caminhar. Outro ponto importante para comentar é que a partir do meio-dia as nuvens costumam dominar o céu. Pelo menos foi o que acompanhei na prática, e foi o que um dos guias me informou. Então quanto mais cedo começar a caminhar, mais chances de ver paisagens.
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Acesso
COMO CHEGAMOS
Há duas cidades de acesso ao Parque Nacional Natural El Cocuy: El Cocuy e Güicán.
Conhecemos as duas cidades, e achei que El Cocuy é um pouco mais estruturado, com mais restaurantes e mercados. Mas não se empolgue, as duas cidades são muito simples. A comida é bem básica e nem café expresso há. Nós optamos em dormir a primeira noite em El Cocuy e terminar as trilhas em Güicán.
Para chegar em El Cocuy enfrentamos uma longa viagem de ônibus e van desde Bogotá, a capital da Colômbia. De Bogotá fomos até Sogamoso, visitando e dormindo em alguns pontos turísticos no caminho, como Zipaquirá, Villa de Leyva, Lago Tota e Monguí.
Desde Sogamoso começou de fato nossa saga até El Cocuy. Digo saga pois a estrada é extremamente sinuosa, cheia de curvas. Várias pessoas passam mal. Os mais preparados já levam consigo uma bolsa de plástico para despejar os seus enjoos.
Não encontramos nenhum transporte que nos levasse direto para El Cocuy, e tivemos que fazer alguns translados. Em Sogamoso pegamos um ônibus às 12h50min com destino à Duitama, onde chegamos depois de 50 minutos. Em Duitama pegamos uma van às 14h35min com destino à Soatá, onde chegamos 17h30min. Como era tarde, dormimos uma noite em Soatá e no dia seguinte partimos para El Cocuy. Havia 3 horários de ônibus saindo de Soatá até El Cocuy: 7h00, 11h30 e por volta das 16 horas. Pegamos o ônibus das 11h30min e chegamos em El Cocuy às 15h40min.
Aproveitamos o dia da chegada para comprarmos o lanche de trilha para os dias seguintes.
COMO SAÍMOS
Nossas caminhadas pelo Parque Nacional Natural El Cocuy terminaram na cidade de Güicán, onde passamos uma noite. Em Güicán pegamos um ônibus às 10 horas da manhã, e chegamos às 14h30min em Soatá.
Passamos uma noite em Soatá, e no dia seguinte, às 8h30min pegamos mais um transporte público até Duitama, onde chegamos às 11h10min. Assim que chegamos em Duitama pegamos mais um transporte até Bogotá.
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Custos
Seguem alguns custos em pesos colombianos (COP), e equivalentes em reais (BRL), conforme câmbio local e preço da época (dezembro de 2021):
Transporte de saída
- Ônibus de Güicán a Soatá, individual: $COP 25.000 ($BRL 39)
- Ônibus de Soatá a Duitama, individual: $COP 15.000 ($BRL 24)
- Ônibus de Duitama a Bogotá, individual: $COP 30.000 ($BRL 48)
Hospedagem
- Hostel El Caminante, em El Cocuy, quarto duplo com banheiro, diária casal: $COP 60.000 ($BRL 93)
- Hacienda La Esperanza, Sierra Nevada El Cocuy, diária individual com refeição e café da manhã: $COP 70.000 ($BRL 109)
- Hotel Brisas de Nevado, em Güicán, diária casal: $COP 90.000 ($BRL 140)
- Hotel Internacional, em Soatá, diária casal: $COP 55.000 ($BRL 85)
- Hotel Oceania, em Bogotá, diária casal: $COP 85.500 ($BRL 133)
Alimentação
- Almoço em restaurante, em El Cocuy, refeição individual: $COP 8.000 ($BRL 12)
- Lanche de trilha, mercado em El Cocuy, lanche individual para 3 dias: $COP 14.200 ($BRL 22)
- Almoço em restaurante, em Guicán, refeição individual: $COP 26.000 ($BRL 40)
- Restaurante Wok, em Bogotá, almoço individual: $COP 36.000 ($BRL 58)
Parque
- Guia, preço por dia para 2 pessoas: $COP 180.000 ($BRL 288)
- Entrada no parque com seguro, individual para os 3 dias: $COP 246.000 ($BRL 382)
- Transfer para o parque, ida e volta, para as 2 pessoas: $COP 300.000 ($BRL 466)
Pacotes fechados
Abaixo seguem pacotes informados em 2024 no WhatsApp do Hostal El Caminante (+57 311 5117363). Estão inclusos guia, hospedagem, café da manhã, transfer, seguro, e entrada no parque. Há descontos para pacotes com mais pessoas.
- Pacote de 4 dias: com 1 trilha de aclimatação + 3 trilhas do parque: $COP 2.500.000 por pessoa
- Pacote de 3 dias: com 1 trilha de aclimatação + 2 trilhas do parque: $COP 1.850.000 por pessoa
- Pacote de 2 dias: com 1 trilha de aclimatação + 1 trilha do parque: $COP 1.150.000 por pessoa
Cotação comercial em 04/12/2021:
$USD 1,00 = $BRL 5,65 = $COP 0,00025
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Relato
Fizemos a caminhada em 3 dias, como segue:
Dia 1: Sendero Lagunillas Pulpito
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
16 km 3876 metros 4815 metros |
Passamos por:
- Laguna La Pintada (3960 msnm)
- Hotelito (4290 msnm)
- Borda do Glaciar Pan de Azucar (4815 msnm)
Nosso dia começou cedo. Despertamos na madrugada do dia 3 de dezembro de 2021, no Hostel El Caminante em El Cocuy. Às 4h30min partimos de caminhonete por 18 km até o início da trilha Lagunillas Pulpito. Escolhemos esta trilha por ser a mais próxima da cidade de El Cocuy.
Depois de 50 minutos de carro chegamos na casa de controle do Parque Nacional Natural El Cocuy, onde nossa guia apresentou nosso registro ao guarda-parque. Seguimos mais um pouco de carro, e às 5h40min começamos enfim nossa caminhada.
Caminhamos ao lado do vale do rio Lagunillas, onde avistamos muitos veados, e vimos de longe o refúgio Sisuma, uma antiga cabana, que servia de hospedagem alguns anos atrás. Infelizmente o parque nacional proibiu pernoites na área protegida, e a cabana foi desativada.
Seguimos até a Laguna Pintada, onde a trilha se divide. Ao sul da laguna segue a Vuelta El Cocuy, que estava proibida em 2021, e à leste a trilha segue para o Púlpito del Diablo, nosso destino do dia.
Subimos levemente pelo lado leste da Laguna La Pintada, até alcançamos La Plazuela, a 3965 metros de altitude. A partir da La Plazuela a subida fica um pouco mais inclinada, mas ainda estava tranquila para mim. Conforme avançávamos, os frailejones floridos se tornavam mais presentes. Os frailejones crescem 1 cm por ano, e estão presentes em atitudes superiores a 3000 metros, somente na Colômbia, Peru, Venezuela e Equador.
Seguimos subindo até o Hotelito, a 4290 metros de altitude, que nos serviu como ponto de parada e descanso. No passado, era permitido acampar e chegar a cavalo no Hotelito. Em 2021 ambas as atividades estavam proibidas. Em relação aos cavalos acho até bom, pois os cavalos deixam a trilha muito enlameada.
Depois do Hotelito, o caminho segue acima com uma inclinação maior, entre grandes pedras. A altitude neste dia foi um desafio. Como não estávamos devidamente aclimatados, sentimos a falta de ar a cada passo. Por volta das 8h20min o Sol nos alcançou. Até aquele momento estávamos caminhando na sombra.
Chegamos na borda do glaciar Pan de Azucar às 10h15min, onde a grande rocha retangular, conhecida como Pulpito del Diablo, roubava a cena. Ao lado do Pulpito, coberto pelo glaciar, está o cume do Pan de Azucar.
Após chegarmos na borda do glaciar minha cabeça começou a doer. A soma da falta de aclimatação e duas noites seguidas mal dormidas estavam me cobrando o preço. Essa dor de cabeça iria passar somente no dia seguinte.
Quando iniciamos nosso retorno, vimos mais um grupo se aproximando. Havia somente nós e esse grupo na montanha neste dia. Descemos pelo mesmo caminho que viemos, com um pequeno desvio para ver duas lagunas, conhecidas como Ojos de La Sierra.
Lá para 12h30min, as nuvens foram surgindo e dominando o céu. Nas partes altas das montanhas havia sinal de celular. Assim nossa guia avisou o Alfredo, dono do Hostel El Caminante, como estava nosso progresso para que ele se organizasse para nos buscar de carro no final da trilha, onde chegamos às 14h20min.
Esperamos Alfredo por uns 10 minutos, em uma casa onde um campesino oferecia bebidas, e aparentemente ele também era guia.
O Alfredo nos levou até a Hacienda La Esperanza, onde chegamos por volta das 15h10min. Dormimos na Hacienda La Esperanza, a 3580 msnm, por duas noites. Tivemos um quarto só para nós, com um banheiro externo compartilhado.
Nesta noite eu estava com uma tremenda dor de cabeça e mal consegui jantar. Uma pena, pois a arepa com queijo estava uma delícia e acabei deixando um pouco no prato.
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Dia 2: Sendero Laguna Grande de la Sierra
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
18 km 3580 metros 4644 metros |
Passamos por:
- Valle de Los Frailejones (3790 msnm)
- Cueva del Hombre (4450 msnm)
- Laguna Grande de La Sierra (4600 msnm)
- Borda do Glaciar del Concavo (4644 msnm)
A trilha para a Laguna Grande de La Sierra começa na própria Hacienda La Esperanza. No dia anterior Alfredo já havia passado no guarda-parque, que fica a poucos metros da fazenda, para entregar nossa papelada.
Acordamos cedo, tomamos café da manhã e às 6h10min nosso guia, que se não me engano chamava Carlos, chegou. A caminhada iniciou na própria fazenda, paralelo ao rio Cóncavo.
Era sábado, e havia conosco mais 3 grupos na trilha. Nós fomos os últimos a sair da fazenda.
Na frente, logo vimos uma queda d’água dominando a montanha. Segundo o guia é a Cascada Cóncavo, nos mapas que vi está denominada como Cascada La Cuchumba.
Seguimos subindo pelas terras da fazenda, passando ao lado de uma imagem católica e de uma cabana, que serve como repouso para turistas.
Às 6h50min saímos oficialmente da fazenda e entramos no parque nacional. Teríamos mais 11 km de trilha até a borda do glaciar. Logo começamos a ver um pico nevado, era o San Pablín Norte.
Passamos ao lado da Cascada La Cuchumba e tivemos uma outra vista do Pulpito del Diablo e Pan de Azucar. Neste momento o Sol nos alcançou e ultrapassamos dois grupos. Segundo o guia, os colombianos não estão acostumados a caminhar, e sempre são os mais lentos quando comparados com os europeus. Nós éramos uma exceção, pois os brasileiros também costumam ser lentos.
Em seguida caminhamos pelo valle de Los Frailejones, a 3790 msnm.
Depois do vale a subida ficou mais forte. Devido à larga subida, achei esta trilha a mais difícil dos 3 dias.
No meio da subida, a 4078 msnm havia um lugar bom para descansar, chamado de Sector El Puma, onde aproveitamos para descansar e comer algo.
Passamos pela Cueva del Hombre, uma pequena cova onde era permitido acampar.
O Pulpito ia ficando cada vez maior, e no meio da subida passamos por uma poça de água, que era quase uma laguna. Segundo o guia era a Laguna Temporal, mas nos mapas que vi a laguna temporal fica abaixo do Valle de Frailejones. Um pouco antes desta pequena laguna, cujo nome tenho dúvidas, o pico Cóncavo começou a aparecer.
Conforme subíamos os frailejones foram ficando escassos e um terreno rochoso dominava o cenário.
Após 10,8 km de caminhada, alcançamos a Laguna Grande de la Sierra, a 4.600 metros de altitude. A vista era surreal: o lago cintilante, cercado por geleiras imponentes e picos nevados, criava um cenário de tirar o fôlego. Avistamos vários picos, entre eles: Pulpito del Diablo, Pan de Azucar, El Portales, El Toti, Laguna Grande de La Sierra e Cóncavo.
Próxima da laguna havia uma boa área de camping, proibida, claro!
Aliás, quando chegamos na laguna me pareceu que o guia não queria continuar. Sentou e ficou parado. Depois de tirar fotos, eu coloquei a mochila nas costas e perguntei:
– Vamos continuar? A trilha continua, certo?
O guia continuou sentado imóvel, e disse:
– Sim, se vocês quiserem continuar…
– O que tem lá em cima?, perguntei.
Respondeu o guia, ainda imóvel:
– O glaciar, que vocês estão vendo daqui.
Chegamos a cogitar a não ir, pois estávamos cansados, e o guia deixou a gente com dúvida. Mas decidimos continuar. Depois ficou óbvio que valia a pena continuar. Era cedo, estávamos bem e o dia lindo. Que papo foi aquele do guia? Colocando em dúvida se valia a pena?! Esse negócio de obrigar a contratar guia é bem ruim mesmo. Já que guia é obrigatório, eles deveriam se esforçar para prestar um bom serviço. Era o mínimo…
Seguimos contornando a laguna, subindo em direção ao glaciar do Cóncavo, cada vez mais gigante.
Às 11 horas chegamos na borda do glaciar. Lá já estava um casal de Bogotá, os primeiros a chegarem. Gostei mais deste glaciar do que o glaciar do dia anterior (Sendero Lagunillas Pulpito). Havia um contraste bonito de cores: branco, azul e cinza amarronzado.
Após curtirmos a beleza do local, iniciamos o retorno, cruzando com outros grupos que se esforçavam para chegar na borda do glaciar antes das nuvens. Como no dia anterior, às 12h30min as nuvens começaram a invadir o céu, e logo as montanhas foram encobertas. Quem viu, viu. Quem não viu, não via mais.
Às 15h10min estávamos de volta na Hacienda La Esperanza para mais uma noite. Desta vez, sem dor de cabeça.
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Dia 3: Sendero Ritacuba
| Distância Altitude mínima Altitude máxima |
15 km 3727 metros 4960 metros |
Passamos por:
- Sitio Lajas (4540 msnm)
- Borda do Glaciar Ritacuba (4960 msnm)
No último dia da nossa jornada, acordamos na Hacienda La Esperanza, arrumamos nossas mochilas, tomamos café, e às 6h15min partimos com Alfredo em direção ao início da trilha Ritacuba, onde chegamos de carro após 14 km e 40 minutos.
Iniciamos a caminhada no vale do Rio Playitas, em frente às Cabañas Kanwara, onde também é uma opção de hospedagem. Mas segundo Martha, esposa de Alfredo, é bem mais caro que a Hacienda La Esperanza. Lá já era possível avistar o glaciar Ritacuba Blanco.
Nos primeiros passos o Sol já batia em nossas cabeças. Para refrescar nossas vistas além do Ritacuba, também começamos a ver o Pan de Azucar. No começo da trilha vimos banheiros secos. Achei o lugar do banheiro um pouco sem utilidade. Seria muito mais proveitoso se tivesse um banheiro no meio do caminho.
Passsamos mais uma vez pelo Páramo Colombiano repleto de frailejones. Seria nosso último páramo da viagem.
Depois de uma ponte sobre o rio Playitas a 4050 metros de altitude, a subida ficou mais inclinada.
Passamos por mais uma ponte do rio Playitas e começamos a caminhar sobre um terreno rochoso. Um pouco mais acima encontramos uma antiga área de acampamento.
Bem próximo da borda do glaciar, passamos pelo Sítio Lajas, onde antigamente os cavalos eram amarrados.
Após 6,5 km de caminhada, às 10h30min, alcançamos a borda do glaciar Ritacuba Blanco, a cerca de 4.930 metros de altitude. A vista era tão impressionante como nos dias anteriores: um glaciar gigante dominava a paisagem.
De lá também era possível ver o Pan de Azucar e o Pulpito del Diablo.
Aproveitamos a oportunidade para saborear um lanche enquanto admirávamos a magnitude da natureza.
Às 11h10min as nuvens chegaram mais cedo e já não era possível ver o vale a frente.
Iniciamos o retorno, nos despedindo do Parque Nacional Natural El Cocuy. Finalizamos a trilha às 13h50min e partimos de carro para Güican, com a certeza de que tínhamos conhecido um dos lugares mais lindos da Colômbia.
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Outras atrações
Tivemos a oportunidade de explorarmos um pouco mais da Colômbia, e aproveito para compartilhar com você outros lugares que conhecemos neste país:
- PARQUE NACIONAL NATURAL EL COCUY – 49 km pelas belezas naturais colombianas
- PARQUE NACIONAL NATURAL LOS NEVADOS – travessia Potosí a Valle del Cocora
- VULCÃO PURACÉ – um dos vulcões mais ativos da Colômbia
- DESIERTO DE LA TATACOA – caminhando na aridez colombiana
- CAÑO CRISTALES – o rio mais lindo do mundo
- CUEVA DEL ESPLENDOR – em Jardín
- CERRO DE LAS TRES CRUCES – em Cali
- CERRO MONSERRATE – em Bogotá
- SAN ANDRÉS – mergulhando no Caribe
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Outras fontes
Está fazendo uma pesquisa para sua viagem? Sempre é bom ler mais de uma fonte. Deixo abaixo alguns links que encontrei sobre esta caminhada.
- Parques Nacionales: site do governo colombiano
- Travelgrafia: Guias de viagem em Colômbia
- TrekMundi: Relato de viagem de Victor Prates
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Mochilão Sabático 
Que perfeito todo o relato de vocês, ÓTIMA ESCRITA, separando todos os tópicos, com seus valores, isso.sim é um blog de viagem! Eu ando com medo de fazer trilhar em altura, justamente pelo mal da altitude, sempre me dá uma grande dor de cabeça….Saudades de perambular pela nossa América do Sul, Colômbia é realmente linds, mas fiquei apenas 15 dias pelas principais cidades!
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Obrigada demais pelo seu comentário Rogério. Fico feliz que tenha gostado do post. Dá um trabalho….
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Que perfeito todo o relato de vocês, ÓTIMA ESCRITA, separando todos os tópicos, com seus valores, isso.sim é um blog de viagem! Eu ando com medo de fazer trilhar em altura, justamente pelo mal da altitude, sempre me dá uma grande dor de cabeça….
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