América do Sul, Bahia, Brasil

LENÇÓIS A CAPÃO – travessia de 3 dias na Chapada Diamantina

A travessia entre a cidade baiana de Lençóis ao distrito Caeté Açu, pode ser feita por dois caminhos. O mais percorrido passa próximo ao Morrão e Águas Claras. Optamos pela outra trilha, e conhecemos as cachoeiras Palmital, Capivara e Fumaça.

O destino, Caeté Açu, é um distrito da cidade de Palmeiras, fica no vale do Capão e é popularmente conhecida como somente “Capão”.

Todo o percurso transcorre pela Chapada Diamantina.

Como chegamos

A partir da rodoviária de Salvador, capital da Bahia, pegamos um ônibus até a cidade Lençóis, pela viação Rápido Federal. Foram 6,5 horas de viagem.

Em Lençóis ficamos hospedados em um confortável Airbnb, na casa da Didi, com direito a uma cama king size.

De Lençóis iniciamos a travessia até Capão. Não é preciso nenhum transporte em carro. Para nos guiar usamos nosso GPS e o MapsMe.

Resumo do trekking

  • País: Brasil
  • Cidades próximas: Lençóis e Palmeiras (Bahia)
  • Início: Lençóis
  • Fim: Caeté Açu/Capão
  • Distância total: 26 km
  • Duração: 3 dias
  • Subida acumulada: 1826 metros
  • Descida acumulada: 1363 metros
  • Altitude máxima: 1327 metros
  • Mapa da trilha: Wikiloc
  • Período do trekking: final de maio de 2018
  • Dificuldade: Moderada Pesada. Não recomendada para iniciantes. Necessário muito bom condicionamento físico e experiência em montanhismo.

Segue mapa da travessia:

Roteiro

Percorremos a travessia em 2 noites e 3 dias, mas depois da experiência, entendemos que para melhor desfrute, o ideal seria fazê-la em 4 ou 5 dias. Segue o roteiro que fizemos:

  1. Lençóis a 2 km do camping Palmital
  2. Próximo do Camping Palmital – toca do Macaco
  3. Toca do Macaco – Capão

dia 1: Lençóis – 2 km do camping Palmital

Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
8,4 km
3,5 horas
616 metros
294 metros
836 metros
Moderada

Segue a elevação do dia 1.

Passamos por:

  • Ribeirão do Meio

Saímos de Lençóis um pouco tarde, por volta das 9h30min da manhã. Estávamos cansados da trilha do dia anterior (cachoeira do Sossego), e decidimos dormir mais um pouco. Pagaríamos caro por essa decisão.

O começo da trilha é extremamente bem demarcado. Muitas pessoas andam por ela até chegar às piscinas naturais e ao tobogã do Ribeirão do Meio.

São cerca de 50 minutos de caminhada até esta primeira atração. No caminho havia um bar, pronto para faturar naquele domingo ensolarado e quente. Muitos moradores locais aproveitavam para se refrescar do calor baiano.

A trilha continua depois do Ribeirão do Meio, mas começa a ficar bem confusa. A partir deste ponto não vimos mais ninguém.

Atravessamos o rio e seguimos ladeira acima. Uma seta aqui e um totem acolá, nos mostravam de vez em quando o caminho. É muito importante o uso de GPS, pois a sinalização da trilha é bem precária.

Nunca suei tanto em um trekking. A maior parte do trajeto estávamos sob o Sol, e eram raros os momentos de sombra.

Continuamos subindo até que a paisagem se abriu e vimos um paredão imponente no horizonte. Um barulho de rio e árvores logo abaixo nos animaram. Descemos e encontramos um lugar plano. Não pensamos duas vezes, montamos nosso acampamento.

Faltavam 1,8 km para o camping Palmital, onde era nosso objetivo inicial. Mas o calor baiano nos cansou e decidimos parar antes. O certo seria acordar cedo para caminhar na agradável temperatura matutina. Essa foi nossa estratégia depois deste dia fatigante.

dia 2: próximo camping Palmital – toca do Macaco

Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
5,5 km
4 horas
399 metros
480 metros
830 metros
Moderada Pesada

Segue a elevação do dia 2.

Passamos por:

  • cachoeira Palmital
  • cachoeira Capivara

Para aproveitar o frescor da manhã, saímos às 6h20min do acampamento. Doce ilusão. Bastaram 30 minutos de caminhada para o suor pingar em nossas testas. E assim foi o dia todo.

Até o camping Palmital, a trilha segue na floresta. No caminho, o Ramon viu uma cobra se escondendo entre as pedras. Eu só pude ouvir seu chocalho, que acabou sendo um acelerador para meus passos. Saí voando do local.

Cruzamos o rio, deixamos nossas mochilas na área de camping, e fizemos um ataque de 10 minutos até a cachoeira Palmital. Estávamos com 2 horas de caminhada.

Um arco-íris se formava ao lado da fina cortina da cachoeira.

Voltamos, pegamos nossa mochila e seguimos por mais uma hora, até a cachoeira Capivara. Com o calor aumentando, fizemos uma boa pausa para nos refrescarmos e lancharmos.

A partir deste ponto andamos mais sobre pedras, do que trilha no mato. Muitos trechos beirando o rio e muito pouco sinalizado. Assim fomos até chegar em uma área de acampamento próxima à intersecção entre duas trilhas que levam à Cachoeira da Fumaça, uma trilha por cima e outra por baixo.

Não vimos uma alma viva neste dia, pelo menos alma humana. Não faltaram mosquitos tentando nos jantar.

Nossa comida daria para mais um dia. O que foi uma infelicidade, pois não conseguiríamos conhecer a cachoeira da Fumaça por baixo.

dia 3: toca do Macaco – Capão

Total percorrido
Tempo sem paradas
Subida
Descida
Altitude máxima
Dificuldade
12,2 km
5h30min
811 metros
589 metros
1327 metros
Moderada Pesada

Segue a elevação do dia 3.

Passamos por:

  • Santuário
  • cachoeira da Fumaça por cima

A noite anterior foi terrível. Um rato nos perturbou sem tréguas. Primeiro ficou cutucando nosso lixo. Levantamos e colocamos o lixo em cima de uma árvore.

Demoramos para dormir novamente. Quando pegamos no sono, ouvíamos um barulho de vez em quando. Ao ligar a lanterna, nada víamos. E assim foi, até que em uma dessas “lanternadas” encontramos pequenos furos na barraca, ao lado do Ramon. Xingamos, emendamos a barraca e ficamos deitados.

Quando quase peguei no sono novamente, às 3 horas da madrugada, sinto algo se mexer na minha perna. É isso mesmo!!!! O rato fez um buraco enorme na barraca e estava entrando! Abusado e nojento! Ainda bem que ele foge com a luz da lanterna. Caso contrário quem iria fugir seria eu.

Xingamos a mãe dele infinita vezes, emendamos a barraca e não dormimos mais. Corrigindo, o Ramon não dormiu mais. Confesso que eu ainda consegui dar uma cochilada.

Bela estreia para nossa recém adquirida barraca da China. Ficamos enrolando até o dia amanhecer e às 6 horas começamos a caminhar.

Para nossa sorte o dia estava um pouco nublado e o Sol ficou escondido entre as nuvens. Aliviou um pouco o calor. Mas por outro lado subimos sem parar neste dia. Encaramos, com muita escalaminhada, uma diferença de aproximadamente 600 metros de altitude, na serra do Macaco, até a cachoeira da Fumaça por cima.

No caminho uma refrescada no Santuário, mais uma piscina natural da Chapada Diamantina.

Ao chegar na cachoeira da Fumaça por cima, nos encontramos novamente com humanos. Esta cachoeira é um dos pontos mais visitados da Chapada saindo de Capão.

O volume de água desta cachoeira depende muito da chuva. E como não choveu nos últimos dias (fomos testemunhas disso) quase não tinha água na cachoeira. De qualquer modo a vista é impressionante.

Depois da cachoeira uma descida para chegar ao vale do Capão, em Caeté Açu, onde termina a nossa travessia.

Esse último trecho foi bem tranquilo. Comparado ao resto da travessia, foi uma rodovia sem pedágios para nós.

Dicas

  • Leve repelente.
  • Considere fazer essa travessia em pelo menos 3 dias. Assim conseguirá aproveitar mais os banhos nos rios e cachoeiras, além de conhecer a cachoeira da Fumaça por baixo.
  • GPS ou guia, sempre!
  • Cuidado com os ratos. Pendure sua comida.

Custos

Seguem alguns custos em reais (BRL).

  • Ônibus de Salvador à Lençóis, individual: $BRL 98,00
  • Hospedagem, Airbnb Didi, diária casal, quarto privado: $BRL 64,00
  • Refeição, Lençóis, prato feito, individual: $BRL 15,00

Cotação oficial em 13/05/2018:
$USD 1,00 = $BRL 3,60

Dados sabáticos

1422 km trilhados
134 noites acampando
37 cidades
19 cumes
11 meses
4 países

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3 comentários em “LENÇÓIS A CAPÃO – travessia de 3 dias na Chapada Diamantina”

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