Entre junho e julho de 2021 percorremos os 200 km pelos Caminhos de Caravaggio no Rio Grande do Sul. Foram 10 dias conhecendo um pouco mais da agricultura da região Sul de nosso país, passando por uma das cidades turísticas mais famosas do Brasil: Gramado.
O guia completo sobre o nosso Caminho de Caravaggio, você encontra em: “CAMINHOS DE CARAVAGGIO – guia dos 200 km na serra gaúcha”.
Este post tem como objetivo relatar o dia a dia de nosso percurso com um pouco mais de detalhes. Você também pode assistir nossa caminhada em nosso canal do YouTube:
Abaixo segue mapa dos Caminhos de Caravaggio. Inclui no mapa várias hospedagens para te ajudar em seu planejamento.
Fizemos a caminhada em 10 dias como segue:
- Dia 1 | 15 km: Santuário de Caravaggio em Canela → bairro Floresta em Gramado
- Dia 2 | 19 km: bairro Floresta em Gramado → Linha Furna em Gramado
- Dia 3 | 22 km: Linha Furna em Gramado → Vila Oliva em Caxias do Sul
- Dia 4 | 15 km: Vila Oliva em Caxias do Sul → Santa Lúcia do Piaí em Caxias do Sul
- Dia 5 | 25 km: Santa Lúcia do Piaí em Caxias do Sul → Linha Brasil em Nova Petrópolis
- Dia 6 | 20 km: Linha Brasil em Nova Petrópolis → Piá em Nova Petrópolis
- Dia 7 | 22 km: Piá em Nova Petrópolis → Vila Cristina em Caxias do Sul
- Dia 8 | 18 km: Vila Cristina em Caxias do Sul → Linha Boêmios em Farroupilha
- Dia 9 | 16 km: Linha Boêmios em Farroupilha → São Roque em Farroupilha
- Dia 10 | 23 km: São Roque em Farroupilha → Santuário de Caravaggio em Farroupilha
Dia 1: Santuário de Caravaggio em Canela (km 0) → bairro Floresta de Gramado (km 15)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
15 km 3h30min 145 metros 180 metros 850 metros |
Chegamos em Canela no dia anterior, e nos hospedamos na pousada Folhos de Outono, que fica bem perto da famosa Catedral de Pedra.
Acordamos cedo, e às 7 horas pedimos um Uber para nos levar até o Santuário de Caravaggio, que estava a uns 7 km da pousada. O Uber demorou um pouco, mas deu tudo certo. Achei a corrida um pouco cara, ficou em R$ 25. Outra opção seria ir de ônibus por R$ 4,50.

Em 2021, o Santuário de Caravaggio em Canela ainda estava em construção. Como era muito cedo, as instalações dos arredores estavam todas fechadas.
Uma vez no início do caminho, começamos a caminhada. Foi um dia extremamente urbano, caminhando ao lado da estrada RS235, que liga Gramado e Canela.

Ao chegarmos no centrinho de Canela, paramos novamente na Pousada Folhas de Outono para tomarmos o nosso café da manhã, e pegarmos nossas mochilas.
Aliás, estávamos com nossas mochilas de montanha, pois pretendíamos acampar nos cânions gaúchos e catarinenses depois do Caminho de Caravaggio. Então estávamos carregando vários itens desnecessários, como isolante, saco de dormir, barraca, panela, fogareiro… Na minha opinião, o ideal para esta caminhada seria uma mochila mais leve, de apenas 30 litros.

Voltando ao caminho… Depois de nosso café da manhã na pousada, passamos pela belíssima Catedral de Pedra, caminhamos mais um pouco pela cidade de Canela, e seguimos pela estrada em direção à Gramado.
O caminho estava super bem sinalizado com setas amarelas e azuis. As setas amarelas vão sentido Farroupilha. E as setas azuis, sentido Canela.

Em Gramado, tivemos alguns pequenos metros de trilha, uma raridade durante todos os 200 km do caminho. Especialmente neste dia, ficamos mais de 90% do tempo no asfalto. Foi o dia mais chatinho de caminhar.
Predominou um dia nublado, com poucos momentos de Sol e muita neblina.

Optamos por percorrer somente 15 km neste dia, pois queríamos passar uma noite na cidade de Gramado, o ponto mais alto e badalado do caminho.
Ficamos na Alameda Felice Hotel, hospedagem próxima do final do trecho 1. Pousada novinha, excelentes instalações, limpinha, e com uma simpática dona. O único desafio foi conseguir regular a temperatura do chuveiro, ora fervendo de arrancar a pele, ora frio congelante. Pagamos na época, junho de 2021, a diária de R$ 156 para quarto duplo com café da manhã.
Depois de conseguirmos vencer o chuveiro da pousada, fomos até o centro de Gramado a pé (claro!). Conhecemos a igreja de São Pedro, e curtimos a imensa oferta de restaurantes.
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Dia 2: bairro Floresta Gramado (km 15) → Linha Furna Gramado (km 34)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
19 km 4h40min 440 metros 600 metros 830 metros |
Saímos da Alameda Felice Hotel em Gramado por volta das 10h40min. Sem pressa fomos nos afastando do maior centro urbano dos Caminhos de Caravaggio, e adentrando a zona rural de Gramado.

Caminhamos boa parte do dia ao lado do asfalto, com um fluxo de carros bem menor que o dia anterior. Percorremos a rota turística da Linha Bonita, passando por uma casa centenária, moinho Colonial Cavichion, museu Fiorenze, igrejas, e pelo café colonial Caffé Della Dona, o único lugar que paramos que neste dia. No café aproveitamos para tomar um chá e saborearmos um apfelstrudel, um doce de massa folhada típico da região.
plantação de milho
Vimos alguns milharais, ovelhas e gados. Uma e outra ave apareciam raramente. O destaque foi para uma Bandurria que deu seu ar da graça.
Era época de mexericas e laranjas, e os pomares estavam cheios. Aproveitamos para comer algumas no caminho. Estavam bem docinhas.😋. E a partir de hoje elas iriam nos acompanhar por quase todo o caminho.

A araucária e o sobe-e-desce também seriam nossos companheiros nos demais dias, e nos lembrariam onde estávamos: na Serra Gaúcha.
No finalzinho do dia a rua asfaltada dá lugar à terra, e após 19 km, havia duas hospedagens para escolhermos: Pousada Colina de Pedra ou Estalagem Reserva da Colina.

Às 16h30min estávamos na linha Furnas de Gramado, e nós optamos em nos hospedarmos na bela e confortável Pousada Colina de Pedra, onde oficialmente termina o trecho 2 dos Caminhos de Caravaggio.
Na Pousada Colina de Pedra, nos hospedamos em um quarto bem aconchegante, amplo, limpo e com ótimas instalações. Uma linda vista da montanha nos presenteava da janela. Para jantar, a pousada oferece um prato de comida congelada, que saciou nossa fome. Mas confesso que comeria um pouco mais.
Em junho de 2021, pagamos a diária de uma suíte de casal por R$ 130 com café da manhã. Também há opções de chalé, porém mais caros.
Outras duas caminhantes dormiram por lá naquela noite, mas nem a vimos, chegaram depois de nós e foram embora bem cedinho.
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Dia 3: Linha Furna em Gramado (km 34) → Vila Oliva em Caxias do Sul (km 56)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
22 km 5h30min 750 metros 690 metros 790 metros |
Tomamos um bom café da manhã na Pousada Colina de Pedra, e partimos por volta das 10 horas.
Passamos por um jardim repleto de hortênsias secas. Infelizmente não estávamos na melhor época do ano, que é no verão, para apreciar essas flores.

O dia amanheceu nublado e assim permaneceu. O grande problema foi a chuva. Às 10h30min começou um chuvisco tímido. Assim que as primeiras gotas caíram, vesti minha jaqueta impermeável e coloquei a proteção da mochila. Mas logo a torneira de São Pedro abriu, despejando muita chuva em nossas cabeças. Nem deu tempo de colocar a calça impermeável, e em um segundo minhas pernas ficaram todas molhadas. A jaqueta “impermeável” aguentou umas 2 horas, e então começou a passar água para meu corpo. Estava bem frio para ficarmos molhados.
dia chuvoso
A primeira parte do dia foi de um pouco de descida. Passamos por duas pontes, vimos penhascos, e igreja no caminho.

Na segunda ponte, passamos pelo rio Caí pela primeira vez no caminho. Ao cruzarmos o rio deixamos Gramado para trás e entramos no munícipio de Caxias de Sul.
Para nosso alívio havia um lugar coberto logo após a ponte, onde eu pude trocar minha roupa molhada por uma seca. Depois da ponte tivemos uma boa subida.

Infelizmente vimos pés de mexerica somente no começo do dia, quando não tínhamos fome. Também não vimos nenhum café ou restaurante. E para piorar não levamos nenhum lanche para comermos no caminho. Aí já viu… a fome apertou neste dia. Foi um grande erro não termos garantido um lanchinho na Pousada Colina de Pedra.
No final do dia, para nosso alívio, a chuva passou. Passamos pelos Arroios Tigrinho e Majolo, e seguimos para a Vila Oliva.

Depois de 22 km em rua de terra, chegamos na Vila Oliva, em Caxias do Sul, onde encontramos restaurantes e mercado. Imediatamente compramos um biscoito caseiro para tapear a fome. Eram quase 17 horas e não comemos nada após o café da manhã.
No finalzinho da vila, encontramos a Pousada Familiar da Dona Solange, que nada mais é que a casa da Dona Solange, onde ela disponibiliza um dormitório com beliches, e um banheiro para os caminhantes. Só havíamos nós naquele dia. As caminhantes que estavam na Colina de Pedra foram direto para a próxima hospedagem, 16 km para frente. Que disposição…
A Dona Solange e seu marido nos receberam com pinhões e vinho. Logo depois foi servido um jantar caseiro. Em sua casa também funciona um restaurante. Tudo bem simples e essencial para os caminhantes. Em junho de 2021, pagamos cada um R$ 125 com direito ao jantar, café da manhã, e uma super lavagem de roupa.
Na hospedagem da Dona Solange termina oficialmente o trecho 3 dos Caminhos de Caravaggio.
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Dia 4: Vila Oliva em Caxias do Sul (km 56) → Santa Lúcia do Piaí em Caxias do Sul (km 71)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
15 km 4h10min 510 metros 470 metros 830 metros |
Tomamos nosso café da manhã na pousada, e fizemos um lanchinho para levarmos no caminho. Não queríamos passar fome novamente. Pagamos a Dona Solange, que só aceita dinheiro, e saímos às 10 horas da Vila Oliva. O dia estava ensolarado e gostoso.
O caminho até Santa Lúcia do Piaí, nosso próximo destino, estava em obras. O caminho de terra que liga as duas vilas, estava sendo asfaltado. Passamos por um trecho de lama, e o resto do dia caminhamos no asfalto.

Segundo o dono da pousada na Vila Oliva, em um futuro não muito distante haverá um aeroporto internacional nas redondezas. Naquela sexta-feira havia poucos veículos circulando na estradinha, mas com um aeroporto, provavelmente o fluxo irá aumentar, tornando o caminho desagradável. Mas isso deixamos para o futuro…
capela de Nossa Senhora de Caravaggio
Pouco depois de 1 hora de caminhada paramos em frente a uma igrejinha de Nossa Senhora de Caravaggio. Os bancos e mesas de alvenaria em frente da capela foram irresistíveis.
Passamos por pomares de maçã sem maçã, milharais secos, parreiras sem uvas, e plantações de tomate. Este foi um raro dia sem bergamotas, ou mexericas, se preferir.
Quando faltavam 4 km para chegarmos a Santa Lúcia de Piaí, passamos pela Igreja de Santo Isidoro, onde há uma bifurcação para a esquerda. Para quem não quiser ir até Santa Lúcia de Piaí, é possível virar nesta bifurcação, e continuar pelo próximo trecho dos Caminhos de Caravaggio.
Nós seguimos para Santa Lúcia. E no último pedaço do dia, o caminho dá uma boa inclinada, e começa um sobe-e-desce até a vila.

Após 15 km de caminhada, às 14h10min chegamos na Santa Lúcia do Piaí, mais uma vila aconchegante e sossegada do município de Caxias do Sul. Nesta localidade a hospedagem indicada pelo Guia do Peregrino é no Seminário Nossa Senhora da Divina Providência, onde oficialmente termina o trecho 4 dos Caminhos de Caravaggio.
Conferimos a previsão do tempo, e vimos que uma frente fria iria chegar no dia seguinte. Teríamos 3 dias de chuva. Então decidimos fazer uma pausa no Caminho para aguardarmos o clima melhorar.
Quando chegamos na Santa Lúcia de Piaí fomos conferir se havia ônibus para o centro de Caxias de Sul. Mas infelizmente o ônibus já havia saído ao meio-dia, e o próximo viria somente na 2a feira. Era sexta-feira e não queríamos ficar o final de semana por lá, na chuva. Perguntando para os moradores encontramos um motorista tipo Uber. Fora do aplicativo, ele nos cobrou R$ 120 para nos levar até Caxias do Sul.
No caminho liguei para o Seminário avisando que não iríamos naquele dia. Tínhamos agendado previamente com os padres nossa hospedagem no seminário. Aliás… é bom agendar antes as hospedagens. Basta encontrar um grupo grande de peregrinos para lotar as hospedagens.
No final, o tempo chuvoso foi até bom. O Ramon estava com uma bolha enorme no seu calcanhar esquerdo, e precisava se recuperar.
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Dias de descanso: Caxias do Sul
Devido à chuva, ao final de semana sem ônibus, e à bolha no calcanhar de Ramon, ficamos dois dias em Caxias do Sul.
Após dois dias de descanso, voltamos para Santa Lúcia do Piaí de transporte público. Pegamos um ônibus às 17 horas na rodoviária de Caxias do Sul. A passagem foi de apenas R$ 20 cada um. Durante o caminho, o ônibus quase lotou. Depois de 2 horas chegamos em Santa Lúcia de Piaí.
Já era noite e estava muito muito frio. E ainda tivemos que caminhar 1 km até o Seminário Nossa Senhora da Divina Providência. O seminário fica no alto de uma colina. A área externa é enorme, muito bonito e bem cuidado. O amplo casarão é muito bem conservado, com quartos espaçosos, comida boa, e padres atenciosos. Sem dúvidas, é uma parada obrigatória para quem está nos Caminhos de Caravaggio.
Na diária de R$100 por pessoa estava incluso jantar e café da manhã. Valeu muito a pena se hospedar por lá. O jantar foi sopa e strogonoff. O chuveiro era bem quentinho com bom volume de água. Tudo muito bom.
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Dia 5: Santa Lúcia do Piaí em Caxias do Sul (km 71) → Linha Brasil em Nova Petrópolis (km 96)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
25 km 6h10min 760 metros 970 metros 800 metros |
Depois de uma noite bem fria no Seminário de Santa Lúcia de Piaí, tomamos café da manhã, fizemos um lanche para o caminho, e às 8h30min partimos. Uma frente fria havia chegado, e tivemos um dos dias mais frios do ano. Chegou a nevar em alguns lugares do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, inclusive em Gramado. Nós presenciamos a queda de uma chuva congelada. Para deixar este dia mais frio, o Sol decidiu não aparecer. As nuvens reinavam no céu.

Paramos para tirar uma foto da igreja da Paróquia Santa Lúcia, que fica na praça do distrito, e caminhamos novamente pelo mesmo caminho do dia anterior. Os trechos 4 e 5 se coincidem até a capela Santo Izidoro, onde viramos em direção à Nova Petrópolis.
Caminhamos quase todo o dia em uma estrada de terra e rípio.

Vimos vinhedos sem uvas, hortênsias secas, plantação de tomate (acho) e fartos pés de laranja e mexericas.
Passamos pelas centenárias igrejas de São Paulo de 1925, e Maximiliamo de 1914.

E apreciamos algumas boas paisagens no caminho.

Podemos dividir o dia em duas partes. A primeira parte foi de descida até o rio Caí, onde atravessamos uma ponte bem baixa em um rio bem cheio. Havia chovido muito dois dias atrás. Nos falaram que no dia da chuva era impossível atravessar aquela ponte a pé ou em carros baixos.
A segunda parte foi de subida após o rio Caí, quando já estávamos caminhando no munícipio de Nova Petrópolis. Fomos subindo, passamos pela igreja de Nossa Senhora de Pedancino até encontrarmos a rodovia RS235, onde caminhamos em seu acostamento por uns 2 km.

Ainda na rodovia, e um pouco antes de chegarmos na Hospedaria Bom Pastor, passamos por um mercado e pela loja de fábrica de alfajor Mukli. Aproveitamos para comprar alguns alfajores, e nos aquecermos com um bom café. Tudo delicioso.
Às 15h40min, após 25 km chegamos na Hospedaria Bom Pastor, onde termina oficialmente o trecho 5 dos Caminhos de Caravaggio. A hospedagem fica dentro de um complexo escolar, e foi ótima para nós. Havia cozinha, lavanderia (com máquina e sabão disponíveis), e sala de estar compartilhadas. Como só havia nós dois, tínhamos uma casa só para nós. Achei o lugar bem bonito.
Para saciar nossa fome, compramos em um mercado próximo, macarrão, atum e queijo, e preparamos a comida na cozinha. A diária na Hospedaria Bom Pastor custou R$ 70 por pessoa com café da manhã incluído. A típica hospedagem BBB: Boa, Bonita e Barata. Durante todo o nosso Caminho de Caravaggio, foi a segunda vez que lavamos nossas roupas em uma máquina. A primeira vez foi na Pousada da Dona Solange. Uma benção…
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Dia 6: Linha Brasil em Nova Petrópolis (km 96) → bairro Piá em Nova Petrópolis (km 116)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
20 km 5 horas 420 metros 410 metros 780 metros |
Às 7h30min tomamos um bom café da manhã na cantina da Escola Bom Pastor, logo depois dos alunos. Fizemos um lanche para o caminho, terminamos de arrumar nossas coisas, e às 9h30min partimos. Estávamos na metade dos Caminhos de Caravaggio.
Continuamos na estrada RS235, onde caminhamos 2 km pelo acostamento. Saímos da rodovia e seguimos por mais 4 km na estrada Nove Colônias, uma rua asfaltada mais tranquila.

O dia começou bem úmido com uma forte névoa. A névoa se dissipou um pouco com o evoluir do dia, mas a umidade continuou persistindo. Estava tão frio que não tivemos coragem de comer uma mexerica fresca neste dia. Me faltou coragem para tirar minhas luvas.

Saímos do asfalto e seguimos em uma rua de terra por quase uns 7 km, quando o asfalto retornou novamente. A sinalização, como todos os dias, estava bem presente.

Mais uma vez cruzamos a rodovia RS 235, quando passamos pela bela e florida Praça Theodor Amstad. Em frente estava a igreja Linha Imperial.

Estávamos loucos para entrarmos em um café e tomarmos algo quente, mas não encontramos nada. A única lanchonete que encontramos não vendia café, nem chá.
Caminhamos mais uns 2,5 km pela rua Antonio Schoeller, e novamente encontramos a rodovia, onde uma placa de Nova Petrópolis dava boas vindas à todos. E lá encontramos, enfim, uma cafeteria. Tomamos um chocolate quente super cremoso para aquecer a alma e o corpo.

Estávamos próximos do centro de Nova Petrópolis, e havia várias hospedagens por lá. Mas optamos seguir para o final do trecho 6 dos Caminhos de Caravaggio, para a Pousada da Chácara. Depois, vendo algumas fotos de Nova Petrópolis, me arrependi de não ter ido até a cidade para conhecê-la. Ficará para uma próxima oportunidade.
Passamos por uma fábrica de laticínios, e seguimos para a pousada que agendamos. Às 15h30min, após 20 km de caminhada chegávamos na Pousada da Chácara, localizada a uns 3 km da estrada RS235. Na época, a diária mais barata para o casal na pousada, era um apartamento de R$ 220, com café da manhã incluso. Apesar de ter ar condicionado, a temperatura do quarto continuou bem fria. O meu banho foi bem quentinho, mas o Ramon não teve tanta sorte. Em um dos dias mais frios do ano, ele teve um banho morno.
Para o jantar, pedimos uma pizza grande por telefone. Dos doze pedaços, comemos dez, e deixamos os outros dois pedaços como lanche de trilha para o dia seguinte.
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Dia 7: bairro Piá em Nova Petrópolis (km 116) → Vila Cristina em Caxias do Sul (km 138)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
22 km 5h30min 230 metros 680 metros 610 metros |
Éramos somente nós dois na Pousada da Chácara, e o café da manhã era só nosso. Tomamos café às 8 horas, pegamos duas bananas para comermos no caminho, e começamos a caminhar por volta das 9h20min. O dia estava ensolarado, e uns 10°C mais quente que os dois últimos dias.

Foi nosso segundo dia sem subidas. O primeiro dia foi no trecho entre Canela e Gramado. Seguimos pela rua de terra ao lado de linhas de transmissão de energia, com belíssimas paisagens do vale do rio Caí.

No caminho saboreamos algumas mexericas. Foi o dia, até o momento, que mais comemos mexerica. Também vimos bananeiras, e um e outro milharal.

Foram 4 km iniciais quase planos, quando começou uma boa descida. Depois foram uns 5 km morro abaixo até encontrarmos o rio Caí, na Linha Pirajá, um bairro rural de Nova Petrópolis.

Vimos algumas hortas e outras plantações que não faço ideia do que seja. Até aqui neste dia, o caminho foi praticamente em ruas de terra.
Seguimos pela estrada São José do Caí, margeando o rio Caí. Do outro lado do rio estava a cidade de Caxias do Sul. Logo depois encontramos a BR 116.

Caminhamos uns 3 km pelo acostamento da BR 116, e cruzamos a fronteira dos munícipios de Nova Petrópolis e Caxias de Sul. Passamos por mais uma ponte sobre o rio Caí, desta vez ao lado dos carros. Achei bem perigoso, pois quase não havia acostamento. Foi a terceira e última ponte sobre o rio Caí que cruzamos durante todo o Caminho de Caravaggio.

A BR 116 nos levou até a Vila Cristina, um distrito do município de Caxias do Sul. Na Vila Cristina, o Guia oficial do Peregrino nos deu duas opções de hospedagem: ir até o final do 7º trecho no Hotel Fazenda Vale Real, ou desviar um pouco do caminho e se hospedar na Famíglia Pezzi. Não ficamos em nenhuma das duas opções. Fizemos um pequeno desvio para a Pousada Villani, uma hospedagem que encontramos no Google Maps, e que fica bem perto do centrinho da Vila Cristina.

Chegamos na Pousada Villani às 15h20min, após 22 km de caminhada. Ela é bem simples, e fica na casa dos proprietários. Ficamos em um humilde e antigo apartamento, faltando uma pintura, e com um cano saindo da parede do quarto, Mas estava bem limpo. Pagamos o preço de R$ 120 a diária, com cozinha (com geladeira e sem fogão), quarto e banheiro.
Para jantar fomos até a Casa Fagundes, que ficava uns 600 metros da pousada. Comemos pastel, lanche e tomamos café. Tudo bem gostoso em um ambiente requintado.

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Dia 8: Vila Cristina em Caxias do Sul (km 138) → Linha Boêmios em Farroupilha (km 155)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
18 km 5 horas 440 metros 250 metros 310 metros |
Por R$ 10 cada um, a Viviane da Pousada Villani preparou um café da manhã simples e suficiente. Tomamos o café da manhã na cozinha de nosso apartamento, e começamos a caminhar às 9h15min.
Caminhamos 1,5 km pela rodovia estadual RS 452. Achei bem perigoso o trecho na ponte do rio Bello, quase não havia acostamento. Para nosso alívio, logo pegamos uma saída à esquerda, e saímos da estrada.

Caminhamos por 2,5 km por uma rua paralela à estrada, ao lado do rio Caí. Comemos a primeira mexerica do dia, passamos pelo Hotel Fazenda Real, onde termina oficialmente o 7º trecho dos Caminhos de Caravaggio. Na mesma rua passamos por mais uma igreja: a Igreja São Rafael.

Voltamos a caminhar mais uns 2,5 km pela estrada asfaltada, e então nos despedimos de vez das águas do rio Caí, que tanto nos acompanhou durante esta jornada.
Saímos do asfalto, e começamos a acompanhar o arroio de Ouro pela estradinha de terra Frederico Thomas.
Estávamos no Vale do rio Caí, e nesta região vimos muitas plantações de verduras. Achei bem interessante. Adorei caminhar por lá.

Quase a metade do caminho deste dia foi no plano, e a outra metade foi em um sobe-e-desce, com muito mais sobe que desce. Acho que metade da descida do dia anterior, seria transformada em subida neste dia. Durante o início da subida passamos brevemente pelo município de Vale Real e vimos vinhedos sem uva. O plantio da uva se dá no verão.

Antes da empinada final, paramos na Igreja São Pedro para comermos um pacote de fandangos que compramos no dia anterior na Casa Fagundes.

Passamos uma ponte sobre o arroio de Ouro, continuamos subindo e chegamos no limite de Farroupilha, o último munícipio de nosso Caminho de Caravaggio. Sinal que estávamos quase terminando.

Passamos por muitos pomares de citros (laranja, mexerica e limão), lindas plantações de pêssegos florados, parreiras sem uvas, e fizemos a subida final até a cruz da capela de Caravaggeto, onde termina oficialmente o 8º trecho dos Caminhos de Caravaggio.

Ao lado da cruz há uma placa gigante do Hotel Di Capri em Farroupilha. Este hotel faz o translado ida-e-volta para os peregrinos. Nós planejamos ficar na Casa Canjerana.
Depois da cruz, saindo do caminho à esquerda, está a Capela de Caravaggeto, e depois da Capela estava a casa da mãe e irmãos da Suzana, dona da Casa Canjerana. Como naquele lugar não havia sinal de celular, pedimos para eles entrarem em contato com a Casa Canjerana. Eram por volta das 14h20min. Felipe, o filho de Suzana, foi nos buscar de carro.

A Casa Canjerana fica a 4 km da cruz, morro acima. A casa é bem charmosa, ampla e bem cuidada. Como éramos somente nós naquele dia, tivemos a casa toda para nós, por R$ 110 cada um, incluindo lanche da tarde e café da manhã. A janela do quarto tinha uma linda vista da serra gaúcha.
Como a casa era centenária, os banheiros ficavam no lado de fora. Também havia uma vitrola, onde aproveitamos para ouvir um disco do Ira!. Os mais jovens provavelmente não conhecem essa banda…

Acabamos não jantando pois tínhamos comido muito lanche da tarde, e não tínhamos fome. Mas se quiséssemos, a Suzana iria preparar uma janta para nós, por R$20 cada um.
Foi uma ótima hospedagem para finalizarmos o dia que mais gostei dos Caminhos de Caravaggio.
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Dia 9: Linha Boêmios em Farroupilha (km 155) → São Roque em Farroupilha (km 171)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
16 km 4 horas 560 metros 200 metros 640 metros |
Acordamos por volta das 7h30min bem preguiçosos. Preparamos nosso café da manhã com os alimentos deixados por Suzana no dia anterior, e separamos um lanche para comermos no caminho. Às 10 horas a Suzana passou para nos levar de volta à cruz. No caminho ela nos mostrou uma gruta construída em homenagem à Nossa Senhora de Lurdes.
Voltamos para a cruz de Caravaggeto, e percebemos que na frente havia uma Associação que fornecia água potável e Wifi aberto. Uma ótima iniciativa!
O penúltimo dia do caminho foi de subida na rua de terra. Nos 12 primeiros quilômetros a subida foi bem suave, mas no último trecho ficou bem acentuada.
Logo cedo passamos por gigantes torres de transmissão.

A paisagem no caminho estava bem bonita, vista para as montanhas, com muitos pomares lotados de citros. Lindo de ver aquelas bolas cor de laranja se destacando no meio de tanto verde. Neste dia lembramos que estávamos carregando uma faca, e decidimos experimentar uma laranja. Estava super doce e deliciosa.

Também havia muitas parreiras aguardando a época da uva chegar. Havia um e outro cacho querendo nascer fora de época. Fico imaginando como deve ser bonita a paisagem durante a colheita de uva.

No dia anterior a Suzana nos explicou que muitas parreiras são sustentadas por árvores conhecidas como plátanos. Parecem esculturas da natureza.

Além das parreiras, também vimos algumas plantações de morango.

Passamos pelo Arroio de Ouro, e tivemos a subida final ao nosso destino do dia.

Às 15h20min, após 16 km, encontramos o asfalto e entramos no povoado de São Roque. Passamos por uma vinícola grande, uma igreja, e então chegamos na Vinícola Colombo, onde termina oficialmente 9º trecho dos Caminhos de Caravaggio.

O Sr. Augusto, proprietário da vinícola nos aguardava. Com uma autêntica simpatia, ele nos mostrou sua vinícola, e nos hospedou na casa que um dia foi de seus avós. A casa foi recém-reformada por ele e estava impecável. Foi a hospedagem mais cara do caminho, R$310 para nós dois. Por pessoa foram R$ 130 de hospedagem mais R$ 25 de comida. Mas valeu a experiência. A charmosa casa era só nossa. Ampla e aconchegante. Na cozinha, havia alimentos para o jantar (macarrão) e café da manhã.
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Dia 10: São Roque em Farroupilha (km 171) → Santuário de Caravaggio em Farroupilha (km 194)
distância tempo em movimento subida acumulada descida acumulada altitude máxima |
23 km 5h30min 550 metros 490 metros 750 metros |
Acordamos, tomamos nosso café da manhã, e fizemos nosso lanche para comermos no caminho. O Sr Augusto apareceu, e nos despedimos. Começamos a caminhar às 9h30min, na rua asfaltada de São Roque, que é a estrada Municipal 299.

Alguns carros passaram por nós. Vimos vários cactos, e alguns caquis sobreviventes da última colheita.

Passamos por uma grande vinícola, a casa Perini. E pela Igreja Nossa Senhora Salete, com algumas bonitas casas ao lado.

Depois de 6 km de curvas no asfalto, viramos à esquerda, caminhamos em uma rua de terra e rípio, e em um pequeno pedaço de trilha com um pouco de lama. Trilha foi uma raridade nos Caminhos de Caravaggio.

Fomos seguindo por uma rua de rípio, passamos por uma banca de frutas, e nos aproximamos da área urbana de Farroupilha. Beliscamos a ponta leste da cidade e encontramos muito lixo. Uma comunidade bem pobre morava nas proximidades. Não sei o que acontece naquela região, pois visivelmente o lixeiro não passava por lá a algum tempo.

Depois desta comunidade chegamos na Rota do Sol, em uma rodovia estadual. Seguimos pelo acostamento por 3 km, e tivemos que atravessar a rodovia para continuarmos no Caminho. Achei bem perigosa a travessia da estrada.

Atravessamos a rodovia, e seguimos por uma rua de terra por 5 km de sobe-e-desce. Algumas bikes e motos passaram por nós, inclusive vimos uma pista de motocross. Observamos hortas de alface, plantações de morango, torres de transmissão, uma fábrica de cerâmica (acho) e um riacho.

Viramos à esquerda na estrada Luiz Victório Galafassi, e começamos a descer até o Arroio Biazus, onde encontramos o restaurante Roman, que oferece rodízio de carne. Aproveitei para ir ao banheiro, e seguimos pela última subida do caminho. Foram aproximadamente mais 2 km. A subida não foi tão forte como imaginava.

Após 23 km de caminhada neste dia e 194 km acumulados chegamos no Santuário de Caravaggio de Farroupilha. Sua cúpula reinava no céu. Eram 15h20min de um domingo. Muitos carros e pessoas circulavam por lá.

Deixamos para ver o Santuário depois. Entramos no Hotel Bem Te Vi, onde tínhamos uma reserva. Tomamos banho, compramos queijo, e quase no pôr do Sol, fomos caminhar pela bela praça do Santuário.
O lugar é muito agradável. Além do Santuário, há a torre do Sino, uma igreja menor, uma capela para velas, um mirante e um gramado com bancos posicionados para o Pôr do Sol.

Aliás, nos contaram que antigamente todo o peregrino poderia tocar o sino da torre ao final de seu caminho. Mas parece que esta prática não está mais sendo realizada. Uma pena, até que seria legal tocar o sino.

Com sino ou sem sino, não tenho dúvidas: foi muito bom terminar os Caminhos de Caravaggio neste lindo lugar.

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Mais uma vez sensacional, mesmo me considerando “informado” sobre trilhas no Brasil, nunca imaginei que tivesse tantas “trilhas de longa distancia”. Muito legal mesmo!
Agora imagino que o post do Caminhando nos cânions de Aparados da Serra esta mais próximo? rsrsrs
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oi Thiago! Eu acho que irei escrever sobre os Aparados da Serra depois. Pretendemos voltar para esta região este ano (espero que dê certo), e assim terei mais informações. Há muito o que conhecer naqueles lindos cânions… Mas não sei ainda… Vamos ver… Abs!
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Aghh entendi. Bom, quem sabe rsrs 😅
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