Depois de explorarmos o Parque Nacional Lanín pelos trechos 9 ao 15 da Huella Andina, chegamos em San Martín de Los Andes, onde seguimos para nossa próxima exploração pelo parque, seguindo uma rota próxima aos lagos Nonthué, Queñi e Lácar.
O Parque Nacional Lanín foi criado em 1937 na Argentina, protegendo 412 mil hectares de floresta andino-patagônica.
Como chegamos
Em San Martín de Los Andes fomos de ônibus até o guarda-parque de Hua Hum. O ônibus sai do terminal da cidade, às 9h30min e às 18 horas. São 1,5 hora em estrada de terra, na Ruta Provincial 48.
Chegamos em Hua Hum, conversamos com o guarda-parque e seguimos a pé para o camping pago Don Bartolo, o mais próximo de lá.
Resumo do trekking
- País: Argentina
- Cidade próxima: San Martín de Los Andes
- Início: porto Hua Hum, no lago Nonthué
- Fim: Quila Quina, no lago Lácar
- Distância total: 96 km
- Duração: 6 dias
- Subida acumulada: 5199 metros
- Descida acumulada: 4412 metros
- Altitude máxima: 1853 metros
- Mapa da trilha: Wikiloc
- Período do trekking: início de janeiro de 2019
- Dificuldade: Moderada Pesada (obs.: o cume do Cerro Acol impactou muito na dificuldade do trekking)
Roteiro
Fizemos o trekking em 5 noites e 6 dias, como segue:
- Hua Hum – Queñi
- Queñi – cerro Acol – Queñi
- Queñi – Chachin
- Chachin – Ruca Ñire
- Ruca Ñire – lago Escondido
- lago Escondido – Quila Quina
Dia 1: porto Hua Hum – lago e Termas de Queñi
Total percorrido Tempo com carona Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
20,3 km 4 horas 758 metros 566 metros 942 metros Leve Moderada |
Segue a elevação do dia 1.
A caminhada deste dia deveria ser em estrada de terra. Mas com muita sorte, mal caminhamos, e conseguimos duas caronas. Chegamos rapidamente no camping do lago Queñi, onde armamos nossa barraca.
A partir do camping há uma trilha de 4 km que vai até as Termas de Queñi. Trilha muito bem demarcada e tranquila. Era janeiro, altíssima temporada na Patagônia, e o rio termal estava lotado.
As Termas se resumem a um trecho de um rio de águas bem quentes, com uma pequena queda d’água. Na frente da queda, havia um lugar sem pedras e plano, tornando o lugar bem agradável para desfrutar o momento.
Se quiser assistir como foi a trilha, veja em nosso canal do YouTube:
Dia 2: lago Queñi – Cerro Acol – lago Queñi
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
22 km 6h40min 1500 metros 1500 metros 1853 metros Pesada |
Segue a elevação do dia 2.
Foram 5 km em estrada de terra, voltando o que fizemos no dia anterior. Com sorte conseguimos carona até o começo da trilha do Cerro Acol.
A trilha é, em sua maioria, dentro do bosque e em sua totalidade, bem inclinada.
Faltando cerca de 2 km para o cume, chegamos em um mirante, que nos dava uma bela ideia do que seria a vista no topo.
Entramos um pouco na floresta, atravessamos um grande gramado alagado e chegamos na única fonte de água da trilha. Então subimos entre pedras, córrego e lama. Foi um trecho bem chato.
O final foi uma subida entre pedras e um pouco de neve. Aliás, a origem da água do córrego era proveniente do derretimento da neve.
No cume uma bela paisagem, com vista para os imponentes vulcões Lanín, Villarrica, Quetrupilán e Mocho. Abaixo os lagos Quiñe, Nothué e Lácar.
Sensacional. Valeu o esforço.
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Dia 3: lago Queñi – camping Chachin
Total percorrido Tempo com carona Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
14,8 km 3 horas 514 metros 713 metros 910 metros Leve Moderada |
Segue a elevação do dia 3.
Também passamos por:
- lago Nonthué
- cachoeira Chachin
Voltamos pela mesma estrada de terra dos dias anteriores. Caminhamos cerca de 4 km, e com sorte conseguimos carona até o camping Chachin.
Montamos nossa barraca e fomos conhecer a cachoeira Chachin, são somente 2 km do camping à cachoeira, sendo que o último km é uma subida bem inclinada.
Chegamos em um mirante com uma bela vista da cachoeira. Uma queda d’água bem volumosa e alta, caindo em uma piscina natural logo abaixo. Bem impressionante. Vale a pena.
Entre o camping e a cachoeira há uma casa com um mini-mercado, bar e banheiro. Onde paramos para comer um lanche.
Próximo ao camping também há um outro mini-mercado e casas de alguns moradores. Um projeto de banheiro estava em construção. Sem banheiro instalado ainda, a natureza tinha muito trabalho para dar conta dos resíduos deixados naquele sábado, em plena alta temporada. Infelizmente o papel higiênico sujo, dominava o chão de todos os cantinhos e matinhos. O camping estava à beira de um colapso.
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Dia 4: camping Chachin – praia Ruca Ñire
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
12 km 3h50min 575 metros 135 metros 757 metros Moderada |
Segue a elevação do dia 4.
Também passamos por:
- lago Nonthué
- Pucara
- lago Lácar
Saímos de Chachin seguindo a estrada de terra. Estamos na etapa 19 da Huella Andina.
Foram cerca de 5 km até chegarmos em Pucara. Em Pucara há dois locais de acampamento, um em uma belíssima praia no lago Nonthué, e o outro no lago Lácar, onde fica um pequeno porto.
Parecia outro parque, com banheiro provido de privada com água, torneiras, tanquinho para lavar roupas e panelas e um mini-mercado. Se soubéssemos teríamos ficado em Pucara, ao invés do lastimável Chachin.
Encontramos o guarda-parque, que além de simpático, ainda deixa o Wi-Fi aberto para quem quiser usar. Muuitooooo generoso…
Saindo de Pucara passamos por uma casa de um morador local, e seguimos pela trilha até Ruca Ñire. A partir deste ponto, não transitam veículos, e seguimos pela primeira vez sozinhos neste trekking. Foi nosso primeiro dia sem caronas.
A trilha segue margeando o lago Lácar, com um pouco de sobe-e-desce, passando por alguns riachos e praias. Chegamos em Ruca Ñire, onde há uma bela praia e um domo.
Era domingo e foi um vai-e-vém de lanchas até o Sol se pôr, quando enfim tivemos sossego.
Aproveitamos o domo e não amarmos barraca neste dia.
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Dia 5: praia Ruca Ñire – lago Escondido
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
12,7 km 4h50min 880 metros 757 metros 1125 metros Moderada |
Segue a elevação do dia 5.
Também passamos por:
- lago Lácar
A trilha segue em um sobe-e-desce, margeando o lago Lácar, passando em algumas praias e riachos.
Até que, devido à formação rochosa, somos obrigados a nos distanciar do lago e começar uma subida inclinada de aproximadamente 3 km dentro do bosque sem paisagens.
Depois caminhamos cerca de 1 km no quase plano, e enfim, iniciamos a descida até o cruzamento da Huella Andina 18 e a trilha ao lago Escondido.
Decidimos ir até o lago Escondido, mais 2 km com um pouco de subida e encontramos um excelente gramado, bem protegido do vento, a uns 50 metros do lago. E por lá ficamos.
O lago Escondido tem cerca de 5 km de extensão, com uma bonita paisagem e uma pequena praia. Encontramos uma bonita família de patos no local.
Sem mais ninguém para nos fazer companhia, aproveitamos o sossego do local.
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Dia 6: lago Escondido – Quila Quina
Total percorrido Tempo sem paradas Subida Descida Altitude máxima Dificuldade |
14,5 km 3h40min 965 metros 743 metros 973 metros Moderada |
Segue a elevação do dia 6.
Também passamos por:
- Puesto Casanova
Antes de sairmos do lago Escondido encontramos uma cabana de troncos de árvores, perto de nossa barraca. Estava bem conservada e tenho um palpite que alguém faz sua manutenção com certa frequência.
O caminho do lago Escondido até Quila Quina é todo por estrada de terra e praticamente somente subida. Infelizmente poucos veículos transitam neste trecho e não conseguimos carona.
Passamos pelo Puesto Casanova, onde há casa de morador e um camping agreste. Neste ponto, a Huella Andina passa da etapa 18 para a 17.
Quila Quina é uma vila onde chegam vários turistas em embarcações lacustres. Também há o acesso veicular por estrada.
Ficamos mais um dia por lá, e acampamos no camping organizado Quila Quina. Até Wi-Fi tinha.
De Quila Quina fomos embora, no dia seguinte, de barco para San Martín de Los Andes, encerrando nossa jornada pelos lagos Nonthué, Queñi, Escondido e Lácar.
Se quiser assistir como foi a trilha, veja em nosso canal do YouTube:
Dicas
- Em Bariloche não encontramos bons câmbios para trocar dinheiro. É melhor trocar em cidades como Villa La Angostura ou San Martín de Los Andes.
- Se não gostar de caminhar em estrada de terra, não hesite em pedir uma carona.
- Não durma em Chachin. O camping em Pucará é perto e bem mais agradável e limpo.
- O camping selvagem mais tranquilo que ficamos foi no lago Escondido.
- É obrigatório o registro para fazer as trilhas no Parque Nacional Lanín, apesar de não percebemos nenhum controle e fiscalização. O registro é fácil e rápido. O primeiro dia pode ser feito online, no site do próprio parque. Para os demais dias, terá que passar nos guarda-parques que encontrar no caminho.
Custos
Seguem alguns custos em pesos argentinos (ARS) e equivalentes em reais (BRL), conforme o câmbio que fizemos.
- Ônibus de San Martín de los Andes ao Puerto Hua Hum, individual: $ARS 242 ($BRL 26)
- Camping Don Bartolo, Hua Hum, diária individual: $ARS 200 ($BRL 21)
- Camping Quila Quina, diária individual: $ARS 380 ($BRL 41)
- Barco de Quila Quina a San Martín de los Andes: $ARS 400 ($BRL 43)
Cotação comercial em 8/1/2019:
$USD 1,00 = $BRL 3,72 = $ARS 37,29
Dados sabáticos
2262 km trilhados 60 cidades 4 países 1 ano e 7 meses |
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Nós, Paula Yamamura e Ramon Quevedo, estamos curtindo uma vida sabática desde 2017, focando no que mais gostamos de fazer: viajar trilhando.
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