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Queríamos nos deslocar para a Patagônia, no Sul do Chile, mas a previsão do tempo não estava favorável. Como tínhamos tempo sobrando, decidimos tentar essa travessia próximo de Santiago, onde não teria chuvas.
Vimos esse trekking no Andes Handbook. O objetivo seria uma travessia que vai de Toyo até Pirque, subindo o cerro San Roque. Mas nossa grande dúvida era se no trajeto teria neve para derreter, já que não haveria outra forma de encontrar água. E final de setembro, corre-se o risco de não ter neve.
Como chegamos
Saímos do centro de Santiago e pegamos o metrô até estação Bellavista de La Florida. Nessa estação há uma interligação com linhas de ônibus. Para chegar no destino é necessário pegar o ônibus MB–72 e depois de 1h40min descer no ponto Puente El Toyo, no camino Al Vulcán, na cidade San José de Maipo.
Saindo do ponto de ônibus, seguimos pela perpendicular, no camino El Toyo e caminhamos até a placa “reserva Coyanco“, onde entramos à esquerda.

Continuamos seguindo por aproximadamente 10 minutos, até uma casa à direita. Pagamos $ 1000,00 por pessoa, e iniciamos a trilha.
Roteiro
No total foram 4 dias acampando, relatados com detalhes abaixo.
dia 1: puente El Toyo – rio
A moça que nos cobrou para passar pela sua a casa, a entrada de $ 1000,00 nos informou que haveria uma cachoeira perto.
Do ponto de ônibus até a cachoeira, que na verdade é um rio, são 45 minutos de caminhada. Como chegamos tarde, acampamos perto do rio mesmo.

Tem um lugar amplo para acampar, mas um pouco sujo. Lixo deixado pelo homem e alguns dejetos de vaca. 💩 A vaca é tolerável. Mas o lixo humano estava desproporcional. O lugar estava cheio de caco de vidro no chão, sacos, até absorvente íntimo tinha. Nheca…
No final de semana deve lotar. Vimos 4 cachorros por lá, abanando o rabo querendo fazer amizade em troca de comida. Eles nem devem sair de lá.

Resumo do dia 1 | |
Total percorrido Tempo Subida acumulada Descida acumulada Altitude máxima Dificuldade |
2,3 km 45 min 123 metros 57 metros 1.084 metros Leve |
dia 2: rio – morro Buitreo
Saindo do acampamento, andamos cerca de 1h15min em estrada de terra, para depois entrar no mato à esquerda sem trilha. Sem GPS não daria para adivinhar.
A ida foram 4h00 de subida. Vimos cavalos e vacas pastando.

Esse dia seria decisivo para sabermos se seguiríamos a travessia. Tudo dependeria da neve.
Estávamos no lado Norte da montanha, onde bate o Sol. Se tivesse neve, ela estaria na face Sul. Então tivemos que subir todo o morro, para averiguar a neve do outro lado do morro. Caso não tivesse neve, teríamos que voltar para o rio.

Como estava ficando tarde, ao nos aproximar do cume do morro, Ramon largou sua mochila para ir mais rápido na subida e verificar a neve. Eu fiquei aguardando e cruzei meus dedos com pensamentos positivos. Não queria voltar. Preguiça só de pensar.
E… não tinha neve… e tivemos que voltar. Como é desanimador voltar ao início. Foram mais 3h30min para voltar. Tinha muita pedrinha solta no chão e para voltar tivemos que acionar nosso lado equilibrista para não cair. Até que eu consegui me equilibrar. Mas o Ramon… Só eu, o vi caindo umas 3 vezes. Em um dos tombos, um bastão dele quebrou.

Pensa no dia para ficar em casa… Não tinha neve, quebrou o bastão do Ramon, rasgou o saco da barraca (ainda bem que a barraca não rasgou), minha calça furou enroscada em algum lugar e para ajudar; quando chegamos no acampamento um cachorro se encostou na porta da barraca e não queria sair de jeito nenhum. Gritamos com ele, empurramos, batemos com a bota, batemos com o bastão, e nada. O cachorro nem se movia, não latia, não rosnava, não abanava o rabo, nada, estátua. E ele era bem grande. No final conseguimos removê-lo com a água gelada do rio. Foi espirrar a água e ele sair ““`”quase” correndo. Parecia um moribundo. Cachorro esquisito.
Ah! E o arroz queimou para encerrar bem o dia.
Resumo do dia 2 | |
Total percorrido Tempo Subida acumulada Descida acumulada Altitude máxima Dificuldade |
11,6 km 7h30min 1.078 metros 1.071 metros 2.`108 metros Pesada |
dias 3 e 4: rio – puente El Toyo
Ficamos muito cansados do dia anterior e até meio-dia não conseguimos sair da barraca. Então ficamos um dia perto do rio, descansando, lendo livro, vendo um filme… Típico dia de ficar em casa.
No outro dia voltamos para Santiago. Fizemos um caminho um pouco diferente do primeiro dia, mas no final deu na mesma. Pegamos o onibus no mesmo ponto.
Resumo do dia 4 | |
Total percorrido Tempo Subida acumulada Descida acumulada Altitude máxima Dificuldade |
2,7 km 50 min 28 metros 60 metros 1.050 metros Leve |
Custos
Custos em pesos chilenos para 2 pessoas.
- Ônibus MB72, total ida e volta: $ 4400,00
- Entrada para a trilha: $ 2000,00
Cotação em 30/09/2017:
US$ 1,00 = R$ 3,16 = $ chilenos 639,50
Resumo travessia
- País: Chile
- Cidades próximas: San José de Maipo (4 km), Santiago (27 km)
- Início: puente del Toyo
- Fim: puente del Toyo
- Distância total: 16,6 km
- Duração: 3 dias
- Pontos de água: somente no rio e neve, se tiver.
- Subida acumulada: 1233 metros
- Descida acumulada: 1188 metros
- Altitude máxima: 2108 metros
- Mapa da trilha: Wikiloc
- Período do trekking: final de setembro de 2017
- Dificuldade: Pesada, desconsiderando os dois dias leves.. Não recomendada para iniciantes e é necessário muito bom condicionamento físico e experiencia em montanhismo.
Dica
- No final de setembro não havia neve. Tente ir em agosto, para ser mais garantida a presença de neve.
Quer mais?
Tem muito mais aqui no blog e em nossas mídias:
Próximo de Santiago há duas outras opções de trekking muito bonitas: Travessia Altas Cumbres, onde se tem uma vista da cidade de Santiago por quase todo o percurso; e parque Yerba Loca, com várias trilhas e ótimo camping estruturado.
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Xôôô urucubaca! E o Ramon tb teve dor de dente aí no Chile, não? Da proxima vez antes de viajar passem na Bahia para se benzer na Igreja do Bonfim e tomar um banho de ervas num terreiro, para garantir!
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Temos que nos benzer mesmo.😆
O Ramon até esqueceu da dor de dente.
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